Posição em ações chega ao menor nível desde Lehman Brothers, segundo pesquisa do BofA com gestores globais

Ao mesmo tempo em que houve uma forte redução do risco nos portfólios, profissionais aumentaram caixa para o maior nível desde 2001

Bruna Furlani

(Getty Images)
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O pessimismo maior com o crescimento global nos próximos meses e com a manutenção de uma dinâmica inflacionária elevada fizeram com que as alocações de fundos globais em ações agora em julho chegassem ao menor nível desde a quebra do banco Lehman Brothers, em 2008.

É isso o que mostra uma pesquisa do Bank of America (BofA) com gestores globais, divulgada nesta semana pelo banco. O estudo foi feito com mais de 600 participantes no total, entre os dias 8 e 15 de julho.

Na visão dos alocadores, ações mais ligadas ao consumo discricionário (que envolvem empresas de bens não essenciais, como varejo de roupas, bens de lazer etc), concessões públicas (utilities) e bancos devem sofrer mais diante de um cenário de crescimento global menor.

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Por outro lado, posições no setor de cuidados com saúde (health care), além de consumo mais defensivo e básico (staples) devem performar melhor.

Em meio a um cenário mais complicado para o mercado acionário, gestores avaliam as companhias devem focar em deixar os seus balanços mais robustos, reduzindo a dívida e evitando aumentar os investimentos.

Ao mesmo tempo em que houve uma forte redução do risco nos portfólios, os profissionais aumentaram o nível de caixa para 6,1%, maior nível desde 2001.

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O levantamento feito pelo BofA também mostrou que 41% dos gestores ouvidos acreditam que uma das melhores posições para se estar agora é apostando na alta do dólar frente a demais moedas.

Na sequência, as apostas se concentraram em uma visão mais positiva para o petróleo e para commodities, com 23%, seguido por ativos mais ligados a práticas ESG (sociais, ambientais e de governança), com 12%.

Apostas em estagflação global atingem recorde

A pesquisa também avaliou as expectativas de gestores com relação a aspectos macroeconômicos. Ao serem questionados sobre como deve estar a economia mundial daqui a 12 meses, 90% dos entrevistados responderam que a economia mundial deve passar por um processo de estagflação – termo que se refere a períodos prolongados de inflação mais elevado e crescimento econômico mais lento. Esse é o maior valor já registrado pela pesquisa.

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Nesse sentido, as bolsas mundo afora devem ser fortemente penalizadas. Segundo o estudo, 79% dos gestores esperam que os lucros das empresas ao redor do globo piorem nos próximos 12 meses, outro recorde.

Ao olhar para as regiões, os especialistas afirmaram que estão mais pessimistas com o desempenho do mercado acionário europeu. O continente possui maior proximidade e dependência da Rússia, especialmente em relação ao gás natural.

Em declaração feita hoje pela manhã, Christine Lagarde, presidente do BCE, destacou que a economia da zona do euro está em desaceleração, em função da contínua pressão exercida pela guerra entre Rússia e Ucrânia.

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A dirigente alertou que o prolongamento do conflito é um “risco significativo” para a atividade econômica da região, sobretudo se houver um racionamento de energia relacionado à redução do fornecimento de gás russo.

De olho nos impactos provocados pela guerra que agravaram gargalos de oferta e ajudaram a elevar a inflação na zona do euro, o Banco Central Europeu (BCE) fez o primeiro aumento em 11 anos. O ajuste foi de 0,50 ponto percentual, trazendo a taxa de depósitos de -0,5% para 0%.

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Olho no Fed

A inflação alta também é fonte de preocupação nos Estados Unidos. Na avaliação dos gestores, o Federal Reserve (Fed), banco central americano, só poderá pausar o ciclo de altas, se os números do índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) cair para abaixo de 4%.

No último levantamento, o PCE avançou para 6,3% em maio, na comparação com o mesmo mês do ano passado. Já o núcleo do PCE – que exclui itens mais voláteis como alimentos e energia – subiu 4,7% na comparação anual e 0,3% em relação ao mês anterior.

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