Tesouro Direto: em semana de Copom, juros de prefixados avançam para até 13,21%; dia é de estreia de títulos de aposentadoria

Com novo papel, investidor pode planejar uma data para se aposentar garantindo o recebimento de uma renda mensal pelos 20 anos seguintes

Bruna Furlani

Dinheiro na carteira (Brenda Beth/Getty Images)
Dinheiro na carteira (Brenda Beth/Getty Images)

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Em dia de agenda mais fraca, investidores repercutem nesta segunda-feira (30) falas de Fernando Haddad (PT), ministro da Fazenda, em encontro na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). O chefe da equipe econômica destacou que ainda não há uma decisão sobre a reoneração de impostos sobre combustíveis e disse ver espaço para acomodar câmbio e juros sem comprometer a competitividade.

As declarações ocorrem em semana marcada por uma bateria de decisões de política monetária, com destaque para as do Brasil e dos Estados Unidos, que serão anunciadas na próxima quarta-feira (1).

A expectativa da maior parte dos analistas é de que o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, mantenha a taxa de juros inalterada em 13,75% ao ano. Um dos pontos que devem ser ressaltados pela autoridade monetária é a preocupação com o aumento das expectativas de inflação de médio prazo. Hoje, o Relatório Focus apresentou novas elevações nas projeções para 2023, 2024 e 2026.

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A cena política também é destaque, com a eleição dos líderes do Senado e da Câmara, além da volta do Congresso após o recesso parlamentar.

A semana é decisiva também para o Federal Reserve (Fed, banco central americano), que deve desacelerar o ritmo de aperto monetário iniciado no ano passado e elevar os juros em 0,25 ponto percentual.

No Tesouro Direto, a segunda-feira é marcada pelo início das negociações de oito papéis batizados Tesouro RendA+, títulos públicos voltados à poupança para a aposentadoria. Na estreia, as taxas reais oferecidas caminham para encerrar o dia em até 6,49% ao ano.

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Já os demais papéis em que o objetivo principal não é a aposentadoria operam com movimento misto nesta tarde. Por volta das 15h20 de hoje, títulos de prazo mais curto ou intermediário apresentam alta nas taxas, enquanto juros de papéis de prazo mais alongado eram negociados em estabilidade.

Na última atualização do dia, o maior juro oferecido por títulos prefixados era de 13,21%. O percentual era entregue pelo Tesouro Prefixado 2029 e está acima dos 13,15% ao ano vistos no começo do dia e dos 13,19% oferecidos na última sexta-feira (27).

Papéis atrelados à inflação, por sua vez, apresentavam remunerações reais de até 6,50%, caso do Tesouro IPCA+2045. Ou seja, em linha com os 6,51% vistos na sessão anterior.

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Confira os preços e as taxas dos títulos públicos disponíveis para a compra no Tesouro Direto na tarde desta segunda-feira (30):

Fonte: Tesouro Direto

Novo título do Tesouro Direto na área

Na prática, o Tesouro RendA+ é um título parecido com o Tesouro IPCA+. Ambos garantem ao investidor uma taxa de juros mais a variação da inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

A ideia é que o o investidor consiga planejar uma data para aposentadoria garantindo o recebimento de uma renda mensal pelo período de 20 anos seguintes. Há possibilidade de investimento para até 40 anos de acumulação, sempre seguidos por mais 20 anos de fluxo de renda mensal.

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A diferença do Tesouro Renda+ para o Tesouro IPCA+ é exatamente essa: no lugar de receber a aplicação inteira de volta na data do vencimento, o investidor receberá os valores mensalmente. E como os pagamentos são corrigidos pela inflação, estará garantindo a manutenção do poder de compra.

Relatório Focus e sem mudanças na meta de inflação

Já dentro da cena econômica, o destaque está nos números do Relatório Focus, que trouxe nova alta nas projeções de inflação em 2023, 2024 e de 2026. A estimativa para 2025, por sua vez, foi mantida.

Para este ano, a expectativa de inflação sobe há sete semanas seguidas. Nesta semana, ela avançou de 5,48% para 5,74%. Já a inflação para 2024 subiu de 3,84% para 3,90%. A projeção para 2025 foi mantida em 3,50% e a de 2026 subiu de 3,47% para 3,50%.

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Especificamente para os preços administrados, a projeção do IPCA teve forte variação na semana, passando de uma alta de 7,25% para 8,39%. Há um mês, a projeção estava em 6,77%. Para 2024, passou de 4,12% para 4,20% e, para 2025, saiu de 3,58% para 3,67%. Para 2026, foi mantida em 3,50%.

De olho nas metas de inflação, o jornal Folha de S.Paulo trouxe hoje que o governo não tem – até o momento – qualquer discussão técnica para alteração das metas. A apreensão de agentes financeiros têm como foco as duras críticas recentes feitas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre o tema.

A preocupação maior envolve este ano e os próximos dois anos, em que as metas estão em 3,25% e 3%, respectivamente, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.

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Já a projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) do Relatório Focus de 2023 subiu de 0,79% para 0,80%, enquanto a de 2024 foi mantida em 1,50%, a de 2025 caiu de 1,90% para 1,89% e a de 2026 continuou em 2,0%.

A previsão da taxa de juros básica da economia brasileira (Selic) foi mantida em 12,50% para este ano e a de 2024 ficou inalterada em 9,50%. A de 2025 também se manteve, em 8,50%. A de 2026 subiu 8,25% para 8,50%.

A estimativa para o dólar caiu de R$ 5,28 para R$ 5,25 neste ano, e foi mantida em R$ 5,30 para 2024, 2025 e 2026.

Petrobras: preço dos combustíveis

Também na cena econômica, investidores monitoram informação de que o novo presidente da Petrobras (PETR3;PETR4), Jean Paul Prates, conta com a criação de um fundo para tentar frear a alta dos preços dos combustíveis nas bombas e reduzir o impacto da volatilidade dos derivados do petróleo, do gás de cozinha e do gás natural para o consumidor final. Especialistas alertam, porém, que o mecanismo deveria se restringir ao diesel devido ao alto custo para os cofres públicos.

A interlocutores, Prates defende que o mecanismo da chamada Conta de Estabilização – abreviada na sigla CEP-Combustíveis – seria a melhor opção de curto prazo para os combustíveis. O mecanismo seria capaz de conferir preço aceitável pelo consumidor final, mas sem punir produtores e importadores, recompensados pela conta.

Já no médio e longo prazos, a saída avaliada pela Petrobras seria aumentar a capacidade de refino da estatal. Isso reduziria a exposição do mercado brasileiro às variações das cotações internacionais, porque eliminaria a dependência de derivados importados.