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O momento é da renda fixa internacional. Os papéis considerados os mais seguros do mundo – as Treasuries, títulos públicos dos Estados Unidos – estão pagando o maior rendimento em mais de dez anos para os vencimentos curtos e longos.
“Aqui no Brasil é comum a renda fixa pagar juros altos, então o brasileiro acha que não é nada demais um título dos Estados Unidos pagando 5%. Mas não é trivial. É um evento incomum e que deve ser aproveitado”, diz Larissa Frias, planejadora financeira do C6 Bank.
Em agosto, os títulos públicos de 10 e 30 anos dos EUA atingiram o maior nível de rendimento desde a crise de 2008, ao chegar a 4,35% e 4,46% ao ano, respectivamente. Nesta terça-feira (5), o retorno era de 4,38% no caso dos títulos de 30 anos e de 4,27% nos de 10 anos.
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Mas, na prática, quanto ganha quem investe nas Treasuries? A pedido do InfoMoney, a VG Research simulou o rendimento de uma aplicação de US$ 1 mil nos papéis de 3 meses, 10 anos e 20 anos ao longo do tempo.
Confira qual é o valor acumulado investindo US$ 1 mil em Treasuries com diferentes prazos de vencimento:
Treasury escolhida | Taxa de juros considerada (ao ano) | Valor acumulado após 1 ano | Valor acumulado após 2 anos | Valor acumulado após 5 anos | Valor acumulado após 10 anos | Valor acumulado após 20 anos |
USA Treasury Bill 3 Month (Treasury de 3 anos) | 5,28% | $ 1.052,80 | $ 1.108,39 | – | – | – |
USA Treasury Note 10Y (Treasury de 10 anos) | 4,23% | $ 1.042,30 | $ 1.086,39 | $ 1.230,17 | $ 1.513,31 | – |
USA Treasury Bond 20Y (Treasury de 20 anos) | 4,52% | $ 1.045,20 | $ 1.092,44 | $ 1.247,37 | $ 1.555,94 | $ 2.420,96 |
Fonte: VG Research. Foram utilizadas as taxas praticadas em 29/08/23.
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Agora ou nunca?
As T-Bills de 3 meses, atualmente, estão oferecendo o melhor rendimento. Entretanto, é uma circunstância excepcional da situação econômica do país – os analistas alertam que não será possível encontrar taxas similares após o início do corte de juros pelo Fed, previsto para 2024.
Embora a simulação de investimento nesse papel tenha considerado que os valores seriam reaplicados nas mesmas Treasuries a cada vencimento, de 3 em 3 meses, o mais provável é que o investidor não consiga obter sempre a mesma taxa (5,28% ao ano) ao longo do tempo. “As Treasury Bills estão rendendo excepcionalmente acima da média”, destacou a VG Research.
Por isso, para Larissa, do C6 Bank, o interessante neste momento é ter exposição aos diferentes vencimentos.
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A diversificação também é bem-vinda em prazos, porque todo investidor tem objetivos de curto, médio e longo prazo.”
E a planejadora complementa: “O momento é de aproveitar as taxas disponíveis. Os juros vão continuar altos por mais um tempo, mas não irão durar para sempre.”
Para ela, alongar os prazos de vencimento é uma boa opção no momento, visto que em pouco tempo provavelmente não será possível encontrar um título de 10 anos pagando 4% de juros. “Quanto mais longo o título, mais chances de segurar essas taxas e ter um bom retorno no futuro.”
A economia dos Estados Unidos segue resiliente e mantém o Federal Reserve (banco central) em alerta para a possibilidade de um novo aumento residual das taxas, de 0,25 ponto percentual, em novembro. A expectativa em relação ao corte das taxas foi adiada para 2024.
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Os efeitos da marcação a mercado
A simulação da VG Research apresenta o valor acumulado ao longo do tempo por quem compra as Treasuries e as mantêm na carteira até seu vencimento. Há, porém, investidores que optam por negociá-las antes do prazo final – e muitas vezes é possível ganhar mais com essa estratégia.
Juros em alta tendem a ampliar os rendimentos dos títulos. Com isso, o preço das Treasuries caem, visto que novos títulos serão emitidos com retornos melhores. Entretanto, quando as taxas recuarem, o movimento oposto irá acontecer: o preço dos títulos antigos tende a subir, já que os novos papéis irão pagar juros mais baixos.
Este movimento é conhecido como “marcação a mercado”, que consiste na atualização dos preços dos títulos de renda fixa de acordo com as condições atuais de negociação. Ele também está presente nos títulos públicos brasileiros disponíveis no Tesouro Direto e em alguns papéis privados, como as debêntures – mas não nos clássicos CDBs, porque as corretoras em geral apresentam apenas a marcação do título na curva – que equivale ao rendimento de quem o mantém até o vencimento.
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“Nos Estados Unidos, essa flutuação é mais clara e também faz parte da estratégia de compra e venda de muitos investidores”, diz Larissa. Porém, a planejadora financeira afirma que, neste momento, a melhor estratégia é segurar os títulos até o vencimento e captar o rendimento dos juros – e não da marcação a mercado.
Para o investidor que não está acostumado com a flutuação dos títulos dos Estados Unidos, a melhor opção é captar os ganhos dos juros das Treasuries. É mais garantido e seguro planejar o prazo e ficar com o retorno contratado
Onde investir?
Algumas corretoras brasileiras oferecem a possibilidade de investir diretamente nas Treasuries dos Estados Unidos. Para isso, é necessário ter uma conta de investimentos internacional, enviar remessas em real para converter em dólares e, então, comprar o ativo.
De modo geral, o valor mínimo para comprar um título soberano dos EUA é de US$ 1 mil. Porém, isso pode ser diferente em cada plataforma.
Outra possibilidade são os fundos de índice (ETFs). Porém, neste caso, a captação de ganhos com os títulos é diferente.
“Os ETFs acompanham um índice que investe no título. A vantagem é que é mais barato e pulverizado, com diversificação de prazos. Mas não tem uma estratégia própria, a participação no título é menor, assim como o retorno com os juros”, diz Larissa.
Um exemplo de ETF para as T-Bills é o SPDR Bloomberg Barclays 1-3 Month T-Bill (BIL). Na terça-feira (5), o preço do fundo é US$ 91,5, com uma valorização de 4,22% em 12 meses, com bastante oscilação. O pagamento de dividendos em 2023 tem sido mensal, de US$ 2,45 por ação entre janeiro e agosto.
Para o longo prazo, uma opção é o Ishares 20+ Year Treasury Bond (TLT). Com um preço de US$ 93,5 no dia 5 de setembro, o fundo acumula queda de 11,25% no valor em 12 meses. Assim como o BIL, o pagamento de dividendos tem sido mensal em 2023, com acumulado de US$ 1,88 por ação.