Sergio Massa: quem é o ministro da Economia que ficou em segundo lugar na acirrada eleição presidencial argentina

Peronista de direita, Massa manteve certo distanciamento do kirchnerismo durante a campanha presidencial

Sergio Massa
BUENOS AIRES, ARGENTINA – 12 de novembro: canditado à presidência pelo Union Por La Patria Sergio Massa fala durante debate com Javier Milei (Foto: Luis Robayo – Getty Images)
Nome completo:Sergio Tomás Massa
Data de nascimento:28 de abril de 1972
Local de nascimento:San Martín, rovíncia de Buenos Aires (Argentina)
Formação:Advogado
Cargos políticos:Ministro da Economia (desde agosto/2022), deputado nacional pela província de Buenos Aires (2013 a 2017; 2019 a julho/2022), chefe do gabinete de Cristina Krischner (2008 a 2009), prefeito de Tigre (2007 a 2008; 2009 a 2013)

Mergulhada em mais uma crise econômica, a Argentina elegeu o direitista Javier Milei no segundo turno das eleições presidenciais, em 19 de novembro. O liberal derrotou Sergio Massa, então ministro da Economia e candidato da coligação peronista União pela Pátria.

Considerado como um perfil mais à direita no contexto peronista, o político ficou conhecido nos últimos anos devido às diversas rupturas e reaproximações com o kirchnerismo. Massa chegou a surpreender na virada do primeiro turno, quando conquistou 37% dos votos, abrindo vantagem de 7 pontos percentuais sobre Javier Milei, performance que não conseguiu manter semanas depois. Segundo a autoridade eleitoral oficial argentina, quando a apuração atingiu 93% no domingo, Milei já tinha 56% dos votos, e Massa, 44%.

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Quem é Sergio Massa?

Nascido em 28 de abril de 1972 em San Martín, na província de Buenos Aires, Sergio Tomás Massa é filho dos imigrantes italianos Alfonso Massa, empresário do setor de construção, e Lucy Cherti, dona de casa. Seus pais, vindos da Sicília e do Trieste, chegaram ainda crianças à Argentina, no período logo após a Segunda Guerra Mundial.

Pertencente a uma família de classe média, recebeu educação de orientação católica no Instituto Agostiniano. Seu interesse por política veio cedo: ainda no ensino médio, no final dos anos 1980, começou a militância no partido de direita Unión del Centro Democrático (UCéDé), na época ligado ao peronismo. Terminado o secundário, ingressou na Universidade de Belgrano para estudar direito, curso que interrompeu e que viria a concluir somente em 2013, durante sua campanha eleitoral.

Trajetória política

A carreira política de Massa teve início antes dos 30 anos de idade. No UCéDé, chegou a ser vice-presidente e, posteriormente, presidente em âmbito provincial, na década de 1990. O primeiro cargo público veio aos 27 anos, em 1999, quando foi eleito deputado provincial de Buenos Aires. Anos depois, de 2002 a 2007, dirigiu a Administração Nacional da Previdência Social (ANSES), período que contemplou a presidência da república interina de Eduardo Duhalde e os primeiros anos de seu sucessor, Néstor Kirchner. Ao assumir um dos orçamentos importantes do governo, seu nome ganhou projeção na época.

Em 2007, venceu a disputa pela prefeitura de Tigre, município para o qual havia se mudado logo após o seu casamento com Malena Galmarini, filha de dois dirigentes peronistas. Entre 2008 e 2009, licenciou-se temporariamente da prefeitura para assumir a chefia do gabinete de Cristina Kirchner, então presidente da república.

O apoio a Cristina durou até 2013, quando ele rompeu com a presidente devido a diversas discordâncias políticas, entre elas, a manipulação de dados de inflação na época. Na ocasião, Massa já havia retornado à prefeitura de Tigre, e fundou o partido Frente Renovadora. Em agosto de 2015 venceu as primárias presidenciais e se tornou o candidato da coligação Unidos por Uma Nova Alternativa, porém ficou em terceiro lugar nas eleições daquele ano, atrás de Daniel Scioli e do vencedor Maurício Macri.

Em 2019, reaproximou-se do kirchnerismo, quando a chapa Alberto Fernández e Cristina se elegeu para a presidência e vice-presidência da república. No mesmo ano, Sergio Massa foi eleito deputado federal, tendo presidido a Câmara dos Deputados até julho de 2022.

Em agosto de 2022, com o agravamento do colapso econômico no país, foi convocado por Alberto Fernández para assumir o ministério da Economia em substituição a Silvina Batakis. A desistência de Fernández de concorrer à reeleição abriu espaço para que Massa se lançasse como pré-candidato do principal grupo de peronistas argentino – o União Pela Pátria. Depois de vencer o candidato Juan Grabois, o ministro da Economia assegurou a sua candidatura.

Descolamento do kirchnerismo 

Embora a aliança tenha sido refeita, Massa apareceu poucas vezes ao lado de Cristina durante a campanha presidencial. Inclusive, chegou a declarar em algumas ocasiões que ela não fará parte de sua equipe caso vença as eleições.

Para alguns especialistas, essa habilidade de se distanciar do governo (embora ainda faça parte dele) é uma grande característica do candidato peronista. Outro ponto que pode contar a favor de Massa é o fato de ter estabilizado a situação de curto prazo do país, mesmo que em um patamar de inflação de mais de 142% ao ano e com a população muito mais pobre. 

Por fim, acredita-se que a sua postura mais ortodoxa seja mais confortável aos empresários, o que também pode representar uma vantagem.

Propostas políticas de Massa

Até agora, as propostas de Massa não foram muito detalhadas, mas, pelo fato de ainda ser o ministro da Economia, já se pode ter uma ideia do que planeja fazer caso seja eleito presidente.

Quando assumiu a pasta, prometeu que teria como premissas o “equilíbrio fiscal, superávit comercial, competitividade cambial e instrumentos do Estado para o desenvolvimento com inclusão”. No entanto, o que se viu de lá para cá foram sucessivas falhas, com destaque para o não cumprimento das metas acordadas com o FMI, que incluíam o compromisso de acumular reservas e o atingimento da meta fiscal no primeiro semestre de 2023.

Em um de seus pronunciamentos como candidato à presidência, Massa chegou a pedir desculpas por “coisas que não foram alcançadas”, e propôs um governo de unidade nacional. Nesse sentido, argumenta não ter “medo de compartilhar com aqueles que pensam diferente, pois a Argentina é de todos”.