Nome completo: | Eduardo Figueiredo Cavalheiro Leite |
Data de nascimento: | 10 de março de 1985 |
Local de nascimento: | Pelotas (RS) |
Formação: | Bacharel em Direito pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel) |
Ocupação: | Advogado e político |
Principais cargos na vida pública: | Prefeito de Pelotas (2013-2017) e governador do Rio Grande do Sul (2019-2022) |
Eleições disputadas: | 2004 e 2008 (para a Câmara Municipal de Pelotas); 2010 (para a Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul); 2012 (Prefeitura de Pelotas); 2018 (governo do Rio Grande do Sul) |
Partido: | Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) |
Quem é Eduardo Leite
Não é exagero dizer que estavam depositadas no ex-governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite (PSDB) as maiores esperanças da social-democracia brasileira de se credenciar novamente como real alternativa para o país. Em tempos de intensa polarização político-ideológica, o enfraquecimento de partidos mais ao centro, como o próprio PSDB, foi um obstáculo enfrentado por este jovem político gaúcho, que tentou se cacifar como candidato à Presidência da República já nas eleições de 2022, mas acabou se reelegendo como governador no Rio Grande do Sul.
Filho do advogado José Luiz Cavalheiro Leite e da professora Eliane Cavalheiro, Eduardo Figueiredo Cavalheiro Leite nasceu em Pelotas (RS), em 10 de março de 1985 – dois meses depois o Colégio Eleitoral ter eleito Tancredo Neves presidente do Brasil, encerrando o período de 23 anos de ditadura militar e consolidando o processo de redemocratização do país. No dia 14 de março daquele ano, Tancredo foi internado, e José Sarney assumiu a Presidência. Em 21 de abril, o líder político a quem caberia conduzir o Brasil à plena democracia morreu, e Sarney assumiu definitivamente o comando do Executivo.
Além de nascer em um dos períodos mais conturbados e importantes da história do país, Eduardo Leite já era ilustrado na verve política desde cedo. Seu pai, José Luiz, também conhecido como Marasco, disputou a eleição para a Prefeitura de Pelotas em 1988, pelo PSDB – terminou na última colocação. Caçula de três irmãos, Eduardo era chamado de Dudu pela família e pelos amigos.
Muito por influência do pai, Eduardo se interessou por política desde muito pequeno. Aos 9 anos, durante a eleição presidencial de 1994, visitou algumas vezes, ao lado do pai, o comitê de campanha de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), que seria eleito pela primeira vez para ocupar o Palácio do Planalto.
Durante a juventude, Eduardo Leite estudou no Colégio São José, uma das escolas católicas mais tradicionais do Rio Grande do Sul. Ali foi escolhido diversas vezes representante de turma e chegou a ser presidente do grêmio estudantil.
Depois de concluir o ensino médio, em 2002, Eduardo Leite decidiu seguir o caminho de seu pai e prestou vestibular para o curso de Direito. Foi aprovado na Universidade Federal de Pelotas (UFPel), pela qual se formou em 2007. Em seu trabalho de conclusão de curso, Eduardo pesquisou a improbidade administrativa no direito brasileiro.
Após se tornar bacharel em Direito, Eduardo Leite não exerceu a profissão por não obter registro no Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), conferido aos formados que fossem aprovados no concorrido exame da instituição.
O interesse pela política acabou se sobrepondo à paixão pelo Direito. Eduardo estudou políticas públicas na Columbia University, uma das maiores universidades do mundo, em Nova York. Mais tarde, fez mestrado em gestão pública na Fundação Getulio Vargas (FGV).
Trajetória política de Eduardo Leite
Aos 16 anos, em 2001, Eduardo Leite se filiou ao PSDB, novamente seguindo os passos do pai. Sua primeira disputa eleitoral aconteceu em 2004, aos 19 anos. Candidatou-se a uma cadeira de vereador na Câmara Municipal de sua cidade-natal e obteve 2.937 votos, ficando com a suplência. Mas a política já fazia parte, definitivamente, do seu dia a dia.
Leite foi convidado pelo então prefeito de Pelotas Bernardo de Souza (1983-1987 e 2005-2006) para assumir o comando do Conselho de Assistência Social do município. Ele também trabalhou como secretário interino de Cidadania. Nos anos 1980, o pai de Eduardo havia sido secretário de Bernardo na administração municipal.
