Poupamos R$ 6 mil por mês para comprar nossa casa; onde investir?

Waldir Leoncio, CFP, planejador financeiro certificado pelo IBCPF, responde a pergunta de leitora do InfoMoney

Equipe InfoMoney

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Pergunta

Tenho 26 anos e meu marido 28. Como os preços dos imóveis estão muito elevados e não temos muito dinheiro, eu e meu marido optamos em pagar um aluguel barato e poupar para comprar um imóvel à vista ao invés de partir para o financiamento.

Hoje temos R$ 60 mil aplicados em LCI e R$ 10 mil na poupança. Somos servidores públicos e nossa renda conjunta é de R$ 9 mil. Atualmente estamos conseguindo guardar R$ 6 mil mensais. Onde devemos investir?

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Leitora: Andriele

Resposta de Waldir Leoncio, CFP, planejador financeiro certificado pelo IBCPF

Prezada Andriele,

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Apesar do recente desaquecimento do mercado imobiliário em muitas praças, os preços da maioria dos imóveis ainda estão muito altos, seja em relação à capacidade de pagamento do brasileiro médio, seja em relação ao aluguel pago por esses imóveis. Se há uma década era possível cobrar uma média de 0,65% do valor de mercado do imóvel em aluguel, hoje são poucos os imóveis que rendem mais de 0,5% a.m.. Nessas condições, comprar um imóvel seria vantajoso se a taxa de juros do financiamento estivesse abaixo disso, o que não acredito ser o seu caso. Alie esse fato à tendência de alta nos juros e de estagnação imobiliária no médio prazo e os argumentos pró-aluguel só ficam mais fortes.

Como o valor mínimo exigido para dar entrada em um financiamento imobiliário costuma ser de 20% do valor do imóvel, se supormos um imóvel de R$ 400 mil estaremos trabalhando com uma meta de poupança mínima de R$ 80 mil. Como vocês já têm R$ 70 mil e poupam R$ 6 mil por mês, em menos de dois meses atingirão esse objetivo, mesmo que fiquem na poupança. Entretanto, quanto mais puderem esperar para dar uma entrada mais generosa, mais tranquilidade terão para arcar com o financiamento no futuro.

Aliás, creio que caiba aqui uma conta rápida: se conseguirem aplicar tanto seu montante de R$ 70 mil quanto os aportes de R$ 6 mil a 0,8% a.m. (80% da Taxa DI, atualmente), em apenas 43 meses (3,5 anos) terão os R$ 400 mil necessários para adquirir o imóvel. Isso supondo que o imóvel não se valorizará daqui a 3,5 anos. Deixo por conta de vocês a análise da probabilidade de isso acontecer com o imóvel que vocês alvejam. Independente da escolha pelo financiamento ou pela compra à vista, estamos falando em um horizonte de investimento curto, caso em que as aplicações em renda fixa são as mais atraentes. Dado o montante que possuem, aplicar em LCIs é uma boa ideia, mas é provável que seu banco ou corretora lhe ofereçam LCAs, que tendem a ser mais rentáveis que LCIs e, na prática, todas são tão seguras quanto a poupança.

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Outra ótima opção na renda fixa são os títulos públicos, adquiríveis pelo Tesouro Direto. Vocês podem, por exemplo, montar uma carteira de títulos pós-fixados, misturando Tesouro Selic (LFT), que paga 100% da Taxa Selic (o que hoje, 24/3/2015, equivale a 100,3% da Taxa DI), e Tesouro IPCA+ (NTN-B Principal), que paga IPCA mais uma taxa pré-fixada de pelo menos 6% a.a.. A desvantagem desses títulos é a necessidade de pagamento de IR sobre o rendimento, além de taxas de custódia e, muitas vezes, de administração. Porém, sua rentabilidade líquida pode superar até mesmo a da LCA, dependendo das ofertas que vocês conseguirem.

Finalmente, é sempre importante lembrar que a escolha entre ter a casa própria ou morar de aluguel deve ir além da análise financeira. Fatores emocionais como o desejo ou não de ter liberdade para reformar o próprio imóvel e o perfil da família devem ser levados em conta. Casais jovens como vocês costumam estar no começo de carreira e se beneficia de maior liberdade de locomoção, algo que um imóvel próprio tira. Por outro lado, famílias estabelecidas ou que por qualquer motivo pretendem passar as próximas décadas na mesma cidade ou bairro tendem a achar a aquisição do imóvel próprio vantajosa. De qualquer maneira, atentem-se ao perigo de colocar todo (ou grande parte) do patrimônio da família na própria casa. Caso não possuam uma reserva para emergências (sim, até servidores públicos precisam de uma; ninguém está livre de uma grande despesa imprevista ou uma oportunidade imperdível), esforcem-se para formar uma assim que possível. Além disso, lembre-se que seu perfil jovem pode ser ideal para a manutenção de uma parte de seu patrimônio em renda variável.

Waldir Leoncio é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pelo Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros (IBCPF). 

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As respostas refletem as opiniões do autor. O IBCPF e o Infomoney não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações.

Perguntas devem ser feitas no e-mail onde_investir@infomoney.com.br