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A quebra do Silicon Valley Bank dá o tom aos mercados nesta segunda-feira (13), dentro e fora do Brasil. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), disse não esperar uma crise sistêmica por conta do problema, mas indicou que o episódio pode impactar os rumos da política monetária em diversas economias.
Haddad afirmou que há pouco espaço para aumento de taxas de juros no mundo e que o Brasil tem uma “gordura” para possivelmente reduzir a Selic, atualmente fixada a 13,75% ao ano. O novo arcabouço fiscal, diz o ministro, deve ser entregue ainda nesta semana.
Lá fora, a próxima reunião do Fomc, o comitê de política monetária americano, será realizada dos dias 21 e 22 de março com uma expectativa redobrada do mercado financeiro. Todos vão querer saber até que ponto a atual crise bancária nos Estados Unidos pode fazer os diretores do Fed darem mais ênfase aos efeitos da alta dos juros sobre a economia do que ao combate à inflação.
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No Tesouro Direto, os títulos públicos aprofundaram a queda vista desde a manhã desta segunda-feira Às 15h27, o piso dos prefixados, detido pelo Tesouro Prefixado 2026, era de 12,26% ao ano, um recuo de 27 pontos-base (0,27 ponto percentual) em relação aos 12,53% de sexta-feira (10).
Os juros mais altos eram do Tesouro Prefixado 2033, de 12,99% ao ano, abaixo dos 13,20% da sessão anterior.
Entre os títulos atrelados à inflação, o maior juro oferecido era do IPCA+ 2045, de 6,44% ao ano, abaixo do registrado na sessão anterior, de 6,50%.
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Confira os preços e as taxas dos títulos públicos disponíveis para a compra no Tesouro Direto na tarde desta segunda-feira (13):
O peso do SVB
A falência do Silicon Valley Bank, nos Estados Unidos, está afetando negativamente o mercado. “Os mercados devem reagir mal e será possível ver qual vai ser a extensão desse problema, se haverá contágio ou não. O SVB foi o primeiro, mas o Signature Bank também apresentou problemas no domingo (12) e já há indicação de que mais bancos vêm por aí”, diz Bruno Komura, analista da Ouro Preto Investimentos.
“Não vemos uma crise sistêmica nos moldes e profundidade que vimos em 2008, dado as grandes diferenças que existem hoje e que foram implementadas desde então”, explicam os analistas da XP. “Além disso, os reguladores e bancos centrais têm atuado muito mais rapidamente para conter o contágio, como vimos nesses últimos dias. Dito isso, a volatilidade e aversão a risco devem seguir dando a tona dos mercados nas próximas semanas”.
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A XP ainda sublinha que o mercado brasileiro também está “em um cenário incerto”: “a dúvida em relação à política macroeconômica futura permanece, em especial como se dará a política fiscal e a política monetária. Essa incerteza traz dúvidas. Caso a crise nos bancos regionais americanos force o Fed a ter uma postura mais frouxa em relação à taxa de juros, como está sendo precificado no mercado, isso pode abrir espaço para o Copom também cortar juros em algum momento esse ano”.
Mayara Rodrigues, analista de research de renda fixa da XP, usou as redes sociais para explicar o movimento de queda das taxas futuras de juros (ao longo de toda a extensão da curva), visto desde a semana passada. Para ela, o movimento foi direcionado, principalmente, pelas perspectivas de apresentação da nova âncora fiscal e pela maior probabilidade de antecipação do início do ciclo de afrouxamento monetário no País pelo Banco Central.
“Na seara internacional, houve aumento da aversão ao risco em decorrência da quebra de do banco americano Silicon Valley Bank, maior instituição financeira dos EUA a quebrar desde a crise financeira de 2008”. Por isso, avalia Mayara, os investidores correram para a segurança dos títulos públicos, fazendo seus preços subirem e, por consequência, reduzindo seus rendimentos (yields).
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Fed NY
As expectativas de curto prazo para a inflação na economia dos EUA caíram para níveis vistos pela última vez há quase dois anos, em 2021, segundo o Federal Reserve de Nova York, em suas projeções divulgadas hoje. Os entrevistados em fevereiro projetaram que a inflação daqui a um ano ficará em 4,2%, uma queda em relação aos 5% do levantamento de janeiro. A expectativa de inflação de 3 anos se manteve estável em 2,7%. A exceção ficou com a expectativa de inflação de 5 anos, que subiu a 2,6%, ante 2,5% da projeção de janeiro.
Arcabouço fiscal
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou, hoje, que a área econômica do governo está “segura” de que a proposta para o novo arcabouço fiscal é “consistente”.
Segundo ele, a ideia é apresentar o texto ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ainda nesta semana, para que o Ministério do Planejamento e Orçamento tenha tempo para utilizar os novos parâmetros na elaboração da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que precisa ser encaminhada ao Congresso Nacional em abril.
“Fechei o arcabouço com a equipe da Fazenda [há duas semanas]. Na semana passada, a área econômica. Vou falar com o vice-presidente [Geraldo Alckmin, que também é ministro do Desenvolvimento Indústria, Comércio e Serviços], se a agenda dele permitir, hoje, e estaremos preparados para levar nesta semana para o presidente Lula”, disse.
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Focus
A projeção de inflação para 2023 feita pelo analistas de mercado foi elevada de 5,90% para 5,96% nesta semana, de acordo com dados divulgados nesta segunda-feira (13) no Relatório Focus, do Banco Central. A expectativa para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) permaneceu a mesma para os anos de 2024 e 2025 e subiu novamente em 2026..
A projeção de inflação oficial de 2024 foi mantida em 4,02% e a de 2025 permaneceu em 3,80%. A de 2026 avançou para 3,79% ante os 3,77% da semana anterior.
Especificamente para os preços administrados, a projeção do IPCA manteve a tendência de alta verificada há 15 semanas e passou de 9,05% para 9,13%. Há um mês, a projeção estava em 8,53%. A estimativa para 2024 foi mantida em 4,40%. A de 2025 ficou nos mesmos 3,94% e a de 2026 estacionou em 4,0%.
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Petróleo
Os preços do petróleo caíram diante da incerteza dos movimentos do Federal Reserve em março, agora que o sistema bancário dos EUA apresentou um forte abalo, com a queda do SVB e do Signature Bank, com outros no radar. O mercado agora entender que pode haver uma pausa temporária nos aumentos das taxas, mas o medo de recessão também avança.
Haddad
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, participou de evento um evento em que a reforma tributária e seus desafios foram debatidos. “Entendo quando ruído sobre medidas econômicas faz preço, mas deveria ser menor”, disse o ministro. Segundo ele, o olhar deveria se voltar para as medidas do governo que estão sendo apresentadas ao Congresso.
Haddad disse também que não está no planos de governo implantar a CPMF e que a reforma tributária pode ser votada na Câmara em junho ou julho.
O ministro criticou a quantidade de impostos que são pagos na fase de investimento: “Está punindo o investidor, punindo o exportador, o industrial, as famílias de baixa renda, que consomem mais produtos industriais do que serviços”.
Agenda
A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado votará amanhã (14) um requerimento para que o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, seja convidado a comparecer ao Congresso para explicar por que a taxa básica de juros está em 13,75% ao ano.
Investidores se preparam para a divulgação do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) nos Estados Unidos, prevista para amanhã. O consenso Refinitiv prevê que o índice de fevereiro registre um avanço de 0,4% sobre janeiro. Esse é um dado de destaque para a próxima decisão de juros do Federal Reserve, o Banco Central dos EUA. A próxima reunião da autoridade monetária está prevista para os dias 21 e 22 de março.
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