Tesouro Direto: títulos públicos encerram novembro com queda generalizada de preços

Destaque negativo do mês, o Tesouro IPCA+ 2045 teve desvalorização de 7,7%, mas ainda acumula retornos positivos da ordem de 60% no ano e em 12 meses

Beatriz Cutait

SÃO PAULO – Os títulos públicos negociados no Tesouro Direto e disponíveis para compra encerraram o mês de novembro com perdas que chegam a quase 8%, diante do aumento das taxas de juros. O movimento de queda foi generalizado e ocorre na sequência de dois meses de valorização dos papéis.

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Com a maior apreciação no ano e em 12 meses (de aproximadamente 60%, nos dois casos), o papel Tesouro IPCA+ 2045 teve a maior perda no mês (-7,7%), seguido pelo mesmo título com vencimento em 2035 (-4,6%). Na categoria de prefixados, a principal queda de novembro ficou com o papel Tesouro Prefixado com juros semestrais e vencimento em 2029, com perda de 2,5%.

Por trás do ajuste estão as sinalizações mais recentes do Banco Central apontando que o fim do ciclo de corte de juros está próximo. Em sua última reunião, o Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu a Selic mais uma vez em 0,50 ponto percentual, para 5,0% ao ano, e apontou que haveria espaço para mais uma redução da mesma magnitude no encontro final do ano, marcada para os dias 10 e 11 de dezembro. Chamou atenção, contudo, em sua comunicação, o uso do termo “cautela” para se referir aos próximos passos.

“O Copom entende que o atual estágio do ciclo econômico recomenda cautela em eventuais novos ajustes no grau de estímulo”, afirmou o Comitê, no comunicado após a última reunião.

Na prática, o mercado entendeu que o espaço para novos cortes em 2020 foi reduzido e as apostas para uma Selic chegando ao patamar de 4% ao ano começaram a ser desmontadas, o que levou ao aumento dos prêmios também no Tesouro Direto.

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Desempenho dos títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto em novembro, no ano e em 12 meses

Vale lembrar que os preços dos papéis oscilam diariamente. O investidor só garante essas rentabilidades dos títulos públicos se decidir vender o papel hoje, portanto antes das respectivas datas de vencimento. Se preferir carregar os papéis até os prazos finais, o retorno do investidor vai respeitar as taxas e as condições contratadas no momento de aquisição dos títulos.

Apesar do desempenho negativo no mês, metade dos papéis segue com retorno acima da alta de 23,15% do Ibovespa no ano e todos continuam a bater com folga a variação de 5,6% do CDI no período. O único papel não considerado no levantamento foi o Tesouro Selic, dado que seu retorno segue a variação da Selic, portanto, sem grandes oscilações diárias.

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Beatriz Cutait

Editora de investimentos do InfoMoney e planejadora financeira com certificação CFP, responsável pela cobertura do universo de investimentos financeiros, com foco em pessoa física.