Rússia x Ucrânia: gestor da Kinea vê prêmio de risco nas bolsas e oportunidade em commodities

Segundo Ruy Alves, mercado financeiro costuma responder a conflitos do gênero com forte queda - até que seja de fato iniciado

Katherine Rivas

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Até quando a guerra entre a Rússia e a Ucrânia pode puxar as bolsas para baixo? É hora de comprar, fazer hedge (proteção) ou vender? Estas são algumas das indagações respondidas por Ruy Alves, gestor de macro global da Kinea, no Radar InfoMoney desta quinta-feira (24).

Segundo o gestor, considerando tensões geopolíticas e guerras ocorridas no passado, o mercado financeiro, em geral, responde com um comportamento de forte queda até que o conflito seja de fato iniciado. Alves aponta que nesse período o prêmio de risco cresce, até ser precificado quando o conflito começa – a partir de quando uma relativa normalização acontece.

Ele exemplificou lembrando que o tom do mercado foi semelhante na segunda Guerra do Golfo ou na Guerra do Iraque, com forte queda antes de o conflito começar, até o risco ser totalmente precificado. “Quando a guerra começou, o mercado teve rally até 2008”, disse.

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Segundo o gestor, o impacto de hoje, com a queda das bolsas globais, poderia estar mais relacionado à alta dos juros no mundo, e não necessariamente aos conflitos entre a Rússia e Ucrânia.

Médio e longo prazo

Com o mercado bastante sensível, Alves acredita que este é o melhor momento para encontrar oportunidades para médio e longo prazo. “Compre quando tem prêmio de risco”, aconselha aos investidores.

Ele enxerga as commmodities como uma oportunidade estrutural e acredita que o Brasil está bem posicionado em grãos e petróleo, podendo se beneficiar deste cenário.

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Alves cita, por exemplo, que commodities como trigo e milho apresentaram forte alta. Os contratos futuros de gás natural – do qual a União Europeia é muito dependente – chegaram a ter uma disparada de 63% . “A Europa se colocou em uma situação que depende muito do gás natural da Rússia, que passa pela Ucrânia”, comenta.

O exemplo é utilizado por Alves para apontar a necessidade de o investidor identificar as oportunidades neste contexto. “O investidor precisa olhar onde tem prêmio de risco, se tem fluxo de caixa suficiente e se pode alocar sem ser afetado pelo conflito”, afirma.

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Ainda entre as pechinchas do mercado, o gestor aponta ações de tecnologia nos Estados Unidos – como PayPal, Facebook, Netflix e Twitter – que acumulam perdas superiores a 20%.

Fluxo estrangeiro e inflação

O gestor de macro global da Kinea também aponta que o fluxo estrangeiro, que favoreceu o real nos últimos dias, tem a ver com o tamanho do mercado.

Ele explica que o mercado brasileiro é muito pequeno se comparado às bolsas dos Estados Unidos, por exemplo. Por isso, quando há forte entrada de capital pelo investidor estrangeiro, o efeito nos mercados tende a ser grande.

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“Brasil subiu 17% em 2022 [em dólar] e Nasdaq caiu 20%, porque é um mercado pequeno e a entrada de qualquer recurso faz efeito”, disse.  Ele enxerga ainda que o mercado local pode se beneficiar com a disparada das commodities.

Já em relação à inflação, Alves aponta um cenário muito comum nos Estados Unidos, com as classes mais baixas sofrendo com alta dos preços na comida (grãos), gasolina (petróleo) e moradia. Itens que na visão dele também devem afetar a população brasileira.

“Campos Neto [Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central] vai ter que viver com a alta das commodities, isso vai afetar as camadas mais pobres”, diz.

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Katherine Rivas

Repórter de investimentos no InfoMoney, acompanha ETFs, BDRs, dividendos e previdência privada.