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Oito mitos que você precisa saber sobre o Bitcoin

Com um valor de mercado de mais de R$ 5.78 trilhões, a criptomoeda segue ganhando espaço e credibilidade entre os investidores

MoneyLab

Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

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A economia digital ganha cada vez mais força. Puxada pelas criptomoedas e encabeçada pelo bitcoin, essa nova era de pagamentos e investimentos já está revolucionando o mercado financeiro. Estima-se que o valor de mercado dos bitcoins já supere os R$ 5 trilhões.

Junto com a onda de novidades, as dúvidas e, por vezes, desconfianças também rondam os resultados surpreendentes da criptomoeda, que já conquistou nomes importantes como Elon Musk, Paul Tudor Jones, Stanley Druckenmiller e Scott Minerd. Para te ajudar a compreender melhor esse universo, a seguir você confere oito mitos sobre o bitcoin.

Números estimados com data base de 09/03/2021

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Mito 1: Bitcoin é muito volátil para ser uma reserva de valor

O bitcoin tem de fato um histórico de ser um ativo bastante volátil. Isso é um comportamento esperado para um ativo que surgiu em 2009 com valor zero e em uma década alcançou valor de mercado de mais de R$ 5.78 trilhões.

Essa oscilação acaba gerando desconfiança sobre a capacidade de ser uma boa reserva de valor, já que uma das principais funcionalidades desse conceito é preservar o valor ao longo do tempo.

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Mas afinal, por que a volatilidade do bitcoin é tão alta? Duas óticas devem ser observadas para explicar essa volatilidade: microestrutura e assimetria de informações.

Do ponto de vista de microestrutura de mercado, o Bitcoin é negociado 24 horas por dia e 7 dias por semana, em centenas de exchanges ao redor do mundo com diferentes níveis de controles e regulação. Portanto, é um mercado bastante fragmentado. Tecnicamente falando, o processo de formação de preços é livre de intervenções. Ou seja, não existem leilões de abertura/fechamento ou limites e bandas de variação de preços, como é o normal nos mercados mais tradicionais, como os de ações e commodities listadas em Bolsas.

Além disso, diferentemente das moedas fiduciárias, não há para o Bitcoin um banco central para intervir e reduzir a volatilidade da moeda, como é o caso em moedas como o Real. Isso faz com que os preços do Bitcoin variem de forma significativa como função de sua oferta e demanda, sem mecanismos já estabelecidos nos mercados tradicionais para agregar liquidez e facilitar a formação de preços.

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Olhando o ponto de vista macro, a volatilidade do Bitcoin reflete a grande assimetria de informações e as divergências sobre seu valor para a sociedade. Enquanto alguns dos maiores investidores do mundo, como Paul Tudor Jones, Stanley Druckenmiller e Scott Minerd, se debruçaram sobre o tema e possuem um posicionamento otimista com relação ao Bitcoin, vários outros investidores de peso, como Ray Dalio, ainda não se convenceram. Essa diferença tão grande de opiniões gera incertezas que influenciam os investidores e dificultam uma convergência dos preços para um valor de equilíbrio.

Esses dois fatores que influenciam a volatilidade do bitcoin tendem a perder força à medida que o entendimento dos investidores institucionais sobre o Bitcoin vai amadurecendo, possibilitando o desenvolvendo mercados regulados, com processo de formação de preços e instrumentos de derivativos similares ao mercado tradicional.

Apesar do bitcoin ter um valor de mercado significativo, seu valor ainda é de magnitude abaixo das outras reservas de valor globais, como ouro e dólar. Por isso, o bitcoin deve ser encarado como uma “reserva de valor emergente”, ou seja, que possui boas características, uma adoção crescente, mas ainda não atingiu o mesmo nível de maturidade de seus pares. Assim, é de se esperar que sua volatilidade continue reduzindo ao longo dos anos até que ele atinja o mesmo nível de maturidade e aceitação que o ouro possui hoje.

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Mito 2: Bitcoin falhou como meio de pagamento

Apesar de não ser a melhor solução para pagamentos de varejo, como cartão de crédito ou PIX, a rede do Bitcoin tem propriedades únicas que fazem dela um meio de pagamento para valores altos e transações internacionais.

