SÃO PAULO – Em meio ao noticiário político doméstico, as taxas dos títulos públicos negociados via Tesouro Direto operam em alta nesta terça-feira (29) e apresentam os maiores prêmios desde maio, quando as taxas subiram em meio à pandemia de coronavírus.
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O papel indexado à inflação com vencimento em 2026 pagava uma taxa anual de 2,90% nesta tarde, ante 2,77% a.a. na segunda-feira (28). Os prêmios pagos pelos títulos com prazos em 2035 e 2045, por sua vez, subiam de 4,08% para 4,17% ao ano. Em maio, esses papéis chegaram a pagar taxas de 3,65% (2026) e 4,73% (2035 e 2045) ao ano, respectivamente.
No auge da crise, em março, os retornos reais estavam na casa dos 4,55% (2026) e 4,95% (2035 e 2045) ao ano.
Entre os papéis prefixados, o com vencimento em 2023 oferecia hoje uma taxa de 4,81% ao ano, frente 4,77% a.a. anteriormente, enquanto o juro pago pelo Tesouro Prefixado com juros semestrais 2031 avançava de 7,76% para 7,81% ao ano.
Em maio, os prêmios chegaram a 5,02% e 8,40% ao ano, respectivamente, enquanto, em março, as taxas eram de até 7,25% e 9,86% ao ano.
No câmbio, após subir 1,48% a R$ 5,63 ontem, o dólar operava próximo da estabilidade por volta das 15h40, negociado a R$ 5,64.
Confira os preços e as taxas dos títulos públicos nesta terça-feira (29):
Risco fiscal no radar
Contribuíram para o aumento de aversão ao risco nesta terça-feira as preocupações com o quadro fiscal em meio às negociações do Renda Cidadã, programa social que irá substituir o Bolsa Família.
Ontem, o governo federal divulgou seus planos de financiar o programa com recursos do fundo para educação básica (Fundeb) e verba de precatórios. A proposta foi considerada inconstitucional por vários órgãos da sociedade e causou grande turbulência nos mercados: na Bolsa, o Ibovespa fechou com queda de 2,41%, negociado abaixo dos 95 mil pontos, enquanto o dólar fechou em alta.
No Tribunal de Contas da União (TCU) e no Congresso, as duas propostas do governo foram vistas como uma forma de “contabilidade criativa”, mesma estratégia usada pelo governo Dilma Rousseff para melhorar o resultado fiscal do país, apontou o jornal Folha de S.Paulo.
De acordo com o site G1, o anúncio caiu tão mal no mercado financeiro que os assessores próximos do presidente Jair Bolsonaro começaram a defender uma mudança. A ideia seria abandonar a rolagem de precatórios para bancar o novo programa social, diz o portal.
Em meio às reações negativas, o presidente Jair Bolsonaro voltou a dar um recado ao mercado e pediu sugestões para atender os beneficiários do auxílio emergencial a partir de janeiro de 2021, quando está previsto o fim do programa.
“Todo mundo tem consciência de que milhões de empregos e rendas foram destruídos com a política do ‘fique em casa, a economia a gente vê depois’. Chegou a fatura”, disse durante breve conversa com apoiadores, em frente ao Palácio da Alvorada, nesta terça-feira (29).
Segundo ele, caso não seja encontrada uma solução para a situação de cerca de 20 milhões de brasileiros que figuram entre os beneficiários do programa temporário criado durante a pandemia de Covid-19, o país poderá enfrentar “distúrbios sociais gravíssimos”.
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Também foi mal vista a falta de clareza sobre a criação de um novo imposto sobre transações financeiras digitais aos moldes da antiga CPMF. O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que a ideia está sendo discutida, mas que não há consenso sobre a utilização do instrumento para compensar a desoneração da folha de pagamento.
Com isso, segundo o jornal Folha de S. Paulo, a entrega da segunda fase da proposta da reforma tributária foi adiada novamente.
Quadro internacional
No exterior, as atenções recaíram hoje sobre o primeiro debate eleitoral nos Estados Unidos entre o presidente Donald Trump e o candidato democrata Joe Biden.
Investidores também aguardaram a aprovação de um novo pacote de estímulos econômicos nos EUA. Ontem à noite, os democratas revelaram um pacote de US$ 2,2 trilhões de estímulos, menor do que o inicialmente proposto, mas acima do que os líderes republicanos ofereceram.
Já na Europa, a libra avançou em meio a especulações de que as negociações comerciais bem-sucedidas do Brexit poderiam ajudar a proteger o Reino Unido de uma ruptura confusa com a União Europeia.
Os mercados também acompanharam os novos casos de coronavírus ao redor do mundo, com as mortes globais chegando agora à marca de 1 milhão de pessoas, com mais de 33 milhões de casos confirmados, segundo dados da universidade Johns Hopkins.
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