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Investidores de dívida estão começando a apostar que o pior momento dos títulos do Tesouro dos EUA (os Treasuries) pode ficar para trás em breve.
Os rendimentos dos títulos de 10 anos dos EUA despencaram 18 pontos base, para 4,62%, nesta terça-feira (10), a maior queda diária desde março. Os rendimentos de dois anos caíram até 16 pontos base, para 4,92%.
O recuo veio em reação aos comentários dovish (a favor de redução dos juros) de membros do Federal Reserve (Fed, o banco central americano). As declarações alimentaram especulações de que os aumentos das taxas de juros estão próximos de terminar, em meio ao nervosismo dos mercados em relação à guerra entre Israel e Hamas, que acelerou a demanda por ativos de refúgio.
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A queda nos rendimentos de títulos, no entanto, foi mais acentuada que o normal porque as negociação de Treasuries no mercado à vista não operou na segunda-feira (9) por conta de um feriado nos EUA.
Dois representantes do Fed, que falaram na segunda-feira, expressaram a ideia de que o recente aumento nos rendimentos dos EUA pode ter ajudado na tarefa de aperto monetário. O rendimento real dos títulos de 10 anos está próximo do seu valor mais elevado em 15 anos.
Os porta-vozes do Fed “pareciam estar concordando que rendimentos mais altos dos títulos e condições financeiras mais restritivas impactarão a decisão sobre a taxa de juros”, disse Andrew Ticehurst, estrategista de juros da Nomura. “Os preços de mercado sugerem que o Fed provavelmente não subirá juros este ano”, disse ele, acrescentando que ainda pode haver o risco de um aumento final por “medida de segurança”.
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O vice-presidente do Fed, Philip Jefferson, disse que vê o aumento dos rendimentos do Treasuries como uma potencial restrição adicional à economia, embora a taxa de inflação continue demasiado elevada. Já Lorie Logan, presidente do Fed de Dallas, disse que o recente aumento nos rendimentos de longo prazo pode indicar menos necessidade de o banco central aumentar novamente os juros.
Pausa no aperto
Os contratos de swaps com vencimento na próxima reunião do Fed mostram agora cerca de 65% de probabilidade de manutenção das taxas em dezembro, uma mudança brusca em relação a uma semana atrás, quando era registrada probabilidade de 60% de outro aumento até o final do ano.
“É provável que o Federal Reserve acalme o clima na reunião de novembro, que será uma oportunidade para lembrar aos investidores que os cortes nas taxas de juros nem sequer estão na agenda por enquanto”, opina Mark Cranfield, estrategista da MLIV.
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É importante lembrar, no entanto, que as esperanças dos investidores de dívida de pôr fim aos aumentos das taxas já foram frustradas antes.
A recuperação do mercado após a crise bancária deste ano, que fez com que os rendimentos dos títulos de 10 anos caíssem para 3,25% em abril, foi seguida por ondas de vendas de papéis, à medida que o Fed continuava a apertar a política monetária.
Os rendimentos dos títulos do Tesouro subiram nos últimos meses em meio à preocupação de que a inflação persistente convencerá o Fed a manter os juros elevados por mais tempo. Um índice que rastreia a dívida pública dos EUA caiu 2,6% este ano, caminhando para um terceiro ano de perdas.
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Os aumentos das taxas não conseguiram, até agora, reduzir a inflação para a meta de 2%, e a economia dos EUA ainda mostra resiliência. Os rendimentos também aumentaram este ano devido à preocupação com o aumento das emissões de Treasuries, que é necessária para financiar o aumento dos déficits governamentais.
A recente subida dos rendimentos “pode dar ao Fed razões adicionais para uma pausa no curto prazo, mas é muito cedo para considerar que será o fim do ciclo de aperto”, disse Robert Thompson, estrategista de macro do Royal Bank of Canada.
Europa
Apesar da alta no preço dos títulos americanos, a dívida alemão viu movimento inverso e recuou, com investidores reduzindo as apostas em cortes nas taxas de juro por parte do Banco Central Europeu no próximo ano. Em reflexo, a taxa do papel de dois anos subiu quatro pontos-base, para 3,08%, depois de cair nove pontos-base ontem. Os rendimentos dos títulos de curto prazo também aumentaram.
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Villeroy de Galhau, do BCE, disse nesta terça que não há justificativa no momento para retomar o aperto monetário em meio a uma clara tendência de queda na inflação.
Ele destacou a necessidade de vigilância sobre os preços do petróleo no meio do conflito Israel-Hamas, o que poderá alimentar as expectativas de inflação.
Com o BCE “sublinhando recentemente que não ser suficientemente enérgico nas subidas das taxas é mais dispendioso para a economia do que ser excessivamente agressivo, poderá decidir que é necessário um aumento adicional das taxas e manter as taxas de juro nesse novo nível por mais tempo”, disse Frederique Carrier, head de estratégia de investimento da RBC Wealth Management.