A rede do bitcoin foi projetada de forma intencional para ter uma capacidade limitada a cerca de 10 transações por segundo. Isso é muito menos  tempo que a rede de cartão de crédito pode atingir nos horários de pico.

Por outro lado, o bitcoin oferece propriedades únicas e muito importantes, como liquidação global independente de alto valor, que funciona em qualquer lugar e a qualquer hora do dia, não requer um intermediário e não pode ser revertida.

A rede do Bitcoin liquida hoje mais de R$ 25 bilhões por dia, em centenas de milhares de transações, com um valor médio de transação médio de R$25 mil, o que é bem mais alto se comparado com as redes de pagamento de varejo como cartão de crédito ou PIX e é condizente com o seu uso principal hoje como uma reserva de valor emergente.

Portanto, o bitcoin de fato não é a melhor solução para utilização como meio de pagamento para varejo, mas é uma excelente solução para transferências de altos valores ao redor do mundo.

A entrada recente do Paypal, que permite que o bitcoin seja utilizado como forma de pagamentos para mais de 26 milhões de lojistas dentro de sua plataforma ou soluções descentralizadas, como a Lightning Network pode permitir que o bitcoin seja utilizado para realizar milhares de transações por segundo no varejo e possibilitar até mesmo novas formas de pagamento como micropagamentos e pagamentos em streaming.

Mito 3: Bitcoin gasta muita energia

A rede do bitcoin consome energia para fazer duas atividades: infraestrutura, para permitir que qualquer pessoa participe da rede em condições de igualdade, e segurança, para criar garantias de liquidação das transações, evitando que elas possam ser revertidas ou fraudadas.

Essas garantias são extremamente relevantes e elas não vêm de graça. Outros sistemas de pagamento também exigem essas atividades de uma forma ou de outra. No caso do ouro, por exemplo, enormes quantidades de esforço e energia são gastas para extraí-lo e armazená-lo com segurança. Já as moedas fiduciárias modernas exigem uma infraestrutura bancária física e bastante capital humano para fazer tudo funcionar corretamente, o que é extremamente caro e consome bastante energia.

Com o bitcoin, o processamento de transações e as garantias em torno de sua segurança está incluído no processo chamado de mineração que deliberadamente gasta energia. A energia é gasta como uma “prova de trabalho”, cuja soma garante que as transações registradas na rede do bitcoin não possam ser alteradas. Isso é essencial para a segurança da política monetária do bitcoin, bem como para outras propriedades importantes.

Há uma demanda claramente significativa pelos serviços que o bitcoin fornece, e a mineração de bitcoin gasta energia para dar suporte a esses serviços. Este gasto de energia não é desperdiçado; o mercado o exige explicitamente. Além disso, ao contrário dos outros sistemas de pagamento, grande parte da mineração de bitcoin depende fortemente de energia renovável e a natureza competitiva e global da mineração de bitcoin faz com que até mesmo fontes de energia que seriam naturalmente desperdiçadas, como o stranded gas, sejam utilizadas, o que pode até mesmo contribuir para a redução da pegada de carbono no mundo.

Mito 4: Bitcoin só é utilizado para atividades ilícitas

Ao longo dos anos, a utilização do Bitcoin por criminosos recebeu bastante atenção da mídia. Porém, o percentual de transações ilícitas na rede do bitcoin é muito pequeno, da ordem de 0,4% do valor total de bitcoin transacionado por dia.

Isso acontece principalmente devido à evolução das ferramentas de monitoramento e nas regras de prevenção à lavagem de dinheiro, que foram implementadas pelos principais países do mundo para se adaptar à nova tecnologia.

De acordo com dados do “The United Nations Drugs and Crime Office” e da Chainalysis, para cada $5 gasto em bitcoin na darknet, pelo menos $800 são lavados utilizando o dólar em papel moeda.

Mito 5: Bitcoin não tem lastro

Uma crítica bastante comum é de que o bitcoin não tem valor, pois não possui um lastro com as ações ou moedas fiduciárias.  Mas, afinal, o que é lastro? Lastro é uma garantia implícita de um ativo. Por exemplo, o lastro da ação de uma empresa é seu fluxo de caixa futuro, o lastro do ouro é sua composição química que garante que ele existe de forma escassa na natureza e que não pode ser criado artificialmente ou fraudado. Já as moedas fiduciárias são definidas por decreto e seu único lastro é a confiança no governo que o emitiu.

