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(SÃO PAULO) – O diabo está nos detalhes para os investidores em busca de ativos mais seguros de mercados emergentes após uma queda das moedas que se estendeu da Rússia ao Brasil.
Mais de US$ 1,6 bilhão fluiu para fundos negociados em bolsa (ETF, na sigla em inglês) que protegem contra flutuações cambiais em países em desenvolvimento neste ano, 82 por cento a mais do que em todo o ano de 2014. Contudo, os compradores desses produtos, desde famílias até investidores institucionais, talvez não estejam tão protegidos quanto pensam.
Alguns ETFs têm coberturas para cada exposição a uma moeda, mas outros dependem de uma cesta de taxas de câmbio para mitigar riscos. Isso funciona bem em mercados estáveis, eliminando o custo de contratos caros a termo que podem prejudicar os retornos. Mas em um momento em que uma corrida para venda nos mercados emergentes está agitando as correlações entre as moedas, é um caso de que o comprador deve ser advertido.
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“Pode ser que você não tenha problema para aceitar isso, mas deveria sabê-lo antes de entrar”, disse Dave Mazza, diretor de pesquisa sobre ETF e fundos mútuos na State Street Global Advisors em Boston. “Quando se começa a observar o crescimento do número de produtos, tudo se reduz a como você faz sua due diligence, porque você ainda precisa saber o que possui”.
A BlackRock Inc. e a unidade de gestão da riqueza do Deutsche Bank AG administram os dois ETF mais populares com coberturas e foco nas ações de mercados emergentes. O Deutsche Bank tem coberturas para o risco cambial em cada ação na sua carteira, enquanto que a BlackRock – a maior administradora de recursos do mundo – mitiga o risco com contratos a termo em 10 das 22 moedas estrangeiras a que seu iShares ETF está exposto.
Cesta
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Um índice de moedas de mercados emergentes caiu para seu nível mais baixo desde pelo menos 1993 porque uma desaceleração na China está corroendo o atrativo das economias em desenvolvimento, enquanto que a perspectiva de taxas de juros mais altas nos EUA atrai a demanda pelo dólar. Isso está agitando correlações de longa data entre moedas de países em desenvolvimento, e entre elas e as moedas dos países do G10.
Também está levando investidores que querem, ou precisam, se manter nesses países a empregar coberturas, protegendo assim seus retornos internacionais quando eles são repatriados para os EUA. Os fluxos para ETF com coberturas cambiais – incluindo os de mercados emergentes e desenvolvidos – ultrapassaram US$ 46 bilhões neste ano, frente a apenas US$ 8,9 bilhões em 2014.
“Nós otimizamos uma cesta”, disse Orlando Montalvo, diretor da equipe de administração da carteira de estratégias alternativas beta da BlackRock, sobre o fundo da companhia com coberturas para mercados emergentes. “Nós analisamos isso todos os meses com a nossa equipe de análise quantitativa e de risco e determinamos se precisamos adicionar ou subtrair algum par na carteira”.
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As correlações cambiais são monitoradas no longo prazo para garantir que elas forneçam proteção, disse ele.
Custos a considerar
O Deutsche Bank diz que paga cerca de 41 pontos-base em uma base ponderada de ativos para cobrir moedas em seu fundo para mercados emergentes, comprando contratos a termo em cada exposição a uma moeda dentro do ETF. Um ponto-base é 0,01 ponto porcentual.
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As diferentes abordagens não impediram que ambos os produtos perdessem dinheiro neste ano. O ETF com cobertura cambial para mercados emergentes da BlackRock teve um desempenho um pouco melhor, perdendo 8,2 por cento no ano até 27 de agosto, frente a 10 por cento do Deutsche Bank.
Apesar disso, os dois fundos receberam mais de US$ 350 milhões desde 31 de dezembro, enquanto que quase US$ 4 bilhões fluíram para fora dos seus pares sem coberturas. Isto faz com que os profissionais do setor sugiram que os investidores se informem bem sobre suas diferenças o mais rapidamente possível.
“Há uma demanda extrema por isso porque, é claro, essas moedas tendem a ser um pouco mais voláteis”, disse Brad Zucker, gerente sênior de produtos da FTSE Russell, que fornece índices para ETF, em entrevista de Nova York. Mas os investidores “desejam saber ‘quando compro algo, eu ganho a exposição que eu quero ter?’”.
Por Rachel Evans