Tesouro Direto: taxas dos títulos públicos recuam com queda no câmbio, combustíveis no radar e percepção menor de risco

Títulos prefixados ofereciam um retorno anual de até 11,64%; títulos públicos de inflação para 2030 e 2040 voltam a ser negociados

Bruna Furlani Katherine Rivas

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As taxas dos títulos públicos operam em queda nesta terça-feira (15), puxadas pela diminuição da percepção de risco e a valorização do real frente ao dólar.

Segundo Bruno Martins, gestor de renda fixa da Warren, o principal fator que impacta a curva de juros brasileira hoje é a diminuição da percepção de risco relativa ao conflito entre a Rússia e Ucrânia.

Ele explica que apesar da Rússia ter retirado apenas parte da força militar da fronteira com a Ucrânia, a sinalização diminuiu a percepção de um conflito iminente, o que acabou aliviando os juros. “O recuo russo também diminui a probabilidade de uma escalada militar dos Estados Unidos, que havia sinalizado desconforto com os movimentos russos”, destaca Martins.

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Neste cenário, as taxas dos títulos públicos de curto e longo prazo operam em queda, com impacto direto da melhora no cenário internacional.

O gestor da Warren explica ainda que a curva de juros chegou a recuar cerca de 10 pontos-base durante o dia, por causa da valorização do real frente ao dólar. Por volta das 15h18, o dólar comercial apresentava queda de 0,58%, cotado a R$ 5,187. “O dia é de diminuição de aversão ao risco nos mercados globais”, aponta Martins.

O mercado monitora ainda possível adiamento da votação do pacote relacionado ao preço dos combustíveis no Senado, que estava pautado para a sessão desta quarta-feira (16).

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Os projetos em discussão têm grande impacto fiscal, o que preocupa o mercado. “Isso minimiza o custo fiscal no futuro, diminuindo as taxas de juros”, cita Martins.

Dentro do Tesouro Direto, as taxas dos títulos prefixados apresentavam queda generalizada, contudo a maior baixa foi do Tesouro Prefixado 2024. O título público oferecia uma rentabilidade anual de 11,64% às 15h17, abaixo dos 11,73% vistos ontem.

Enquanto o Tesouro Prefixado 2026 e o Tesouro Prefixado 2031 – esse último com pagamento de juros semestrais- entregavam um retorno de 11,27% e 11,49%, respectivamente, inferior aos 11,35% e 11,52% da segunda-feira (14).

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Nos títulos atrelados à inflação, o maior impacto foi nas taxas de curto prazo. É o caso do Tesouro IPCA+ 2026 que oferecia nesta terça-feira uma rentabilidade real de 5,26%, abaixo dos 5,29% registrados ontem.

Após vários dias com as negociações suspensas por causa do pagamento semestral de cupom, os títulos com vencimento em 2030 e 2040 voltaram a ser negociados, oferecendo retornos reais de 5,51% e de 5,62% ao ano, respectivamente.

Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto que eram oferecidos na tarde desta terça-feira (15): 

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Fonte: Tesouro Direto

Pacote de Combustíveis

Líderes do Senado cogitam um adiamento da votação do pacote relacionado ao preço dos combustíveis, pautado para a sessão da quarta-feira (16), no plenário da Casa. O líder do PSDB no Senado, Izalci Lucas (DF), afirmou que pedirá o adiamento da discussão com a convocação de uma audiência pública sobre o tema.

“Nós estamos com disposição para votar, mas o assunto é muito complexo”, disse o tucano ao Broadcast Político.

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O líder do Cidadania, Alessandro Vieira (SE), apresentou um requerimento para adiar a tramitação de uma das propostas, a que cria um subsídio para a gratuidade da tarifa de ônibus a idosos nos municípios.

A falta de articulação do governo do presidente da República, Jair Bolsonaro, é um dos motivos apontados para o impasse. “Quando se tem uma boa liderança, ela traz subsídios suficientes e argumentos para o debate. Enquanto não tem, fica esse negócio, ninguém sabe de nada”, disse o líder do PSDB.

O Senado quer ainda uma resposta do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre a legalidade de propostas que envolvem desoneração e criação de subsídios em ano eleitoral.

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IGP-10

Na agenda econômica local, agentes financeiros repercutem a divulgação do Índice Geral de Preços –10 (IGP-10), que subiu 1,98% em fevereiro, acelerando em relação aos 1,79% registrados no mês anterior.

Os números foram apresentados hoje pela Fundação Getulio Vargas (FGV). Com esse resultado, o índice acumula alta de 3,80% no ano e de 16,69% em 12 meses.

Os grandes destaques da aceleração estão ligados a importantes commodities e combustíveis, como minério de ferro, soja, milho e óleo diesel, segundo André Braz, coordenador dos índices de preços.

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No exterior

Dentro da cena internacional, David Malpass, presidente do Banco Mundial, alertou nesta terça-feira para o quadro atual de inflação elevada, durante evento virtual. Ele considerou que a inflação “será difícil de conter” e prejudicará mais os mais pobres, ao falar no lançamento de um relatório do Banco Mundial.

Malpass ressaltou a importância de um foco em sustentabilidade da dívida pública e privada, não apenas nos países em desenvolvimento, mas também nos mais ricos.

Segundo ele, reestruturar essas dívidas é um tema importante no quadro atual de recuperação após o auge do choque da pandemia, não apenas para governos, mas também para empresas.