Tesouro Direto: piso de prefixados recua para 11,97%; Tesouro IPCA+ 2032 e 2040 têm negócios suspensos

Com ata do Copom e IPCA de julho, mercado já precifica o fim do ciclo de aperto monetário

Bruna Furlani Katherine Rivas

Brasil em queda/crise (Foto: Getty Images)
Brasil em queda/crise (Foto: Getty Images)

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As taxas dos títulos públicos operam mistas na tarde desta terça-feira (9). Nos prefixados, as taxas dos títulos de curto e médio prazo recuam até 4 pontos-base, enquanto a taxa do título de longo prazo avança 3 pontos-base.

Já as taxas dos papéis de inflação operam com estabilidade, em dia de realização de lucros, após fortes perdas vistas nas sessões anteriores, destaca Flávio Serrano, economista-chefe da Greenbay Investimentos.

Serrano aponta para os números do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que recuou 0,68% em julho. A maior deflação desde o início da série histórica em 1980.

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No acumulado dos últimos 12 meses, a inflação oficial avança 10,07%. A mediana das previsões apontava que o IPCA terminaria negativo em 0,65% em julho, na comparação mensal. Na base anual, a projeção era de alta de 10,10%.

Leia mais:
O que é deflação e qual impacto ela pode ter sobre a economia?

Segundo o economista-chefe da Greenbay Investimentos, a ata do Comitê de Política Monetária (Copom), reforçou o que o comunicado já tinha apresentado ao mercado na última quarta-feira (3), quando elevou a Selic para 13,75% ao ano.

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No documento, o colegiado disse que “o ciclo de aperto monetário corrente foi bastante intenso e tempestivo”. O Comitê também reiterou que “avaliará a necessidade de um ajuste residual, de menor magnitude em sua próxima reunião”.

“Estamos próximos do final do ciclo. Não acreditamos que esse aumento residual aconteça”, afirma Serrano, que acredita que a reunião do dia 3 de agosto pode ter sido a última do ciclo de aperto monetário.

Na avaliação do time de macroeconomia da XP, a ata sugeriu que o comitê finalizou o ciclo de alta da Selic e que a taxa básica de juros deve permanecer nesse patamar por um longo período até que a inflação desacelere de forma mais clara.

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No radar do mercado e que pode impactar a curva de juros nas próximas sessões, Serrano cita o índice de preços ao consumidor (CPI) dos Estados Unidos de julho, que será divulgado nesta quarta-feira (10).

Além de dados de atividade econômica aqui no Brasil, como Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) e Pesquisa Mensal do Comércio (PMC).

Dentro do Tesouro Direto, as taxas dos títulos de curto e médio prazo recuavam. O Tesouro Prefixado 2025 e o Tesouro Prefixado 2029 ofereciam uma rentabilidade de 11,97% e 12,09%, respectivamente, na última atualização desta terça-feira (9), inferior aos 12% e 12,13% vistos na sessão anterior.

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Na contramão, o Tesouro Prefixado 2033, com juros semestrais, apresentava um retorno anual de 12,23%, acima dos 12,20% registrados ontem.

Nos títulos atrelados à inflação, as taxas permaneciam estáveis.

As negociações do Tesouro IPCA+2032 e o 2040, ambos com juros semestrais, foram suspensas, a partir de hoje, em função do pagamento de juros agendado para o dia 15 de agosto de 2022.

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Por regra do Tesouro Direto, o investimento em títulos que têm cupom de juros é suspenso quatro dias úteis antes da data do pagamento. Da mesma forma, há mudanças nos resgates, que são interrompidos dois dias úteis antes do pagamento do cupom.

Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto na tarde desta terça-feira (9):

Fonte: Tesouro Direto

IPCA

Pressionada pela queda nos preços dos combustíveis, em particular da gasolina e do etanol, além da energia elétrica, a inflação oficial medida pelo IPCA terminou julho no negativo, após registrar variação positiva de 0,67% em junho. No ano, a inflação acumulada é de 4,77%.

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“A Petrobras no dia 20 de julho anunciou uma redução de 20 centavos no preço médio do combustível vendido para as distribuidoras. Além disso, nós tivemos também a Lei Complementar 194/22, sancionada no final de junho, que reduziu o ICMS sobre combustíveis, energia elétrica e comunicações”, explicou o gerente da pesquisa, Pedro Kislanov. “Essa redução afetou não só o grupo de transportes (-4,51%), mas também o de habitação (-1,05%), por conta da energia elétrica (-5,78%). Foram esses dois grupos, os únicos com variação negativa do índice, que puxaram o resultado para baixo”, completou.

Os preços da gasolina caíram 15,48% e os do etanol, 11,38%. A gasolina, individualmente, contribuiu com o impacto negativo mais intenso entre os 377 subitens que compõem o IPCA, com -1,04 ponto percentual (p.p). Além disso, foi registrada queda no preço do gás veicular, com -5,67%.

O pesquisador também destaca que além da redução da alíquota de ICMS cobrada sobre os serviços de energia elétrica, outro fator que influenciou o recuo do grupo habitação foi a aprovação, pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), das Revisões Tarifárias Extraordinárias de dez distribuidoras espalhadas pelo país, o que acarretou na redução nas tarifas a partir de 13 de julho.

Ata do Copom

Outro destaque da agenda econômica está na apresentação da ata do Copom. Para a equipe de macroeconomia da XP, o documento enfatizou que o ambiente global permanece adverso e volátil, com perspectivas de recuo nas projeções para o crescimento mundial, juntamente com uma dinâmica inflacionária mais persistente.

Já no cenário local, o Banco Central avaliou que as políticas temporárias de apoio à renda devem estimular a demanda e que o prolongamento dessas iniciativas pode elevar os prêmios de risco do país e as expectativas de inflação.

Segundo a ata, o Comitê optou por sinalizar que avaliará a necessidade de um ajuste residual com o objetivo de trazer a inflação para o redor da meta no horizonte relevante.

O BC ainda informou que, dada a persistência dos choques recentes, seguirá vigilante e avaliará se somente a perspectiva de manutenção da taxa básica de juros por um período suficientemente longo assegurará tal convergência.

Na visão do time da XP, a autoridade monetária deve aproveitar o momento para parar o ciclo de ajustes e analisar os efeitos defasados da política monetária. Embora acreditem que seja necessária a pausa, os especialistas da casa disseram que a Selic nesse patamar não será suficiente para trazer a inflação para o centro da meta em 2023.

Para eles, a taxa básica de juros nesse nível trará alguma desaceleração. Mas, afirmaram, apenas quando o horizonte da política monetária mudar para 2024, é que o BC poderá ver um espaço para iniciar uma flexibilização do ciclo.