Próxima alta da Selic deverá ser de pelo menos um ponto percentual, prevê Felipe Guerra, da Legacy

Gestor defendeu em live postura mais agressiva do Banco Central no curto prazo, para não ter de subir tanto os juros à frente

Lucas Bombana

Ilustração sobre juros (Shutterstock)
Ilustração sobre juros (Shutterstock)

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SÃO PAULO – O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) surpreendeu a maior parte do mercado ao decidir ontem elevar a taxa Selic em 0,75 ponto percentual, para 2,75% ao ano, contra a aposta majoritária dos agentes econômicos de uma alta de 0,50 ponto.

E embora no comunicado divulgado junto à decisão a autoridade monetária tenha sinalizado que deve manter o mesmo ritmo de aperto no próximo encontro, já tem gente no mercado que entende que o movimento precisará ser ainda mais agudo.

Durante live realizada na noite de quarta-feira (17) pela casa de análise Spiti, Felipe Guerra, CIO da Legacy Capital, disse que sua expectativa é de que, na reunião de maio, o Copom leve a Selic para ao menos 3,75%, com uma alta, portanto, de um ponto percentual.

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Na avaliação do especialista, os próximos dados de inflação ainda devem se mostrar bastante pressionados pela influência dos preços do atacado, forçando o BC a aumentar o ritmo de alta dos juros.

“O BC certamente será surpreendido com uma inflação mais alta do que está projetando”, afirmou Guerra. A gestora trabalha com uma inflação para 2021 de 5,5%, acima do teto da meta, de 5,25%.

“Quanto mais rápido você sobe e ajusta algo que está muito errado, mais rápido são colhidos os benefícios de convergência da inflação, e se consegue reorganizar a economia”, afirmou o gestor, que entende que o BC já poderia ter começado o ciclo de aperto monetário com uma alta de um ponto percentual, ou até mais.

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Segundo Guerra, pelas condições macroeconômicas do país, o patamar mais equilibrado para a taxa básica de juros hoje seria mais próximo de 5%.

Alta dos juros, da Bolsa e do real

Pela leitura de que a autoridade monetária terá de acelerar o ritmo de ajuste da taxa Selic, o gestor da Legacy entende também que o movimento de abertura dos juros futuros de mais curto prazo, que já vinha ocorrendo ao longo dos últimos dias, ainda tem espaço para continuar por mais algum tempo.

“A renda fixa de curto prazo está realmente muito vulnerável”, afirmou Guerra, acrescentando que o aumento dos juros locais também é influenciado pelo mesmo movimento visto atualmente nos mercados mais desenvolvidos.

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Por esse motivo, a carteira do multimercado da gestora está com posições tomadas nos juros, no Brasil e no exterior, o que significa que o fundo deve ganhar dinheiro caso as taxas venham de fato a sofrer novas aberturas, isto é, um aumento dos prêmios.

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Em relação ao câmbio, a expectativa do gestor é de valorização do real, o que se reflete em uma aposta comprada (que prevê a alta) da moeda brasileira, embora não em tamanho relevante no portfólio.

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O aumento da Selic e uma consequente queda dos prêmios nos vértices mais longos da curva de juros, somados uma política fiscal que mantenha seus alicerces sem maiores desvios e a uma pandemia que volte a arrefecer nas próximas semanas, devem formar a combinação necessária para permitir uma descompressão do câmbio, projeta o especialista.

Guerra disse ainda que a postura sinalizada pelo BC, de maior preocupação com o controle da inflação via aperto monetário, o faz ficar mais otimista com as perspectivas para as ações da Bolsa local. “Com o BC buscando a credibilidade, a gente está mais animado com todos os ativos de Brasil.”