Tesouro Direto: juros reais de papéis de inflação recuam e chegam até 5,75%, às vésperas do 1º turno

Prefixados oferecem rentabilidade anual de até 11,98%

Bruna Furlani Katherine Rivas

Dinheiro na carteira (Brenda Beth/Getty Images)
Dinheiro na carteira (Brenda Beth/Getty Images)

Publicidade

As taxas dos títulos públicos recuam na tarde desta sexta-feira (30), no último pregão antes do primeiro turno. Nos prefixados, as taxas apresentam queda de até 18 pontos-base, já nos papéis de inflação a baixa é de até 8 pontos-base.

Segundo Igor Cavaca, gestor da Warren Asset Management, o movimento de queda nas taxas é fruto da repercussão do mercado diante de uma notícia da revista Veja, de que Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central, poderia ser o ministro da Fazenda em uma eventual vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (Lula). “Isso acabou movimentando os mercados nesta tarde, na expectativa de que caso Lula ganhe não teremos gastos fiscais tão ruins para os próximos anos”, afirma Cavaca.

O gestor cita também uma reversão ao movimento observado durante a semana, por conta da melhora dos ativos de risco internacionais em relação ao mercado doméstico.

Newsletter

Liga de FIIs

Receba em primeira mão notícias exclusivas sobre fundos imobiliários

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

No radar do mercado e que deve impactar a curva de juros na próxima semana, Cavaca coloca as eleições como principal fator. Ele cita também as vendas do varejo, que na visão dele podem ditar um pouco das expectativas em relação a economia real.

Dentro do Tesouro Direto, a maior queda era no título prefixado de longo prazo. O Tesouro Prefixado 2033, com juros semestrais, oferecia um retorno anual de 11,98%, inferior aos 12,16% vistos na quinta-feira (29).

Já o Tesouro Prefixado 2025 e o Tesouro Prefixado 2029 apresentavam uma rentabilidade anual de 11,64% e 11,83%, respectivamente, abaixo dos 11,74% e 11,99% da sessão anterior.

Continua depois da publicidade

Nos títulos atrelados à inflação, as taxas recuavam entre 7 e 8 pontos-base. O maior ganho real era de 5,75%, do Tesouro IPCA+ 2055.

Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto na tarde desta sexta-feira (30):

Fonte: Tesouro Direto

Setor público

No noticiário doméstico, o setor público consolidado registrou déficit primário de R$ 30,3 bilhões em agosto de 2022, ante superávit de R$ 16,7 bilhões em agosto de 2021, conforme trouxe hoje o Banco Central. O Governo Central apresentou déficit de R$ 49,8 bilhões, e os governos regionais e as empresas estatais, superávits de R$ 18,5 bilhões e de R$ 970 milhões, respectivamente.

Continua depois da publicidade

O déficit no mês foi maior que o estimado pelo mercado. O consenso Refinitiv apontava para R$ 28,75 bilhões negativos.

Nos doze meses encerrados em agosto, o superávit primário do setor público consolidado atingiu R$ 183,5 bilhões, equivalente a 1,97% do Produto Interno Bruto (PIB).

Debate na Globo

Na reta final para o primeiro turno, os dois candidatos que lideram as pesquisas de intenção de voto para o Palácio do Planalto, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL), não tiveram interações diretas regulares no último debate entre os presidenciáveis antes do primeiro turno, promovido pela TV Globo ontem (29), mas protagonizaram um duelo peculiar com ataques durante interações com outros candidatos e uma enxurrada de pedidos de direitos de resposta.

Continua depois da publicidade

O centro dos enfrentamentos envolveu mais uma vez a pauta da corrupção, levantada logo no início do debate, em dobradinha feita pelo candidato Padre Kelmon (PTB) com Bolsonaro. Pesquisas e diversos analistas políticos, no entanto, vêm indicando que, ao contrário do que ocorreu em 2018, a corrupção não é tema prioritário para o eleitor no pleito deste ano.

Inflação nos EUA e na zona do euro

Enquanto isso, na cena externa, investidores monitoram com atenção o núcleo do índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) nos Estados Unidos, que subiu 0,6% em agosto na comparação mensal e 4,9% na anual, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (30) pelo Departamento de Comércio americano.

Com o resultado, o indicador acelerou na comparação com julho (quando subiu 0,1% na base mensal e 4,6% na anual) e ficou acima da expectativa do mercado (que projetava uma alta mensal de 0,5% e anual de 4,7%, segundo a Refinitiv).

Continua depois da publicidade

O núcleo do PCE exclui os preços de alimentos e energia, que são mais voláteis. Considerando esses preços, a inflação de consumo americana (medida pelo PCE) foi de 0,3% na base mensal e 6,2% na anual.

O índice de preços PCE é conhecido por capturar a inflação (ou deflação) em uma ampla gama de despesas do consumidor e refletir mudanças no comportamento do consumidor. Ele é observado de perto pelo Federal Reserve (FED) para auxiliar na condução da política monetária.

A inflação anual ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) na Zona do Euro, por sua vez, subiu para 10,0% em setembro, de acordo com estimativa divulgada hoje pelo Eurostat, o escritório de estatísticas da União Europeia. Em agosto, a taxa anualizada foi de 9,1%. A variação mensal foi estimada em 1,2%.

Continua depois da publicidade

A variação dos preços superou as estimativas do mercado. O consenso Refinitiv previa uma inflação anualizada de 9,7%. Entre os principais componentes da inflação na região, o destaque continua a ser dos preços de energia, que subiram 40,8% em setembro ante o mesmo mês de 2021 (em agosto, a alta foi de 38,6%).