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Os dados resilientes da economia americana, em especial no mercado de trabalho, estão fazendo com que os investidores de ações olhem para empresas ligadas à economia doméstica dos Estados Unidos, que podem se destacar quando o país conseguir enterrar a possibilidade de uma recessão.
Nesse cenário, o índice Russell 2000 entra no radar dos gestores – exatamente por ter uma cesta de ações que não acompanharam a alta recente dos mercados americanos.
No acumulado do ano, até a manhã desta segunda-feira (28), o Russel 2000 sobe apenas 5,8%, ante 15,5% do S&P 500 e dos 30,8% do Nasdaq Composite.
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Essa discrepância está ligada aos componentes dos índices. Enquanto os indicadores que mais sobem têm um peso grande de companhias globais e do setor de tecnologia, o Russell 2000 tem as mid e small caps, empresas de menor capitalização – que, em tese, poderiam sofrer mais em um ambiente de recessão.
O Russell 2000 também sofreu com a crise bancária do início do ano, já que possui em sua composição bancos regionais.
As preocupações [com risco de recessão e inflação] continuarão a diminuir à medida que as notícias econômicas seguirem sendo mais positivas. Estamos mais concentrados nas avaliações absolutas de empresas individuais, que em muitos casos nos parecem apelativamente baratas”, justifica relatório da Royce Investment, gestora americana especializada em small caps.
O relatório mostra que o valor médio das ações do Russell 2000 está 28% abaixo da máxima das últimas 52 semanas, o que sinalizada uma oportunidade de ganho. “Nossa expectativa é de que esse potencial seja concretizado nos próximos anos”, aponta.
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O Russell 2000 conta com 2 mil ativos e é bem diversificado em termos de setores: industrial (17,5%), saúde (16,8%), financeiro (14,8%), consumo (13,9%) e tecnologia (10,6%) são os maiores dentro do indicador.
Crocs e rede de cinemas
Entre as maiores participações do índice estão a AMC Entertainment (AMC), que possui uma rede de cinemas e outros empreendimentos, a empresa de calçado Crocs (CROX) e a locadora de veículos Avis (CAR). Mas também há empresas menos conhecidas pelos brasileiros, como a Asana, de software.
Na avaliação da Royce, boa parte das empresas do índice são cíclicas, ou seja, tendem a ter melhor performance com a recuperação da economia americana. E embora ainda veja com cautela o juro em patamar elevado, a gestora vê como positivos os dados econômicos recentes, em especial do mercado de trabalho.
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“É certo que uma aterrisagem suave nos parece cada vez mais provável, enquanto o tipo de recessão profunda e potencialmente prolongada que muitos antecipam desde finais de 2021 parece cada vez menos provável”, defende a gestora.
Os gestores brasileiros que investem no exterior também já olham com mais cuidado para o Russell 2000. Marcelo Karvelis, sócio da Avin Asset, lembra que a valorização do S&P 500 e do Nasdaq se concentrou em poucas ações de tecnologia. O restante das empresas “não andou”. A expectativa é de que com uma economia mais forte, papéis considerados baratos avancem.
“Estamos olhando o índice. É mais um call macro, apostando na solidez da economia americana”, explica.
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A exposição ao índice pode ser feita por ETFs negociados nas bolsas americanas. O maior deles é o Ishares Russell 2000 (IWM), da Blackrock, com um valor de mercado de US$ 53,8 bilhões. Outro ETF relevante é o Vanguard Russell 2000 (VTWO), da gestora Vanguard, que tem um valor de US$ 6,25 bilhões.
Karvelis, no entanto, destaca que há um risco nessa aposta por renda variável nos Estados Unidos – e, mais especificamente, nas empresas de menor capitalização de mercado. A tese de investimento leva em conta que até o ano que vem os juros dos Estados Unidos, atualmente na faixa entre 5,25% e 5,50% ao ano, começarão a cair.
“O risco é ter uma inflação um pouco mais persistente e o Fed (Federal Reserve, banco central americano) não só manter os juros, mas subir um pouco mais”, avalia.
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