O lastro, ou garantia implícita, do bitcoin é sua rede de milhares de computadores ao redor do mundo, que garantem que as transações sejam executadas de forma segura e que a criação de novos bitcoin seja limitada, seguindo uma política monetária determinística. Essa rede existe há mais de 10 anos sem nunca ter sido fraudada.

Mito 6: Bitcoin não é escasso porque qualquer um pode criar novas criptomoedas

Qualquer um pode clonar a base de código de bitcoin, que possui o código aberto, a qualquer momento e lançar sua própria moeda, mas não pode clonar a aceitação, o reconhecimento de nome e a segurança de que apenas a rede de bitcoin desfruta.

O que faz com que o bitcoin possua valor para a sociedade não são meramente as linhas de código do seu software, que são facilmente replicáveis. O valor do bitcoin está nos efeitos de rede extremamente fortes. Este efeito é criado pelas dezenas de milhares de mineradores ao redor do mundo que garante a segurança da rede, as dezenas de exchanges e custodiantes que viabilizam a negociação e o armazenamento do bitcoin e milhões de usuários e investidores que possuem bitcoins.

Uma rede de agentes engajados como essa não se organiza facilmente, ainda mais quando já existe uma estabelecida. É por isso que, apesar dos diversos projetos já concebidos com a ambição de desbancar o bitcoin, ele segue extremamente dominante entre as criptomoedas, e que a facilidade de criação de novos criptoativos não afeta sua escassez.

Mito 7: Se o Bitcoin for bem sucedido, os governos vão banir

A natureza descentralizada do bitcoin torna impossível para qualquer pessoa, até mesmo governos, eliminá-lo totalmente. Apesar disso, os governos podem proibir exchanges e instituições financeiras de negociar bitcoin, afastando o capital institucional e colocando o bitcoin como um mercado negro. Porém, o que temos visto nos países desenvolvidos na verdade é o contrário.

Nos Estados Unidos, por exemplo, bancos federais já foram autorizados a realizar custódia de criptoativos para seus clientes e já existem regulações claras em alguns estados para as pessoas e empresas que utilizam criptoativos.

Além disso, várias empresas com capital aberto já possuem a moeda ou oferecem aos seus clientes. Portanto, seria extremamente difícil para os governos de países desenvolvidos banirem o bitcoin hoje em dia.

Governos de países menores ou com menores níveis de segurança jurídica podem tentar banir o bitcoin, mas acabariam criando uma dinâmica de arbitragem jurisdicional, em que empresas e investidores  migrariam para países com previsibilidade maior, prejudicando a própria economia do país que baniu.

Mito 8: Quântico computador vai acabar com o Bitcoin

Em outubro de 2019, quando o Google apresentou o resultado de seu protótipo de computador quântico, surgiram imediatamente vários artigos na imprensa apresentando a ameaça que um computador quântico representaria para o bitcoin.

Isso porque o método de criptografia que o bitcoin e vários outros criptoativos utilizam para garantir a segurança de suas transações poderia ser facilmente quebrado com computadores quânticos, o que tornaria suas redes inseguras e, portanto, obsoletas.

É importante ressaltar também que a criptografia utilizada no bitcoin é a mesma usada pela maioria dos grandes bancos e pela internet como um todo. Ou seja, o surgimento de um computador quântico seria uma ameaça para a segurança de toda a sociedade moderna, sendo o bitcoin apenas um pequeno pedaço dela.

A boa notícia é que já existem algoritmos de criptografia que são resistentes a computadores quantos. O NIST, que é o órgão americano responsável por definir padrões da indústria, está em processo de seleção de um desses algoritmos para ser o novo padrão de criptografia na internet. A previsão é que essa escolha seja feita até 2022 e, a partir daí, todos os serviços, incluindo o bitcoin, podem começar seus processos de upgrade para esse novo padrão de criptografia.

Como as estimativas mais otimistas apontam que um computador quântico de uso geral ainda pode levar de 15 a 30 anos para virar realidade, isso dá tempo o suficiente para todos os serviços se adaptarem a esse novo padrão mais seguro e eliminar a ameaça de segurança que um computador quântico poderia trazer.

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