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Venda em massa de ações e treasuries coloca estratégia de investimento 60/40 à prova — novamente

A ideia de que combinar ativos de renda fixa e ações reduz a volatilidade da carteira foi posta novamente em xeque

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(Shutterstock)
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Mesmo com a recuperação das ações durante o pânico monetário da semana passada, grandes perturbações no mundo dos Treasuries — títulos públicos dos Estados — colocam em perigo mais uma vez uma série de estratégias de hedge (proteção) em Wall Street.

Os Treasuries de 10 anos, considerados referência para todos os títulos de dívida americanos (bonds) tiveram sua maior liquidação do ano na sexta-feira (6), com os rendimentos atingindo os níveis mais altos em 15 anos.

Para as carteiras que dependem do maior mercado de títulos do mundo para mitigar a volatilidade em outros mercados, o movimento de venda em massa se revelou particularmente problemática. Um indicador da Bloomberg da popular estratégia 60/40 (60% em ações, 40% em renda fixa) caiu cerca de 6% desde o pico de julho, enquanto o maior ETF (fundo de índice) que usa estratégia de paridade de risco caiu 12%.

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A venda sincronizada de ações e títulos diminuiu nesta segunda-feira (9), quando o conflito no Oriente Médio desencadeou uma busca por refúgio em títulos do Tesouro americano, identificada pelos mercados futuros, enquanto as bolsas caíam.

No entanto, os movimentos paralelos entre ações e renda fixa nos últimos meses reacenderam o debate sobre o poder de proteção dos treasuries, em uma era em que as ações e os bonds estão ambos propensos a serem vendidos, enquanto aumentam as preocupações com um maior aperto do ciclo monetário do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA).

A correlação de 90 dias entre o ETF iShares 20+ Year Treasury Bond (TLT), que rastreia treasuries e tem US$ 37 bilhões sob gestão, e o SPDR S&P 500 Trust (SPY), que acompanha o índice S&P 500 e conta com US$ 398 bilhões, atingiu o maior nível desde 2005 na semana passada, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.

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“Para os investidores na carteira 60/40, a volatilidade contínua em um ambiente de taxas elevadas é de revirar o estômago”, escreveu o economista-chefe da Apollo Global Management, Torsten Slok, em nota recente. “Com uma perspectiva de taxas elevadas e desaceleração dos lucros – o que é necessário para manter a inflação sob controle – a perspectiva para a carteira 60/40 permanece negativa.”

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A matemática dos livros didáticos sobre portfólios americanos diz que a combinação de ativos de renda fixa com ações supostamente amortece a volatilidade geral da carteira, ao mesmo tempo em que fornece ganhos confiáveis.

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No entanto, a alta correlação está mudando essa relação. Supondo que a correlação entre ações e títulos passe de 0,35 negativo para 0,50 positivo, a volatilidade esperada do modelo 60/40 aumenta de 8,5% para 11,5%, de acordo com a Bloomberg Intelligence.

“A relação entre as ações e os títulos dos EUA, que tem sido amplamente negativa durante várias décadas, tornou-se rapidamente positiva”, escreveram os analistas da Bloomberg Intelligence, Christopher Cain e Gina Martin Adams, em um relatório. “Se persistir, essa mudança na correlação sugere que poderíamos entrar em uma nova Era que teria implicações enormes, aumentando o risco da carteira padrão de 60% em ações e 40% em títulos.”

Os rendimentos dos treasuries de 10 anos dispararam nos últimos meses, atingindo 4,89% na semana passada – o valor mais elevado desde 2007. O custo crescente do capital ajudou a retirar quase US$ 3 bilhões dos valores das ações dos EUA desde julho.

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“Isso tem implicações bastante profundas na construção de portfólio”, disse Scott Ladner, diretor de investimentos da Horizon Investments. “Não é que você precise que os títulos tenham um bom desempenho quando as ações estão indo bem. O truque da diversificação é: ‘Preciso fazer com que os títulos tenham um bom desempenho quando as ações vão por água abaixo’”.

A estratégia 60/40 está caminhando para seu terceiro mês consecutivo de perdas, depois de cair quase 4% em setembro, segundo dados compilados pela Bloomberg.

Os fundos que adotam a estratégia de paridade de risco, que dividem uma carteira entre classes de ativos com base no risco percebido de cada uma, também cederam nas últimas semanas, com o ETF Rpar Risk Parity (RPAR), que tem US$ 860 milhões sob gestão, definhando perto de seu nível mais baixo em mais de um ano.

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Alternativas na mesa

É certo que as ações ainda registaram ganhos de dois dígitos neste ano. Ao mesmo tempo, rendimentos mais elevados significam que, embora os preços atuais dos bonds estejam caindo, os investidores deverão cobrar pagamentos de juros maiores ao longo do tempo, aumentando os retornos a longo prazo.

Ainda assim, é pouco provável que isso impeça gestores de procurar formas diferentes de proteção mais eficazes agora, incluindo recorrer a alternativas menos conhecidas, como estratégias de sobreposição de opções, estruturas garantidas por ativos, private equities e infraestruturas.

“Normalmente, o mercado de ações cai devido a temores de crescimento, o que faz com que os títulos subam”, disse Jay Hatfield, CEO e fundador da Infrastructure Capital Management. “Nesse mercado, temos uma política monetária global excessivamente restritiva, o que significa que quaisquer sinais de forte crescimento são negativos para a política monetária, o que é ruim tanto para as ações como para dívida.”

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