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Para investir bem é preciso estar ligado ao que acontece na economia, mas não basta ficar antenado apenas ao cenário local — atualmente, olhar para o que acontece nos Estados Unidos pode ser até mais importante. O conselho vale inclusive para quem investe apenas em renda fixa no Brasil, que pode virar “campo minado” a depender do desenrolar da política monetária americana.
“Em matéria de mercado financeiro, o Brasil é uma pequena ilha e quem guia as ondas é a maior economia do mundo”, diz Lucas Queiroz, estrategista de renda fixa para pessoa física do Itaú BBA.
As ondas que vêm dos EUA estão mais fortes do que nunca. Isso porque, enquanto o Brasil passa por ciclo de cortes nos juros, lá fora ainda há muita incerteza sobre até onde e por quanto tempo podem subir. Por isso, especialistas acreditam que as decisões no hemisfério norte terão mais peso para a curva de juros brasileira nos próximos meses do que as tomadas pelo Banco Central brasileiro.
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“As incertezas sobre a trajetória de juros na economia americana já vêm interferindo no mercado brasileiro nos últimos meses”, lembra Marina Renosto, head de alocação da Blackbird Investimentos, que vê o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) com potencial para impactar significativamente a curva de juros brasileira.
Para a próxima reunião do Fomc (sigla em inglês para Comitê Federal de Mercado Aberto), a maioria (78,4%) dos agentes de aposta na manutenção dos juros no intervalo entre 5,25% e 5,5% nos EUA, enquanto alguns (21,6%) esperam aumento de 0,25 ponto percentual nos juros. Se o aumento não vier em novembro, ainda há outra chance da autarquia subir os juros em 2023, na última reunião do ano, em 13 de dezembro.
Na última quarta-feira, o Fed mostrou que seus diretores veem os juros entre 5,5% e 5,75% até o final do ano. Também sinalizaram a manutenção da política de aperto em 2024.
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Impacto nos seus investimentos
Com a incerteza norte-americana no radar, tomar risco pode ser ainda mais perigoso. Títulos prefixados podem perder rentabilidade se os juros nos EUA subirem acima do esperado e/ou ficarem altos por mais tempo do que o mercado precifica atualmente.
Com os juros altos por lá, o Banco Central pode pensar duas vezes antes de diminuir a Selic para 9% ao ano em 2024, conforme espera o mercado. “Enquanto não há perspectiva de finalização do ciclo de aumento nos EUA, fica incômodo para o BC acelerar o ritmo de cortes”, avalia Queiroz.
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Para Clayton Calixto, especialista de portfólio da Santander Asset, há excesso de otimismo com os prefixados e o mercado tem histórico de precificar mais cortes do que o Banco Central está disposto a entregar: “o mercado superestima as quedas e subestima as altas”.
Com isto, há pouco prêmio nos prefixados, que precisariam de um cenário de aceleração das quedas de juros ou Selic terminal menor do que o mercado precifica para terem valorização. A Selic a 9% já é um cenário questionado por parte do mercado e a alta de juros nos EUA contribui para o ceticismo, adicionando risco à carteira de quem comprar prefixados agora.
Dado o cenário, especialistas apontam que faz sentido evitar prefixados ou limitá-los a vencimentos curtos para diminuir o risco. “A curva de juros já está espremida, os prefixados não fazem sentido agora”, diz Ricardo Jorge, sócio da Quantzed.
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Na Suno Research, a preferência é por prefixados mais curtos, com vencimento em até quatro anos. “Estamos mais cautelosos porque já existe uma trajetória otimista de corte de juros embutida nos prefixados, o que pode trazer perdas para quem está posicionado — e quanto maior a duration, maior a volatilidade”, explica Vinicius Romano, head de renda fixa da casa.
O que acompanhar?
Na última quarta-feira, o Federal Reserve reforçou que depende de dados econômicos para tomar as próximas decisões. Portanto, o investidor precisa acompanhar os indicadores para mensurar o tamanho do risco que está correndo ao acrescentar volatilidade à carteira.
Confira a agenda de indicadores econômicos relevantes dos Estados Unidos até a próxima reunião do Fomc (em 1º de novembro):
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Indicador | Data de divulgação |
PIB do 2º trimestre | 28/set |
Índice de gastos pessoais (PCE) em agosto | 29/set |
Relatório de emprego (Payroll) de setembro | 06/out |
Inflação ao consumidor (CPI) em setembro | 12/out |
PIB do 3º trimestre (preliminar) | 26/out |
Índice de gastos pessoais (PCE) em setembro | 27/out |
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