TelexFREE: divulgadores receberam ‘cheques’ de até R$ 4 milhões

Nas fotos de uma premiação é possível identificar  associados recebendo cheques com cifras acima de seis zeros

Diego Lazzaris Borges

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SÃO PAULO – A TelexFREE, acusada pelo Ministério Público do Acre (MP-AC) de promover um esquema de pirâmide financeira, mostra em seu site oficial que vários divulgadores teriam ficado milionários participando das atividades da empresa. Em fotos tiradas durante uma festa de premiação, supostos associados aparecem recebendo cheques simbólicos com cifras milionárias – um deles posa para a câmera segurando um cheque de R$ 3,995 milhões.

Nas fotos da premiação é possível identificar outros associados recebendo cheques com cifras acima de seis zeros. Na mesma página, um vídeo de quase 2 minutos mostra algumas cenas da premiação. Um homem, falando ao celular, chega ao local da festa com um carro de luxo. Em depoimento gravado no vídeo, outro associado diz: “Atingi a marca de R$ 1 milhão. Graças a Deus estou entre os TOP 10”. Um outro afirma: “Atingir R$ 1 milhão não é fácil. Agora depois de R$ 1 milhão, [atingir os] R$ 2 milhões é ‘mamão com açúcar’”.

Não fica claro no site quando aconteceu a festa, mas o título do vídeo é 1º Extravaganza 2012 – que indica que a premiação se referia aos ganhos do ano passado.

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Dezenas de outros vídeos não-oficiais estão espalhados pela internet com supostos divulgadores afirmando que fizeram fortuna com a TelexFREE. Em um deles, um homem que se diz divulgador entra em uma concessionária para comprar uma Ferrari. Em diversos outros que circulam no Youtube, pessoas ostentam veículos importados que custam centenas de milhares de reais e dizem que conseguiram comprar devido às suas atividades na empresa.

Acusação de pirâmide
A TelexFREE comercializa um sistema de VoIP (voz sobre IP, que permite realizar chamadas telefônicas pelo computador), mas o MP-AC acusa a empresa um esquema de pirâmide financeira. De acordo com a acusação, o VoIP é pouco utilizado e o mais importante é o dinheiro que circula com a entrada de novos associados. Por isso, as atividades da empresa foram suspensas e os bens bloqueados até que a investigação seja concluída e o processo julgado.

Os divulgadores ganham postando anúncios na internet e com a comercialização das contas VoIP. Mas para impulsionar os rendimentos era necessário trazer mais gente para o sistema e ganhar um percentual de cada nova adesão em diversos níveis.

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De acordo com a advogada Sylvia Urquiza, especialista em Direito Penal Empresarial do escritório Urquiza, Pimentel e Fonti Advogados, se ficar comprovado que a empresa atuava em um esquema de pirâmide financeira, os divulgadores considerados ‘líderes’ também podem ser investigados. “Algumas pessoas podem ser entendidas como coautoras se ficar comprovado que tinham conhecimento que estavam em uma empresa que tem este objetivo [de pirâmide financeira]”, diz.

Procurado pela reportagem do InfoMoney, o advogado da TelexFREE não retornou nenhum dos diversos pedidos de entrevista.

Diego Lazzaris Borges

Coordenador de conteúdo educacional do InfoMoney, ganhou 3 vezes o prêmio de jornalismo da Abecip