Em 2006, Bernardo teve de se afastar da Prefeitura de Pelotas por problemas de saúde. O novo prefeito, Fetter Júnior, nomeou Leite para sua chefia de gabinete. “Todos os problemas da cidade, antes de chegar às mãos dele, passavam pelas minhas mãos. E a minha tarefa era fazer os problemas chegarem menores ou mesmo nem chegarem”, afirmou Leite, na época, sobre sua função no governo municipal.
Em 2008, aos 23 anos, Eduardo Leite se lançou mais uma vez como candidato a vereador em Pelotas. Tarimbado pela experiência administrativa, foi eleito com mais de 4 mil votos.
Em seu mandato na Câmara Municipal, apresentou projetos de lei que buscavam assegurar maior transparência nos gastos públicos dos representantes eleitos pela população, como o Código de Ética e a redução do pagamento de diárias aos parlamentares. Foi líder da bancada do PSDB na Câmara e presidente da Casa durante três anos, de 2011 a 2013.
A atuação destacada como vereador em Pelotas levou Eduardo Leite a sonhar com voos mais altos. Nas eleições estaduais de 2010, concorreu a uma vaga na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul. Teve uma votação exponencial em Pelotas (18.526 votos) e obteve, ao todo, 21.372 votos, que não foram suficientes para elegê-lo deputado estadual. Ficou como suplente.
Assim como ocorrera em 2004, quando perdeu a eleição para vereador, Eduardo Leite não se abateu. Ao contrário: a derrota nas urnas em 2010 cristalizou no tucano a vontade de se lançar ao cargo tentado por seu pai na década de 1980, sem sucesso. A enorme votação recebida pelos eleitores de Pelotas era um sinal claro de qual seria o próximo passo de Leite na vida pública.
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Prefeito de Pelotas
Eduardo Leite se lançou candidato à Prefeitura de Pelotas no pleito de 2012, aos 27 anos. Com o apoio do então prefeito Fetter Júnior, o tucano formou um amplo arco de apoio, composto por PRB, PP, PDT, PTB, PSC, PR, PPS e PSD, além do PSDB. A candidata a vice na chapa foi a professora universitária Paula Mascarenhas (PPS).
Apesar do apoio maciço no mundo político, a campanha de Leite enfrentou problemas no início. A equipe responsável pela propaganda na TV teve dificuldades para produzir conteúdo e não conseguiu entregar o material a tempo nos primeiros dias de exibição. Também houve atritos entre os diversos partidos da coligação.
As crises foram superadas à medida que a campanha avançava e Leite subia nas pesquisas de intenção de voto. Depois de largar na terceira colocação na corrida eleitoral, o candidato tucano tomou o primeiro lugar em setembro, com 33% da preferência do eleitorado a pouco mais de um mês da votação.
Leite foi eleito prefeito da terceira cidade mais populosa do Rio Grande do Sul com 110.823 votos (57,15% dos votos válidos), superando Fernando Marroni (PT), que recebeu 83.079 votos (42,85%).
O prefeito eleito assumiu o cargo em 1º de janeiro de 2013, em cerimônia realizada na Praça Coronel Pedro Osório. Dois meses antes de completar 28 anos, Leite se tornou o mais jovem prefeito da história de Pelotas.
Em sua gestão, o tucano administrou um orçamento de R$ 760 milhões. Ele investiu em obras de infraestrutura e modernizou o sistema de mobilidade urbana do município, ao custo de R$ 110 milhões obtidos por meio de financiamentos.
O governo de Eduardo Leite inaugurou a primeira Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Pelotas, construída com recursos totalmente municipais. Sob seu comando, a cidade avançou 23% entre as séries iniciais no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) – de 3,9 para 4,7 e de 3,5 para 3,9 entre os alunos da oitava e nona séries. Apesar da evolução, o município não alcançou a meta estipulada pelo Ministério da Educação (MEC).
Ainda na área educacional, a gestão municipal implementou um amplo programa de distribuição de uniformes escolares. Também foram disponibilizadas novas ferramentas tecnológicas para auxiliar o trabalho dos professores e incentivar o aprendizado dos alunos em sala de aula.
