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SÃO PAULO – O Investidor brasileiro teve mais um teste de fogo ao analisar o desempenho de suas aplicações no Tesouro Direto em agosto. Embora a renda fixa possa atrair os interessados em ter maior conservadorismo financeiro, com ativos menos sujeitos a oscilações de preços, o noticiário doméstico tem rendido fortes emoções nos últimos tempos.
Mais uma vez, em meio ao estresse vinculado a questões políticas e fiscais brasileiras, investidores viram os prêmios de papéis negociados no Tesouro Direto aumentarem, como reflexo de uma exigência de retornos mais gordos para emprestar recursos para um governo sob pressão.
As taxas chegaram a ultrapassar os 11% no caso de títulos com rentabilidade prefixada e a pagar juro real de 5%, no caso de papéis com retornos atrelados à inflação de longo prazo.
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Oportunidade para alguns, preocupações para outros, que têm visto os rendimentos acumulados no Tesouro caírem mês após mês.
Em agosto, não foi diferente e a maior baixa partiu do papel Tesouro IPCA+ com vencimento em 2045, cujo preço recuou cerca de 4% no mês passado, com queda acumulada de 20,7%, no ano. Quanto maior o prazo do papel, maior a imprevisibilidade do cenário, portanto é natural que as oscilações de preços sejam mais amplas.
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De toda forma, todos os títulos atualmente disponíveis para compra no Tesouro Direto tiveram queda dos preços (e consequente alta das taxas) em agosto, assim como registram baixa em 2021. Vale lembrar, contudo, que as perdas apontadas só serão efetivas se o investidor decidir vender os papéis antecipadamente. Se carregá-los até o vencimento, o retorno vai respeitar as taxas e as condições contratadas no momento de aquisição dos títulos.
Confira a seguir como se comportaram os títulos públicos disponíveis para novos investimentos em agosto, no acumulado do ano e em 12 meses.
Inflação e teto fiscal preocupam
Há uma série de questões em pauta que têm ditado o rumo dos mercados de forma geral, inclusive dos títulos públicos.
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As preocupações com relação a um descontrole fiscal estão cada vez mais altas, com investidores atentos à possibilidade de rompimento do teto de gastos em meio à falta de uma saída clara para o parcelamento dos precatórios e de olho ainda nas despesas programadas pelo governo para o Auxílio Brasil (novo programa que deve substituir o Bolsa Família).
O governo encaminhou ontem ao Congresso Nacional o Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2022. A proposta prevê que o Auxílio Brasil tenha o mesmo nível de recursos previstos para o antigo programa em 2021, que foi estimado em R$ 34,7 bilhões. O texto enviado inclui ainda que o salário mínimo vá para R$ 1.169 em 2022.
Outro ponto de tensão reside na inflação, especialmente com a piora da situação hídrica do país. Ontem (31), a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e o Ministério de Minas e Energia anunciaram uma nova bandeira tarifária, com alta de 49,63% na cobrança extra a partir de setembro. A Aneel estima que o impacto final na conta de luz será de 6,78%.
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A medida deve resultar em uma inflação ainda mais pressionada. O mercado financeiro vem revisando a projeção para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) há 21 semanas, com a última estimativa do relatório Focus, do Banco Central, apontando para alta de 7,27% em 2021, com uma taxa Selic de 7,50% em dezembro.
Nesta quarta-feira, contudo, equipes de instituições como Bank of America e XP já elevaram as expectativas para a inflação diante da conta de luz mais cara (leia mais aqui), o que pode se traduzir em novos aumentos das projeções em relação ao ciclo de aperto monetário em curso pelo Banco Central.
Enquanto isso, o cenário político também rende preocupações aos investidores, diante do clima de tensão entre o Executivo e o Judiciário e das constantes ameaças de ruptura por parte do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), em um contexto ainda de retomada econômica gradual, em função da pandemia de Covid-19.
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