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Mais de R$ 173 bilhões de reais voltaram para as mãos dos investidores nesta segunda-feira (15), dia de vencimento da NTN-B (Nota do Tesouro Nacional Série B) 2022, de acordo com informações do Tesouro Nacional. O papel ganhou holofotes em função da remuneração crescente que passou a oferecer nos últimos meses.
As NTN-Bs, que no Tesouro Direto são conhecidas como Tesouro IPCA+, pagam aos investidores juros predefinidos, acordados ainda no momento da aplicação, mais a variação do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo). A taxa prefixada pode variar ao longo do tempo, de acordo com as condições do mercado – e foi isso que aconteceu com a nota que venceu hoje.
Os papéis não estavam disponíveis no Tesouro Direto. No sistema do governo para negociação de títulos públicos, os prazos mais curtos para títulos de inflação começam em 2026. Mas elas podiam ser encontradas nas mesas de negociação ou plataformas de investimento de algumas corretoras.
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As taxas da NTN-B 2022 começaram a subir com força a partir de meados de maio – até então, o papel vinha sendo negociado na casa dos 5% a 6% ao ano. Segundo Rodrigo Sgavioli, head de alocação e fundos da XP, a remuneração disparou conforme se solidificaram as discussões no governo para desonerar os combustíveis e outros itens básicos, como energia elétrica, de modo a controlar a escalada da inflação.
Entenda os detalhes:
• Taxa de título público de curtíssimo prazo atrelado à inflação passa de 12% ao ano; vale a pena?
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“O mercado entendeu que haveria uma janela em que a inflação poderia ficar negativa, como aconteceu em julho, e que isso afetaria a rentabilidade dos papéis atrelados à inflação”, explica Sgavioli. Em junho, o papel oferecia mais de 12% ao ano, fora a atualização pelo IPCA. Em meados de julho, a taxa chegou a superar a marca dos 25% ao ano. “A subida aconteceu porque, em um cenário de deflaçã, o mercado sabia que teria de oferecer taxas maiores para garantir o interesse do investidor”.
Para alguns investidores, acostumados com as remunerações bem menores encontradas atualmente no Tesouro Direto, a escalada soou como uma oportunidade. Mas em certos casos, o retorno final obtido com o papel pode ter decepcionado.
Um levantamento realizado por Marcelo Freller, estrategista macro da XP, indica que quem comprou a NTN-B 2022 entre março e o começo de julho, obteve retorno abaixo da taxa do CDI (principal referência de rentabilidade da renda fixa), mesmo com a remuneração do título público subindo. Só teve retorno acima do indicador quem comprou o papel antes de março ou mais recentemente, a partir de meados de julho, quando a taxa passou dos 18% ao ano.
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Isso acontece porque a deflação corrige para baixo o rendimento dos papéis atrelados ao IPCA – que, portanto, podem acabar tendo um desempenho pior que o de outras aplicações de renda fixa pós-fixada, consideradas mais seguras, em períodos específicos, como aconteceu em julho.
No caso da NTN-B 2022, o mercado passou a negociar taxas muito elevadas justamente para compensar esse efeito – porém, ele só foi realmente mitigado quando a remuneração atingiu patamares muito além do usual.
Vinicius Romano, analista de renda fixa da Suno, destaca que quem comprou esse título há um mês, em 15 de julho, obteve um rendimento de 1,25%, contra uma taxa do CDI de 1,05% no período. Embora, considerando essas condições, a NTN-B tenha rendido um pouco além do indicador de referência para a renda fixa, não se verificou uma “grande oportunidade” como se poderia imaginar. “O IPCA era desconhecido na época e, portanto, o risco era um pouco mais elevado do que simplesmente aplicar no CDI”, diz.
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Já os investidores que não conseguiram bater o CDI, ainda não tenham perdido dinheiro, perderam o “custo de oportunidade”, na visão de Sgavioli – ou seja, deixaram de ganhar mais realizando investimentos mais simples. “O investidor correu um risco maior. Movimentos táticos em renda fixa podem ser realizados em certos momentos, mas demandam mais atenção”, diz.
Para ele, o reinvestimento dos valores recebidos pelos investidores agora que o papel venceu poderá ser um desafio. “Se o investidor quiser ter uma alocação em papéis de inflação, será preciso ter uma ótica de longo prazo, escolhendo os vértices que hoje pagam boas taxas. Preferimos os papéis com vencimento entre 2026 e 2035, tentando carregar até o vencimento”.