Leite encerrou o mandato com mais de 60% de aprovação entre os eleitores de Pelotas, o que naturalmente o credenciava para disputar a reeleição. Entretanto, o então prefeito decidiu não tentar um segundo mandato consecutivo.
“Sempre fui contra a reeleição. Não é agora que vou mudar de ideia. Na política, é preciso ter coerência entre o discurso e a prática”, afirmou Leite, na época. “A reeleição foi mal assimilada no Brasil. Se sou contra, não posso me beneficiar dela.”
No pleito de 2016, com o apoio do tucano, a vice-prefeita Paula Mascarenhas, recém-filiada ao PSDB, foi eleita no primeiro turno com quase 60% dos votos.
Governador do Rio Grande do Sul
Depois de concluir um dos mandatos mais bem avaliados entre todos os prefeitos do Rio Grande do Sul, o caminho natural de Eduardo Leite era mesmo o Palácio Piratini. Em 2017, às vésperas do ano eleitoral, o ex-prefeito de Pelotas foi para os Estados Unidos, onde passou cinco meses estudando políticas públicas na Columbia University.
Ao voltar ao Brasil, com reconhecida experiência acadêmica, administrativa e internacional, Leite foi uma das 11 jovens lideranças políticas brasileiras escolhidas para um encontro com o ex-presidente dos Estados Unidos Barack Obama. Em novembro daquele ano, o PSDB do Rio Grande do Sul o escolheu presidente do diretório estadual do partido e pré-candidato ao governo do estado.
Inicialmente, o plano de Leite seria tentar uma vaga na Câmara dos Deputados, em Brasília. O então governador gaúcho José Ivo Sartori também o sondou para ser candidato a vice em sua chapa à reeleição, mas Leite declinou do convite. Àquela altura, já estava convencido a enveredar por um caminho próprio.
A candidatura de Eduardo Leite a governador foi oficializada em agosto de 2018. O candidato do PSDB ao Palácio Piratini formou uma coligação que contava ainda com PP, PTB, PRB, PPS, PHS e Rede. O vice na chapa foi o delegado Ranolfo Vieira Júnior (PTB).
Apresentado ao eleitorado gaúcho como um jovem e promissor político, Leite surpreendeu no primeiro turno e foi o candidato mais votado (35,9%), à frente do governador Sartori (31,1%) – uma diferença de 286 mil votos.
No segundo turno, o candidato do PSDB foi eleito governador do estado com mais de 3 milhões de votos (53,62%), ante 2,7 milhões de Sartori (46,38%). Em Pelotas, Leite teve uma vitória esmagadora: 90,3% dos votos. Aos 33 anos, transformou-se no governador eleito mais jovem do Brasil e da história do Rio Grande do Sul.
Apesar da vitória incontestável na eleição majoritária, os partidos da coligação de Leite não conseguiram alcançar a maioria absoluta da Assembleia Legislativa gaúcha – fizeram 18 das 55 cadeiras (33% do total). Tampouco foi atingido o “número mágico” de 33 deputados estaduais, a chamada “maioria qualificada” no Parlamento.
Com isso, Eduardo Leite levou a cabo uma política de aproximação com integrantes de partidos de oposição, em nome de um diálogo “republicano” que poderia garantir o mínimo de estabilidade ao governo eleito. O tucano angariou o apoio de alguns deputados de MDB, PSB, DEM e PR, chegando a 35 cadeiras na assembleia.
Com um déficit estimado em quase R$ 7 bilhões em 2019, Leite deu início a uma verdadeira “operação de guerra” para sanar as contas do Rio Grande do Sul. Antes mesmo de tomar posse, o governador articulou a aprovação pelos deputados da prorrogação de alíquotas mais altas do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), considerado imprescindível para o ajuste das contas públicas no estado.
Desde o início do governo, o tucano deixou claro que a prioridade de sua gestão seria racionalizar os gastos da administração estadual e tirar o Rio Grande do Sul do vermelho. Leite apoiou a proposta de reforma da Previdência apresentada pelo governo Bolsonaro em 2019. Esteve em Brasília em diversas oportunidades para defender a inclusão de estados e municípios na reforma.
Ainda no primeiro ano de governo, Leite negociou com o governo federal a adesão ao regime de recuperação fiscal, apresentando um plano que projetava uma economia de R$ 63 bilhões em seis anos – foi elogiado, inclusive, pelo ministro da Economia, Paulo Guedes.
