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SÃO PAULO – Após afirmar que o deputado federal Jair Bolsonaro (PSL) seria um risco à democracia, mais uma vez a revista britânica The Economist fez uma reportagem de capa com tom bastante crítico ao presidenciável brasileiro, líder das pesquisas eleitorais. Ele é apontado como a “mais recente ameaça para a América Latina” e um possível presidente “desastroso” para o Brasil.
“Bolsonaro é o último de uma onda de populistas, que vai de Donald Trump nos EUA, a Rodrigo Duterte nas Filipinas e de uma coalizão de esquerda e direita com Matteo Salvini na Itália. Sua adesão a esse clube é, particularmente, desagradável”, destaca a The Economist.
A publicação fala sobre a necessidade do Brasil fazer reformas e traz uma análise da ascensão de Bolsonaro como presidenciável, apontando que o candidato se tornou opção em um cenário em que as finanças estão deterioradas e a política está “podre”.
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Porém, para a The Economist, Bolsonaro é um populista de direita que pode piorar ainda mais as coisas. “Promete a salvação. Mas, na verdade, ele é uma ameaça para o Brasil e para a América Latina”, diz.
Para a publicação, caso Bolsonaro enfrente Fernando Haddad (PT) no segundo turno, cenário que vem se apontando como o mais provável atualmente, “muitos eleitores da classe média e alta, que culpam Lula e o PT pelos problemas do Brasil, poderiam carregar Bolsonaro nos braços”.
De acordo com a análise da Economist, o presidenciável pelo PSL se aproveitou de um ambiente de desastre econômico e com vários escândalos de corrupção, o que acabou se tornando um terreno fértil para surgir um novos “messias” – aliás, esse é o nome do meio do parlamentar.
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Brazil is in desperate need of reform, but Jair Bolsonaro would make a disastrous president. Our cover this week https://t.co/3IGmJT3Sbw pic.twitter.com/sNAzaXRH3n
— The Economist (@TheEconomist) September 20, 2018
Ela lembra ainda polêmicas de Bolsonaro, caso de momentos como a fala dele sobre Maria do Rosário de que para ele “a deputada não merece ser estuprada por ser feia” e à declaração de que ele preferia um filho morto a um filho gay.
Neste ambiente, o candidato do PSL se apresenta como opção ao misturar conservadorismo nos costumes e liberalismo econômico. A escolha do liberal Paulo Guedes como o seu principal conselheiro econômico, aponta a publicação, foi uma das medidas de Bolsonaro para encantar os defensores do livre mercado.
A Economist lembra que a América Latina já teve uma mistura de governos autoritários com uma economia liberal, caso de Augusto Pinochet no Chile. “A América Latina conhece todos os tipos de homens fortes, a maioria deles terríveis. Para provas recentes, olhe apenas para os desastres na Venezuela e na Nicarágua”, afirma a publicação.
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E complementa: “Bolsonaro pode não ser capaz de converter seu populismo em ditadura ao estilo de Pinochet, mesmo que quisesse. Mas a democracia do Brasil ainda é jovem. Até mesmo um flerte com autoritarismo é preocupante. Todos os presidentes brasileiros precisam de uma coalizão no Congresso para aprovar leis. Bolsonaro tem poucos amigos políticos. Para governar, ele poderia ser levado a degradar ainda mais a política, potencialmente pavimentando o caminho para alguém ainda pior”.
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Assim, a revista caminha para a conclusão dizendo que, ao invés de cair nas promessas vãs de um político perigoso, na esperança de que ele possa resolver todos os seus problemas, os brasileiros devem perceber que a tarefa de curar sua democracia e reformar sua economia não será fácil nem rápida.
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“Algum progresso foi feito – como a proibição de doações de empresas a partidos e o congelamento de gastos federais. Muito mais reformas são necessárias. Bolsonaro não é o homem que as fornece”, conclui a publicação.
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