A despeito de tensões, leitores não apostam em volta da recessão em 2011

Para analistas, eventos externos não terão grande impacto na economia; expectativa é de manutenção do crescimento

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SÃO PAULO – Desastres naturais, confrontos geopolíticos infindáveis e crise fiscal: realmente o mês de março foi emocionante para a economia global. Inúmeros acontecimentos econômicos e políticos mexeram com o mercado, reavivando assim a discussão sobre o fantasma da recessão, que contaminou o cenário para investimentos em 2008.

Após sinais de que a economia mundial estaria entrando em uma fase de recuperação, impulsionada principalmente por um quadro mais favorável nos Estados Unidos, esses eventos vieram como um balde de água fria. Contudo, será que este conjunto de acontecimentos terá o poder de levar a economia de volta à recessão?

Dos 2.655 leitores que responderam “Qual a chance de os eventos internacionais levarem a economia global novamente à recessão”, 16,53% mostraram que a possibilidade é real, mas não acreditam em uma correlão tão perfeita entre os eventos, apostando, portanto, em uma chance de 50%. Ainda de acordo com a avaliação feita pela InfoMoney, 13,63% dos leitores acreditam que essa chance é de 20%, enquanto 13,82% dos usuários acreditam que não há quaisquer chances de que a economia volte à recesão.

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Grande parte do otimismo do mercado vem dos Estados Unidos, que mostram uma tendência um pouco mais robusta do ritmo de crescimento econômico. Após amargar meses e meses com taxas de desemprego elevadíssimas, o país conseguiu espalhar uma onda positiva entre analistas, que se mostraram muito satisfeitos com o Employment Report

Qual a chance de os eventos internacionais 
levarem a economia global novamente à recessão? 
Respostas
Votos
%
0% 367
13,82%
10% 215 8,10%
20% 362 13,63%
30% 253 9,53%
40% 273 10,28%
50% 439 16,53%
60% 167 6,29%
70% 146 5,50%
80% 92 3,47%
90% 70 2,64%
100% 271 10,21%
Total 2.655 100%

Estados Unidos em ritmo de recuperação
Sustentando o otimismo dos leitores, o Bank of America Merrill Lynch afirmou que os dados de emprego dos EUA não devem ser impactados pelo choque de petróleo ou pelos desdobramentos da crise nuclear japonesa, com um possível abalo na produção.

Além disso, de acordo com o economista-chefe da Gradual, André Perfeito, os indícios de que a economia americana está se recuperando bem, conforme a própria Ata do Fomc (Federal Open Market Committee) sinalizou, são um sinal positivo para a economia global, já descartando a ideia de recessão.

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Petróleo preocupa, mas nem tanto
A continuidade dos conflitos no mundo árabe criou um clima de aversão ao risco no mercado e levantou a bandeira da inflação nos EUA e na Zona do Euro, principalmente. Na Líbia, os ataques continuam violentos e o ditador Muammar Gaddhafi, contudo, não dá sinais de que vá abdicar do poder. 

O clima de tensão aumenta principalmente por causa da possibilidade de contágio dos conflitos para outros países da região, sobretudo a Arábia Saudita, que é uma das maiores produtoras e exportadoras globais da commodity. Segundo Perfeito, esse seria o maior risco, já que os eventos na Líbia estão precificados e não devem mais causar tanto alarde.

Embora Mohamed El-Erian, diretor-executivo da Pimco (Pacific Investment Management Company), avalie que no curto prazo a situação política deva revelar um estado de estagflação global, e a equipe da Rosenberg afirme que a permanência das altas cotações pode levar a um redirecionamento da renda do consumidor para a compra de combustíveis, Perfeito acredita que o mundo ainda deve demandar petróleo em quantidade elevada, de modo que a alta dos preços não irá impactar esse cenário.

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Além disso, a MCM afirma que os EUA, um dos maiores consumidores de petróleo, estão menos suscetíveis a esse tipo de choque agora do que no passado, uma vez que a economia americana criou uma espécie de “colchão” protetor a esse tipo de situação.

Por trás do desastre, há uma esperança
Na leitura fria da economia, a catástrofe natural que acometeu o Japão não é totalmente ruim.  “É difícil prever algum impacto sobre o PIB [Produto Interno Bruto] em 2011, mas no fim das contas nós acreditamos que o impacto será positivo por causa da reconstrução” afirma Flemming Jegbjærg Nielsen, analista do Danske Bank que crê que fora do Japão, os reflexos devem ser apenas marginais. 

Compartilhando dessa visão, o economista-chefe da Gradual afirma que esse cenário, apesar de humanamente devastador, pode servir de incentivo para a economia japonesa. “O Japão havia chegado em um ponto estacionário, mas agora há uma demanda muito grande por conta da reconstrução, o que é positivo economicamente”, revela o economista, que também aponta como fato positivo ter o país asiático como demandante líquido do mundo no curto prazo. 

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Para a equipe de analistas de Tóquio do BofA, caso o crescimento japonês seja nulo esse ano, isso representará uma desaceleração de apenas 0,1 ponto percentual no PIB mundial, para 4,2%. Para os EUA, o impacto também é limitado. Mesmo que a diminuição da demanda japonesa afete as exportações norte-americanas, a paralisação dos exportadores japoneses deve fazer com que os EUA levem vantagem na situação.

Alemanha deve sustentar zona do euro
Com estes pontos sob controle, o principal receio fica com a crise fiscal na Zona do Euro. Irlanda e Grécia voltaram à tona, mas a preocupação maior agora se volta para Portugal, economia mais representativa do que as duas primeiras. Depois de não conseguir aprovar um plano de ajuste fiscal no Parlamento, o governo português renunciou, aumentando os temores do mercado sobre um resgate. Como consequência, Moody’s, S&P e Fitch cortaram o rating português. 

Embora a situação inspire cuidados e cause certo ceticismo no mercado, Perfeito explica que o impacto global não deve ser tão expressivo, pois a Alemanha, maior economia da região, está “segurando as pontas”. A economia alemã parece ter sido a menos afetada pela crise e vem se destacando desde então, mantendo ótimos resultados no mercado de trabalho, com um desemprego baixo.

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“O fim da zona do euro é impensável, se não tiver mais jeito a Alemanha pode emprestar dinheiro para os outros países, mas a unidade está garantida”, avalia o economista da Gradual. Vale destacar que essa visão contraria a leitura do mega investidor Warren Buffett.

Adicionalmente, Perfeito explica que os pontos ruins para uns se transformaram em pontos positivos para outros. Com esse cenário fiscal mais desafiador, o euro se enfraqueceu e foi justamente esse fato que impulsionou as exportações alemãs, dando maior dinamismo ao país. 

“Vamos continuar crescendo”
Fazendo um balanço geral, André Perfeito avalia que a situação econômica mundial parou de piorar e mesmo com todas essas questões pendentes, sejam elas econômicas, sociais ou políticas, a economia vai seguir crescendo.  

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