Sob fortes críticas da esquerda e de entidades de classe, o governador encampou a proposta de reforma do funcionalismo, que alterou o plano de carreira dos servidores, mudando a remuneração e a aposentadoria em algumas carreiras.
Leite aprovou a reforma da Previdência no estado, que tinha como objetivo racionalizar o pagamento de aposentadorias e pensões dos servidores públicos gaúchos.
Em 2020, logo nos primeiros meses da pandemia de Covid-19, Leite anunciou o corte de 30% do próprio salário por três meses. Também implementou um rígido programa de distanciamento social no estado, para evitar a disseminação da doença.
Mantendo o discurso da época de prefeito de Pelotas, Eduardo Leite anunciou que não pretendia disputar a reeleição. Na verdade, o jovem político abria as discussões sobre o lançamento de seu próprio nome como postulante ao Palácio do Planalto nas eleições de 2022. Para isso, no entanto, ele teria de enfrentar uma poderosa máquina dentro do PSDB: o governo de São Paulo.
Eduardo Leite e João Doria batalham nas prévias
Em 2021, os governadores do Rio Grande do Sul e de São Paulo protagonizaram uma renhida disputa interna no PSDB. Eduardo Leite e João Doria se lançaram como pré-candidatos do partido à Presidência da República. Mesmo após uma série de tentativas de lideranças tucanas, nenhum dos dois desistiu do pleito. Leite se recusou a ser candidato a vice em uma eventual chapa de Doria ao Planalto, e vice-versa. O choque foi inevitável e deixou profundas marcas no tucanato.
Em novembro daquele ano, depois de uma disputa marcada por denúncias e ameaças de parte a parte, Doria venceu as prévias do PSDB, com quase 54% dos votos dos filiados, ante 44% de Leite. O ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio teve pouco mais de 1% dos votos.
Derrotado nas prévias, Leite não desistiu do sonho do Planalto. Incentivado por aliados, em meio ao grande desgaste interno de Doria e à elevada rejeição do governador paulista apontada pelas pesquisas, Leite não tirou o time de campo e continuou viajando pelo país e costurando politicamente.
Quando Doria e seus aliados ameaçaram publicamente entrar na Justiça para garantir o cumprimento do resultado das prévias e a candidatura do governador de São Paulo ao Planalto, Leite passou a cogitar um “plano B”. Ele chegou a ser convidado a se filiar ao PSD, comandado pelo ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab, com a garantia de que seria o nome da legenda à Presidência da República.
Leite balançou, mas não cedeu. Aconselhado por tucanos com mais vivência no partido, o gaúcho decidiu permanecer no PSDB, à espera da derrocada de Doria. Em março de 2022, o governador do Rio Grande do Sul renunciou ao cargo, declarando priorizar naquele momento um “projeto nacional”. “Não contem comigo para dispersar candidaturas. Não é sobre um projeto pessoal, é sobre o Brasil”, anunciou, à época.
Em maio, sem apoio no PSDB e nos demais partidos que compunham a chamada “terceira via” – MDB e Cidadania –, João Doria desistiu de se candidatar ao Planalto. Àquela altura, já não havia mais espaço para Eduardo Leite se viabilizar internamente.
O nome da senadora emedebista Simone Tebet (MS) já estava consolidado, e a maioria das lideranças e dos parlamentares da bancada tucana no Congresso não desejava a candidatura própria do partido – queriam ficar “livres” para apoiar quem quisessem e contar com mais dinheiro dos fundos partidário e eleitoral para bancar suas campanhas ao Legislativo. Leite, então, recuou dos planos nacionais.
Diante de um novo cenário, sob novas circunstâncias, o agora ex-governador do Rio Grande do Sul foi empurrado para a disputa estadual mais uma vez.
De volta aos Pampas
Em julho de 2022, o PSDB anunciou oficialmente a candidatura de Eduardo Leite ao cargo que havia deixado poucos meses antes. Apoiado por MDB, Cidadania, PSD, União Brasil e Podemos, a candidatura foi encarada como a possibilidade de redenção do PSDB – e também era fundamental para as pretensões políticas de Leite no futuro.
