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A poupança registrou captação “menos pior” em novembro, com R$ 3,305 bilhões de resgates líquidos, e tem até aqui um dos melhores retornos da última década em 2023. Mesmo assim, a caderneta perde para todos os instrumentos de renda fixa no Brasil, superando apenas os retornos oferecidos nos Estados Unidos, país que paga menos por ser considerado mais seguro.
Os dados foram levantados por Michael Viriato, sócio-fundador da Casa do Investidor, a pedido do InfoMoney, e mostram que a caderneta perdeu para o CDI – a referência dos investimentos em renda fixa. A favor da poupança, está o fato de ter entregue retorno acima da inflação, de 3,7% até aqui.
O estudo considera o retorno dos investimentos entre 1 de janeiro e 30 de novembro deste ano.
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Nos últimos dez anos, o desempenho da poupança em 2023 só é pior que o retorno entregue em 2016 (8,3%), quando o CDI médio foi de 14%, o recorde da década.
Entre os ativos considerados no levantamento, o melhor retorno (14,8%) foi entregue pelos títulos públicos prefixados (representados pelo índice IRF-M) e os atrelados à inflação com vencimento longo, a partir de cinco anos (representados pelo IMA-B5+).
O menor retorno foi entregue por LCIs e LCAs com retorno médio de 85% do CDI. Esses papéis, porém, são isentos de Imposto de Renda, ao contrário de CDBs, títulos do Tesouro Direto e outros ativos de renda fixa.
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Nos Estados Unidos, o título do Tesouro (Treasury) de 10 anos, referência para todos os mercados, entregou retorno de 0,4% em um ano marcado por muita volatilidade.
Confira o retorno dos principais títulos de renda fixa em 2023:
Poupança | CDI | LCI a 85% CDI | CDB a 110% CDI | Tít Púb Prefixado (IRFM) | Tít Púb de Inflação Curto (IMA-B5) | Tít Púb de Inflação Longo (IMA-B5+) | Treasury 10 anos (EUA) | |
Retorno em 2023 | 8,20% | 12,10% | 10,30% | 13,40% | 14,80% | 10,50% | 14,80% | 0,40% |
Fonte: Michael Viriato, sócio-fundador da Casa do Investidor. Janela: 1 de janeiro e 30 de novembro de 2023
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Veja quanto R$ 10 mil, R$ 50 mil e R$ 150 mil aplicados em cada instrumento se transformariam ao longo 2023:
Poupança | CDI | LCI a 85% CDI | CDB a 110% CDI | Tít Púb Prefixado (IRFM) | Tít Púb de Inflação Curto (IMA-B5) | Tít Púb de Inflação Longo (IMA-B5+) | Treasury 10 anos (EUA) | |
Aplicação de R$ 10 mil | R$ 10.820 | R$ 11.210 | R$ 11.030 | R$ 11.340 | R$ 11.480 | R$ 11.050 | R$ 11.480 | R$ 50.200 |
Aplicação de R$ 50 mil | R$ 54.100 | R$ 56.050 | R$ 55.150 | R$ 56.700 | R$ 57.400 | R$ 55.250 | R$ 57.400 | R$ 50.200 |
Aplicação de R$ 150 mil | R$ 162.300 | R$ 168.150 | R$ 165.450 | R$ 170.100 | R$ 172.200 | R$ 165.750 | R$ 172.200 | R$ 150.600 |
O que esperar de 2024?
Para especialistas, a retrospectiva do próximo ano deverá mostrar taxas menores do que as observadas em 2023. Isso porque a Selic seguirá caindo – as apostas para a taxa no fim do ano estão entre 9% e 9,5% – e o ambiente macroeconômico está melhorando, com percepção de risco fiscal menor, inflação controlada e atividade econômica surpreendendo positivamente.
“Vimos o mercado tentando formar preço durante todo o ano (em 2023), mas vejo muito menos dispersão para a Selic terminal no ano que vem”, comenta Kaique Fonseca, economista e sócio da A7 Capital.
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A trajetória dos juros nos Estados Unidos deve continuar no topo da lista de fatores que fazem preço na renda fixa. Hoje, analistas apostam em início do ciclo de queda de juros em maio ou junho.
No Brasil, há mais otimismo ao entrar em 2024 na comparação com as perspectivas que o mercado tinha para 2023. “Tivemos um segundo semestre com dados econômicos favoráveis, há tentativa do governo de endereçar as questões fiscais e um Ministério da Fazenda surpreendendo positivamente, o que nos faz encerrar 2023 com uma perspectiva bem mais favorável para o Brasil”, diz Cal Constantino, head de renda fixa da Santander Asset.
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Para Fonseca, há grandes chances de que todos os instrumentos de renda fixa superem o CDI em 2024. “Achamos que pode ser parecido com 2017, quando tivemos um CDI médio de 9,9% e todos os ativos de renda fixa performaram acima disso”. A poupança, porém, seria exceção, como aconteceu em 2023.
Nesse contexto, o desejado retorno 1% ao mês vai ficando cada vez mais distante, fazendo com que o investidor procure ativos que paguem mais. “É natural que os investidores olhem para a renda fixa e vejam que não está rendendo mais 1% ao mês, algo que pode ser atingido com fundos imobiliários, por exemplo. Então, no ano que vem, teremos mais dinheiro indo para a renda variável”, projeta Caio Canez de Castro, especialista em mercado de capitais e sócio da GT Capital.
A migração para a renda variável, porém, deve ser gradual, já que o juro real do Brasil segue alto. “Não acredito que com juros a 10% ao ano vai acontecer um movimento de migração tão rápido quanto em 2020, com juros a 2%. Ainda veremos investidores confortáveis com retorno de 6% acima da inflação”, afirma Constantino.
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