(Bloomberg) — Com milhões de pessoas desempregadas ou que agora dependem do governo para obter renda, investidores com foco em questões ambientais, sociais e de governança (ESG, na sigla em inglês) se preparam para examinar os salários de executivos como nunca antes.
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Várias empresas já haviam começado a vincular a remuneração de executivos do alto escalão com seu desempenho em questões sociais e ambientais, mas a ideia deve ganhar muito mais força após o surto de coronavírus, segundo a gestora Nuveen, que administra US$ 1,1 trilhão em ativos. As consequências econômicas da propagação da pandemia de Covid-19 farão com que investidores questionem a estrutura existente de remuneração de executivos e como podem incentivar chefes a focar mais em questões ESG, disse Peter Reali, responsável por engajamento na Nuveen, com sede em Nova York.
“Nenhum plano de remuneração será imune ao Covid-19”, disse Reali. “As empresas não podem se dar ao luxo de ficar surdas com relação à remuneração em termos do contexto social, e o vírus só tende a promover mais debate entre investidores sobre como o ESG deve impactar salários, bônus e incentivos para executivos.”
As consequências da mais profunda recessão mundial desde a Grande Depressão levaram empresas a demitir funcionários ou colocá-los em programas de demissão temporária devido às medidas de confinamento. Mas o impacto é desigual e aumentou a desigualdade econômica e social em vários países. Nesse contexto, a remuneração de executivos será seguida mais de perto do que nunca, assim como as métricas pelas quais os gerentes são classificados: os chefes são incentivados a pensar apenas no preço das ações da empresa ou também olham como tratam seus funcionários e o ambiente?
Empresas globais como Barclays, L’Oreal e Renault reduziram a remuneração dos executivos do alto escalão nas últimas semanas por causa de perdas com a pandemia global.
Scott Minerd, diretor de investimentos da Guggenheim Investments, disse em nota no domingo que “as famílias mais vulneráveis financeiramente são atingidas pela maioria das demissões” e uma recuperação econômica morna poderia levar a uma “revolta populista para combater a grande desigualdade de renda e riqueza” nos EUA. Em breve, “a pressão aumentará sobre formuladores de políticas para reforçar a rede de segurança social e expandir coisas como assistência médica e segurança no trabalho, e talvez até instituir um salário digno garantido”, afirmou.
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