Crítico antigo do instituto da reeleição no Brasil, o ex-governador foi questionado sobre a mudança de posição acerca do tema. Leite, então, disse que, como havia renunciado ao cargo, não estava disputando a eleição com a ajuda da máquina governamental.
“Isso acaba muitas vezes comprometendo o governo, o contaminando em torno de uma candidatura. Por isso, só me apresento ao povo gaúcho novamente porque renunciei ao mandato, ao poder, à caneta. Renunciei a toda estrutura que está em torno de um governante”, afirmou, em entrevista à CNN Brasil.
Leite disse ainda que era “um candidato a governador, e não um governador candidato”. “Tive convite para me filiar a outro partido político. Me apresentaram oportunidades para uma candidatura. Mas eu não estou na política para ser candidato, para atender uma vaidade pessoal. Não entraria nesse processo eleitoral para dispersar energia, para dispersar o foco em tantas candidaturas em uma eleição que sabemos que será muito polarizada”, completou.
Tentando reconquistar a confiança de um eleitorado historicamente exigente com seus governantes – até as eleições de 2022, o Rio Grande do Sul jamais havia reeleito um governador –, Eduardo Leite enfrentou uma campanha mais difícil do que a de 2018.
O tucano teve muitas dificuldades para avançar ao segundo turno. Na primeira etapa de votação, recebeu 1,7 milhão de votos (26,8%) e passou “raspando” – teve apenas 2 mil votos a mais que o terceiro colocado, Edegar Pretto (PT). Onyx Lorenzoni (PL), apoiado por Bolsonaro, recebeu 37,5% dos votos (2,3 milhões) e terminou em primeiro lugar.
No embate direto com o candidato do PL, Leite foi alvo de comentários considerados homofóbicos. Em outubro, no início da campanha de segundo turno, Onyx afirmou: “Tenho certeza de que os gaúchos e as gaúchas entenderam que vão ter, se for da vontade deles, do povo gaúcho, um governador e uma primeira-dama de verdade, que são pessoas comuns e que têm uma missão de servir e transformar a vida dos gaúchos para melhor”.
As declarações, exibidas na propaganda eleitoral veiculada na TV, deflagraram uma onda de solidariedade a Leite, por parte de personalidades e políticos de diversos partidos. “Nesses tempos tão difíceis, em que tentam a todo custo nos separar uns dos outros, é motivador ver a sociedade e a opinião pública majoritariamente unidas para condenar demonstrações de homofobia. Não ao preconceito! O amor, o respeito e a tolerância falam mais alto”, escreveu o tucano nas redes sociais.
Em julho de 2021, em entrevista ao jornalista Pedro Bial, da TV Globo, Eduardo Leite declarou publicamente, pela primeira vez, que é gay. “Neste Brasil, com pouca integridade nesse momento, a gente precisa debater o que se é, para que se fique claro e não se tenha nada a esconder. Eu sou gay. E sou um governador gay, não sou um gay governador, tanto quanto Obama nos Estados Unidos não foi um negro presidente, foi um presidente negro. E tenho orgulho disso”, disse, na ocasião.
Os ataques de Onyx, em 2022, repercutiram muito mal junto à opinião pública, e Leite recuperou terreno nas pesquisas, ganhou apoio público de líderes políticos de diversos partidos, entre os quais o PT, e acabou ultrapassando seu adversário na reta final da eleição.
No fim de outubro, a poucos dias do segundo turno das eleições, Leite voltou a levantar a bandeira do fortalecimento de uma alternativa de centro para o Brasil. “Essa polarização não traduz minha forma de pensar a política. Espero que em 2026 tenhamos um ambiente mais saudável, e vou trabalhar para isso, buscando que se construa uma alternativa mais ao centro, como defendi neste ano”, afirmou, em entrevista ao jornal O Globo.
“Hoje sou líder de um projeto político para o Rio Grande Sul e não quero o estado como mera extensão de Brasília. Meu adversário age como marionete de uma candidatura presidencial”, criticou, referindo-se a Onyx.
A verdade é que o futuro político do PSDB depende, mais do que nunca, do sucesso de Eduardo Leite. E suas pretensões de subir a rampa do Palácio do Planalto, que continuam vivas, dependem dos passos que dará rumo a mais um mandato no Palácio Piratini. A história deste ainda jovem político de Pelotas está sendo escrita e fatalmente reserva outros capítulos importantes.