Tesouro Direto: juros de títulos recuam com fatiamento da PEC dos Precatórios; retornos de prefixados voltam a ficar abaixo de 12%

Investidores acompanham ainda piora da Covid-19 na Europa e declarações do diretor do banco central americano sobre a aceleração do tapering nos EUA

Bruna Furlani

Notas de Real (Marcelo Casal Jr / Agencia Brasil)
Notas de Real (Marcelo Casal Jr / Agencia Brasil)

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SÃO PAULO – A ideia de que a solução para a aprovação da PEC dos Precatórios no Congresso possa envolver uma “PEC Paralela”, com o objetivo de iniciar de forma mais rápida os pagamento de R$ 400 já no começo de dezembro, deu o tom às negociações nesta sexta-feira (19).

Para agentes financeiros, a tramitação em paralelo pode ajudar a reduzir os riscos fiscais que envolvem o processo de apreciação da PEC dos Precatórios no Congresso. Com isso, o mercado de títulos públicos negociados no Tesouro Direto opera com queda nas taxas na atualização das 15h20.

O recuo é maior entre os papéis prefixados, como o Tesouro Prefixado 2024. Na atualização das 15h20, o retorno oferecido por esse título era de 11,96% ao ano, contra 12,04% no início da manhã. Um dia antes, o percentual oferecido era de 12,14% ao ano. No mesmo horário, a rentabilidade oferecida pelo Tesouro Prefixado 2031 era de 11,65%, abaixo dos 11,68% da manhã e dos 11,74% ao ano, do dia anterior.

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Com isso, a diferença entre a remuneração do título de prazo mais curto (2024) e o de prazo mais longo (2031) chegava a 31 pontos-base. Na semana anterior, essa distância alcançou os 51 pontos-base, em dias de maior estresse. Entenda o que explica esse fenômeno em que os papéis de vencimento mais próximo oferecem juros maiores do que os de prazo mais alongado.

Já entre os títulos atrelados à inflação, o retorno real oferecido pelo Tesouro IPCA+ 2026 recuava de 5,20% ao ano, na sessão anterior, para 5,14%, na atualização das 15h20, contra 5,16% na abertura dos negócios. As taxas oferecidas pelo Tesouro IPCA+ 2055, com pagamento semestral de juros, por sua vez, eram de 5,30%, frente aos 5,33% ao ano registrados um dia antes.

A distância entre a rentabilidade oferecida pelo papel de prazo mais curto (2026) e o de prazo mais longo (2055) chegava a 16 pontos-base (0,16 ponto percentual), durante a tarde. Um dia antes, essa diferença era de 13 pontos-base (0,13 ponto percentual).

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Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto que eram oferecidos na tarde desta sexta-feira (19): 

Taxas Tesouro Direto
Fonte: Tesouro Direto

Falas de Campos Neto

O destaque da agenda econômica local está no discurso de Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central. Em evento organizado pelo Grupo Parlatório nesta sexta-feira (19), Campos Neto disse que a autoridade monetária deverá revisar para baixo as projeções para a atividade econômica em 2022, que hoje preveem uma expansão de 2,1% no ano que vem.

O aumento da inflação, segundo o presidente do BC, está mais espalhado, ressaltando que houve impacto forte nos preços pela elevação dos alimentos num primeiro momento e, depois, pelo choque de energia elétrica e combustíveis.

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Campos Neto reconheceu ainda que a expectativa de inflação para 2022 está “saindo um pouco da meta”, com aceleração recente desse movimento, mas frisou que o BC tem atuado elevando as taxas de juros.

PEC dos Precatórios e câmbio

Mais uma vez, as atenções na cena política estão voltadas para as discussões em torno da PEC dos Precatórios no Senado. Ontem, líderes da Câmara e do Senado Federal se reuniram para costurar um acordo que prevê que sugestões de mudanças feitas pelos senadores tramitem em paralelo, numa espécie de “PEC Paralela“.

A ideia seria fatiar a proposta, garantindo a promulgação dos pontos em comum aprovados pelas duas casas legislativas tão logo os senadores votem o texto ‒ o que ajudaria o governo a operacionalizar o Auxílio Brasil de R$ 400,00 ainda em dezembro.

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Desta forma, uma “PEC paralela” iria para a Câmara dos Deputados apenas com as mudanças aprovadas pelos senadores. Uma vez aprovada sem novas alterações, também seguiria para promulgação pelo Congresso Nacional.

Caso o acordo prospere, a votação no Senado e a promulgação da medida seriam feitas já na semana do dia 30, dando prosseguimento ao pagamento do benefício.

Em entrevista à GloboNews na quinta-feira, Fernando Bezerra (MDB-PE), relator da PEC dos Precatórios no Senado, disse que o governo está aberto para tornar o novo programa de transferência de renda permanente, e não transitório até o fim de 2022, como vem sendo aventado no momento.

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O parlamentar também falou sobre a possibilidade de criar uma comissão mista no Congresso para acompanhar o pagamento dos precatórios, que são dívidas da União às quais não cabe mais recurso.

Cena internacional

No radar externo, investidores repercutem a fala de Christopher Waller, diretor do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), que defendeu nesta sexta-feira a aceleração do “tapering”, redução do programa de compras de ativos da autoridade monetária.

“A rápida melhora no mercado de trabalho e a deterioração dos dados da inflação levaram-me a favorecer um ritmo mais rápido de tapering e uma remoção mais rápida da acomodação em 2022”, argumentou Waller, em evento no Centro de Estabilidade Financeira, em Nova York.

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Também nos Estados Unidos, investidores se mantêm atentos para a escolha do próximo presidente do Federal Reserve, cujo nome deve ser anunciado neste fim de semana por Joe Biden, presidente dos Estados Unidos. Muitos esperam a nomeação de Lael Brainard, o que poderia abrir espaço para uma política ainda mais expansionista. Isso poderia fazer com que o Fed, banco central americano, demorasse mais tempo para elevar as taxas de juros ou desacelerar o ritmo de compra de títulos.

Já na Europa, o mercado monitora com preocupação o rápido avanço da Covid-19. Diversos países registram recorde de novos casos diários, fazendo com que governos imponham medidas parciais de lockdown e regras mais rígidas sobre quem ainda não se vacinou contra a doença.

Nesta sexta-feira, Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu (BCE), sinalizou que a autoridade monetária não deve apertar as suas políticas face à inflação, já que isso pode sufocar ainda mais a economia, dando a entender que a compra de títulos deve continuar no próximo ano.

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