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As taxas dos títulos públicos avançam na tarde desta quinta-feira (25). Nos títulos prefixados, todas as taxas sobem 10 pontos-base, já nos papéis de inflação as taxas avançam entre 2 e 10 pontos-base.
Segundo Cristiane Quartalori, economista do Banco Ourinvest, o dia é marcado por cautela no mercado com forte expectativa em relação a falas de dirigentes do Federal Reserve (Fed, banco central americano) em simpósio de Jackson Hole, que ocorre nos Estados Unidos. O evento é mundialmente conhecido pela presença de autoridades de política monetária de todo o mundo.
“O mercado ainda não conseguiu ter uma leitura mais clara sobre quais serão os próximos passos do Fed em relação aos juros, e por isso existe essa cautela, que impacta também as taxas no Brasil”, afirma Cristiane.
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Na cena local, a economista destaca que foi um dia sem grandes indicadores econômicos. O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec) caiu 1,8% em agosto ante julho para 124 pontos. “Mesmo com os ingressos do Auxílio Brasil, houve uma queda e os dados são pouco conclusivos”, cita.
Na visão de Cristiane, embora os indicadores de inflação estejam vindo abaixo do esperado, como foi o caso do IPCA-15 (prévia da inflação de agosto), o patamar da inflação ainda é elevado. “Existe a sinalização de que o Banco Central está próximo do fim de ciclo de aperto monetário, mas existem dúvidas se vai parar de subir os juros ou não”, avalia.
No radar do mercado e que deve impactar a curva de juros nesta sexta-feira (26) está o discurso de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, em Jackson Hole.
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Dentro do Tesouro Direto, todas as taxas dos prefixados sobem 10 pontos-base.
O Tesouro Prefixado 2025 e o Tesouro Prefixado 2029 ofereciam às 15h23 um retorno anual de 12,14% e 12,09%, respectivamente, acima dos 12,04% e 11,99% registrados na sessão anterior.
Já o Tesouro Prefixado 2033, com juros semestrais, apresentava uma rentabilidade anual de 12,22%, superior aos 12,12% vistos na véspera.
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Nos títulos atrelados à inflação, o Tesouro IPCA+ 2026 registrava a maior alta nas taxas. O título público oferecia um ganho real de 5,68%, acima dos 5,58% da sessão anterior.
O maior ganho real entre os títulos era de 5,90%.
Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto na tarde desta quinta-feira (25):
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O que mexe com os juros e a renda fixa agora?
A sinalização dada pelo Banco Central na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), de que a Selic deverá se manter em 13,75% ao ano por mais tempo, provocou uma reviravolta na curva de juros e fez as taxas despencarem no último mês.
Movimentos externos recentes, porém, operaram no sentido contrário nos últimos dias, levando a ajustes nos juros, que voltaram a subir. Entre os fatores que impulsionaram a alta recente estão a percepção de agentes financeiros de que o Federal Reserve (Fed, banco central americano) terá que adotar uma postura mais dura para conter a inflação no país, elevando os juros em 0,75 ponto percentual na sua reunião de política monetária marcada para setembro.
Nesta quinta-feira (25), por exemplo, o mercado enxergava 62,5% de chance de que o Fed fizesse uma elevação mais agressiva – de 0,75 ponto percentual – nos juros americanos, contra 37,5% de apostas em uma alta de 0,50 ponto, de acordo com o CME Group. Uma semana atrás, o cenário era o oposto: mais da metade dos analistas via a subida de 0,50 ponto como a mais provável.
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A política monetária americana interfere nos movimentos dos juros no Brasil. Se os juros subirem mais do que o esperado nos Estados Unidos, é esperado que os retornos dos títulos públicos do país (treasuries) também avancem, diz Lucas Queiroz, estrategista de renda fixa para pessoa física do Itaú BBA.
A tendência, afirma Queiroz, é que isso incentive um fluxo maior de investimentos para a renda fixa pública americana e prejudique os fluxos para os títulos públicos brasileiros, o que pode levar as taxas dos papéis negociados no Tesouro Direto, por exemplo, a subir mais para atrair investidores.
“Uma subida dos juros lá nos Estados Unidos deve proporcionar um avanço do dólar em relação ao real e uma elevação das taxas no Brasil”, defende o estrategista.
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Luiz Eduardo Portella, sócio e gestor da Novus Capital, vai na mesma linha e se mostra especialmente preocupado com a subida do rendimento do papel americano (treasury) de dez anos, que fechou em 3,109% na quarta-feira (24). “Se o título começar a caminhar para 3,5% ao ano, isso pode contaminar a curva de juros no Brasil”, observa.
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Europa e EUA
Na cena externa, o PIB dos Estados Unidos é o destaque do dia. A segunda estimativa do Bureau of Economic Analysis (BEA), divulgada hoje, indicou que a economia americana recuou 0,6% no segundo trimestre em termos anualizados, na comparação com o primeiro trimestre.
A primeira estimativa tinha apontado recuo de 0,9% do PIB, muito abaixo da expectativa do mercado, o que indicou que a economia americana tinha entrado em recessão técnica (quando há queda no PIB por dois trimestres seguidos). O resultado de hoje, porém, veio melhor do que a expectativa, pois o consenso Refinitiv projetava que a queda ia ser de -0,8%.
O dia também foi de apresentação de dados de atividade econômica da Alemanha. Segundo o escritório de estatísticas alemão Destatis, a economia alemã cresceu 0,1% no segundo trimestre na comparação trimestral e 1,7% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Economistas consultados pelo The Wall Street Journal previam que a economia alemã ficaria estagnada no segundo trimestre, em linha com a estimativa preliminar anterior da Destatis.
A apresentação da ata da última reunião do BCE também movimenta hoje o mercado. O documento destacou que um “número muito grande” de dirigentes considerou apropriado elevar seus juros básicos em 50 pontos-base no último encontro.
Na ocasião, o BCE surpreendeu os analistas, que vinham apostando numa alta mais moderada, de 25 pontos-base. Na ata, a autoridade monetária justificou que o ajuste de meio ponto porcentual “forneceu mais clareza aos participantes de mercado num ambiente altamente incerto” e que, mesmo após o aumento, a postura de política monetária permanece acomodatícia.
Além disso, a decisão deve ser interpretada como uma “aceleração da saída das taxas negativas”, disse a autoridade monetária.
Atenção também para a China. Segundo a Reuters, o calor extremo que atinge o gigante asiático tem afetado negativamente a produção agrícola e o abastecimento de energia elétrica no País.
Rombo fiscal
O projeto de lei orçamentária para 2023, que será enviado ao Congresso até o final deste mês, prevê um déficit primário entre 60 e 65 bilhões de reais para o governo central, disseram duas fontes do Ministério da Economia à Reuters, com o governo voltando ao vermelho após o superávit primário esperado para este ano, o primeiro desde 2013.
As fontes, que falaram sob condição de anonimato já que a proposta ainda não é pública, sinalizaram que o número efetivo pode ser bem pior, porque o impacto do Auxílio Brasil ampliado de 400 reais para 600 reais não foi incorporado às contas, apesar do entendimento geral de que será colocado em prática.
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