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Em uma época em que as grandes potências mundiais são empresas de tecnologia, estar na vanguarda do conhecimento faz toda a diferença. E foi buscando capturar essa revolução tecnológica em seu início que a Kadima foi fundada em 2007, sendo a primeira gestora de fundos quantitativos do Brasil.
Sérgio Blank, sócio-fundador da Kadima, não costuma aparecer muito em entrevistas, deixando a tarefa para Rodrigo Maranhão, gestor e seu sócio na empresa. No episódio 49 do podcast Outliers, no entanto, foi Blank quem contou sobre os bastidores da criação da Kadima, e como nasceu a vontade de desenvolver um processo de investimento todo focado em algoritmos.
“Meu sonho quando montei a Kadima, era criar meia dúzia de modelos matemáticos, deixar rodando e ir para a praia, para depois receber um SMS dizendo quanto eu ganhei. Mas na verdade não é assim que funciona”, disse.
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Apenas em quantidade de modelos, é possível falar em dezenas de milhares. Isso porque um único modelo, ao ser levado para uma camada micro, gera outros algoritmos que vão suprir as necessidades daquela etapa. Nesse caso, é difícil mensurar quantos modelos existem, pois se trata de um conjunto deles.
Além disso, os gestores reforçam que da criação até o período de execução, os modelos demandam monitoramento constante, com a reavaliação frequente de todos parâmetros. Todo trabalho é muito dinâmico.
Tendo entrado no mercado quando algumas pessoas nem sequer tinham computador, planilhas ou o famoso Excel, Blank pontuou que sua trajetória de mercado começou na década de 1990, em um ambiente que era um verdadeiro “playground” para arbitradores. Muita volatilidade, bastante liquidez, diversidade de instrumentos – em especial derivativos – todos operando no mesmo ambiente.
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Além disso, a tecnologia ainda estava em seus primeiros passos. Os analistas precisavam digitar todos os dados da Bolsa. Então, se um arbitrador tivesse uma planilha bem montada e velocidade no “gatilho”, poderia montar operações, ganhar dinheiro e sair sem correr muitos riscos.
Sergio reforçou que com o crescimento de concorrentes, computadores e mais tecnologia, estava claro aquele ganho “fácil” iria desaparecer. Foi aí que pensou em outras formas de ganhar dinheiro no banco. Focando nas estratégias dos famosos hedge funds americanos, ele trouxe a gestão quantitativa para o Brasil.
A gestão quantitativa em sua essência
“No meu entendimento quando você fala de fundo quantitativo sistemático, é um termo muito vago. Não quer dizer muita coisa”, disse Rodrigo Maranhão. Para ele, é necessário separar bem os tipos de estratégias que se enquadram como quantitativas.
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A evolução tecnológica, segundo Maranhão, é notável em todas as esferas da gestão de ativos. Por esse motivo, existem três grandes fatores que devem ser observados para enquadrar um fundo como puramente quantitativo. Primeiro, se a tomada de decisão é feita em sua totalidade de forma sistematizada. Depois, se a execução das ordens também é automatizada. E terceiro, de qual forma o algoritmo foi criado, se tem rigor científico. Se a resposta for positiva para esses três pilares, aí sim, temos uma gestora quantitativa.
Ao serem questionados sobre qual a melhor gestão, entre a quantitativa e discricionária, os gestores da Kadima reforçaram que existem diferentes formas de ganhar dinheiro, e que o mais importante é entender que a gestão fundamentalista também é válida – nem melhor nem pior, apenas diferente.
Se por um lado, é quase impossível replicar em forma de algoritmos estratégias de gestores brilhantes, por outro, temos algoritmos isentos de emoção, que acabam se destacando. Então é possível dizer que são abordagens complementares.
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Ceticismo no mercado
Em sua essência, a gestão quantitativa não leva em consideração previsões macroeconômicas. Tanto que dentro da Kadima o time não possui economistas nem analistas macroeconômicos. Todo trabalho é direcionado para os algoritmos.
Dentro da gestão quantitativa da Kadima, os gestores reforçam que o time é livre para criar algoritmos, mas se o modelo vai dar dinheiro ou não é outra história. Por esse motivo, o trabalho de criação desses algoritmos segue premissas científicas.
São observados os fenômenos no mercado, com a criação de teses para explicar as movimentações. Dessa forma, os analistas encontram brechas para ganhos e direcionam ao time para realizar experimentos que consolidem aquele modelo.
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Mas o trabalho não para por aí. Os estudos precisam ser monitorados com regularidade, para identificar se as premissas continuam válidas ou não.
“O maior pesadelo de um gestor quant é um robô ficar maluco e entrar em looping”, disse Maranhão.
Por isso, ao contrário de ir à praia e deixar os robôs operando, é necessária uma revisão regular, com equipes bem preparadas e scripts de verificação. Aí sim, é possível operar modelos matemáticos que naveguem em diferentes ciclos econômicos e gerem retornos para todos os cotistas.
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O podcast Outliers é apresentado por Samuel Ponsoni, gestor de fundos da família Selection na XP, e Carol Oliveira, coordenadora de análise de fundos da XP.
A entrevista completa e os episódios anteriores podem ser conferidos por Spotify, Deezer, Spreaker, Apple e demais agregadores de podcasts. Além disso, o podcast estreou no formato de vídeo no canal da XP no Youtube.