Tesouro Direto: prefixados oferecem até 12,01%, após incertezas no Reino Unido e dados dos EUA

Ganho real dos papéis de inflação chega a 5,81%

Bruna Furlani

(CarlaNichiata/Getty Images)
(CarlaNichiata/Getty Images)

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As taxas dos títulos públicos avançam na tarde desta sexta-feira (14). Nos prefixados, as taxas sobem até 15 pontos-base, enquanto nos papéis atrelados à inflação, as taxas avançam até 3 pontos-base.

Segundo Luciano Costa, economista-chefe da Monte Bravo Investimentos, o movimento nas taxas é puxado pelo cenário externo, com dados do varejo nos Estados Unidos e sentimento do consumidor.

As vendas no varejo dos Estados Unidos ficaram estáveis (0,0%) em setembro ante agosto, para US$ 684 bilhões, segundo dados com ajustes sazonais divulgados hoje pelo Departamento do Comércio. Os dados revisados de agosto mostraram alta de 0,4%.

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O resultado de setembro veio aquém do esperado pelo mercado. O consenso Refinitiv apontava para alta de 0,2% no mês.

O economista destaca também dados da Universidade de Michigan. O índice de sentimento do consumidor nos Estados Unidos subiu de 58,6 em setembro para 59,8 em outubro, segundo pesquisa preliminar. O mercado previa alta do indicador a 59.

A pesquisa também mostrou que expectativas para a inflação em um ano avançaram de 4,7% em setembro para 5,1% na prévia de outubro. Já para o horizonte de cinco anos, a expectativa de inflação aumentou de 2,7% para 2,9% no mesmo período. “Isso fez com que as Treasuries, títulos do Tesouro Americano, avancem até superar o patamar de 4%, para os títulos com vencimento em dez anos”, afirma Costa.

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No Brasil, o economista destaca  números de vendas de serviços. Em agosto, o setor cresceu 0,7% na comparação mensal, valor que ficou acima do previsto pelo mercado.

“Serviços lideram o crescimento doméstico, já indústria e comércio estão com dificuldades de se recuperar, ainda sentindo efeitos da inflação no curto prazo”, avalia o economista. Na visão dele, serviços teve os impactos da reabertura e da demanda das famílias por comunicação e tecnologia no pós-pandemia.

Ainda no radar do mercado, Costa aponta para a demissão de Kwasi Kwarteng, ministro das Finanças do Reino Unido, pouco mais de um mês de ele anunciar um orçamento de corte de impostos que provocou a queda da libra para patamares mínimos. “A sinalização de que o pacote de redução será feito de forma gradual ajudou a acalmar os investidores evitando uma alta maior nas Treasuries”, completa.

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Além da curva prefixada, os juros reais ganhavam espaço, segundo Costa pelo fim do período de deflação nos dados do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) mensal. “A partir de outubro, a inflação deve ficar positiva e a pressão implícita deve ser equilibrada na precificação das taxas dos título”, diz.

Dentro do Tesouro Direto, a maior alta era do prefixado de médio prazo. O Tesouro Prefixado 2029 oferecia às 15h28 um retorno anual de 11,89%, acima dos 11,74% vistos na quinta-feira (13).

Já o Tesouro Prefixado 2025 e o Tesouro Prefixado 2033, com juros semestrais, apresentavam uma rentabilidade anual de 11,78% e 12,01%, respectivamente, superior aos 11,68% e 11,87% registrados na sessão anterior.

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Nos títulos atrelados à inflação, as taxas subiam entre 2 e 3 pontos-base. O maior ganho real registrado era de 5,81%, do Tesouro IPCA+ 2035 e o Tesouro IPCA+ 2045.

Confira os preços e as taxas dos títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto na tarde desta sexta-feira (14): 

Fonte: Tesouro Direto

China e commodities

Na cena externa, investidores monitoram novos números de inflação da China. Hoje, o Departamento Nacional de Estatísticas (NBS, na sigla em inglês) informou que o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) do País subiu 2,8% em setembro ante igual mês de 2021.

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O resultado representa uma aceleração após a alta de 2,5% em agosto, mas veio em linha com a previsão de analistas: o consenso Refinitiv apontava exatamente para 2,8%. Ante agosto, o CPI chinês avançou 0,3% no mês passado, um pouco abaixo dos 0,4% previstos.

Já o índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) do País subiu 0,9% na comparação anual de setembro. O dado ficou abaixo da projeção do mercado, que era de elevação de 1,0%. No confronto mensal, o PPI recuou 0,1% em setembro.

Destaque também para as commodities. As cotações do petróleo recuam nesta sexta-feira, com o aumento dos estoques de petróleo e de gasolina nos Estados Unidos, enquanto a Arábia Saudita e Washington continuam a discordar sobre a posição da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) de reduzir a produção da commodity.

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Serviços

Já na cena local, o volume dos serviços prestados no Brasil cresceu 0,7% entre os meses de julho e agosto. Esse foi o quarto resultado mensal positivo seguido. No acumulado do ano, a alta atinge 8,4% e, em 12 meses, chega a 8,9%.

Com esse resultado, o setor está 10,1% acima do patamar pré-pandemia e 0,9% abaixo do seu nível mais alto, que foi atingido em novembro de 2014. Frente a agosto de 2021, houve alta de 8%%. Os dados são da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) e foram divulgados nesta sexta-feira (14) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Os resultados vieram acima do esperado pelo mercado, pois o consenso Refinitiv estimava alta de 0,2% na comparação mensal e 6,9% na anual.

O avanço do volume de serviços em agosto foi acompanhado por três das cinco atividades pesquisadas pelo IBGE, com destaque para outros serviços (+6,7%), que se recuperaram da queda de 5,0% no mês anterior, e informação e comunicação (+0,6%), que avançou 1,8% nos últimos dois meses.

A outra expansão do mês foi de serviços prestados às famílias (+1,0%), seu sexto crescimento seguido, período em que acumulou 10,7% de alta. Em sentido oposto, os transportes (-0,2%) exerceram a única influência negativa de agosto. Já os serviços profissionais, administrativos e complementares mostraram estabilidade no mês (0,0%).

Folha do setor de saúde e pesquisas eleitorais

Na cena política, o candidato à reeleição para a Presidência da República, Jair Bolsonaro (PL), disse ontem (13) que, se vencer o pleito, vai desonerar a folha de pagamento do setor de saúde.

“Pedi para [o ministro da Economia, Paulo Guedes] desonerar a folha [de pagamento] da saúde no Brasil. São 17 setores que já estão desonerados, e ele falou que eu poderia anunciar a desoneração da saúde no Brasil. O impacto é compatível”, disse. “Hoje o setor não desonerado paga um imposto em cima da folha de 20%. A desoneração passa a ser de 1% a 4% do faturamento bruto da empresa. Vai ser vantajoso, e vamos dar mais uma sinalização para questão do piso da enfermagem no Brasil”, completou.

Destaque também para a primeira pesquisa do instituto AtlasIntel para o segundo turno da eleição presidencial, divulgada ontem (13). O levantamento mostrou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com 51,1% das intenções de voto contra 46,5% do presidente Jair Bolsonaro (PL), que tenta a reeleição.

Os indecisos e aqueles que disseram que irão votar nulo ou branco representaram 2,4%, de acordo com a pesquisa que entrevistou 4.500 pessoas pela internet, em 1.483 municípios, entre os dias 8 e 12 de outubro. A margem de erro da pesquisa é de um ponto percentual.