Patrimônio dos fundos de FGTS da Petrobras e Vale perde R$ 1,6 bi este ano

O patrimônio líquido dos fundos FGTS aplicados em ações da Vale recuou 16,3%, enquanto o da Petrobras caiu 11,15%

Diego Lazzaris Borges

Publicidade

SÃO PAULO – O patrimônio líquido dos fundos FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) aplicados em ações da Vale e da Petrobras registrou queda de R$ 1,6 bilhão nos primeiros cinco meses do ano, segundo dados da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais).

De acordo com o levantamento, no acumulado do ano até o último dia 20 de maio, o patrimônio líquido dos fundos FGTS aplicados em ações da Vale recuou 16,3%, passando de R$ 5,980 bilhões para R$ 5,001 bilhões. Já o patrimônio dos fundos aplicados em ações da Petrobras passou de R$ 5,515 bilhões em janeiro para R$ 4,9 bilhões neste mês, o que significa uma queda de 11,15%.

Para o analista da Leme Investimentos, João Pedro Brugger, as ações das duas empresas têm sofrido com a aversão ao risco que toma conta do mercado e também com questões que envolvem a ingerência do Governo.

Continua depois da publicidade

Petrobras
No caso da Petrobras, Brugger lembra que o desempenho dos papéis da empresa têm sido pressionado nos últimos anos. Em primeiro lugar, segundo ele, a grande emissão de ações da estatal no ano passado prejudicou os minoritários (por conta da diluição da participação) e mostrou a ingerência do Governo sobre a empresa.

Outro ponto que prejudicou os papéis da petrolífera, segundo Brugger, foi o vazamento de petróleo da companhia British Petroleum, no ano passado, no Golfo do México. “O mercado começou a se perguntar se a exploração off-shore (águas profundas) é algo sustentável e começaram a surgir algumas dúvidas”, diz Brugger.

Além disso, o analista também aponta a resistência do Governo, que tem mantido o preço dos combustíveis inalterado, mesmo com a valorização do petróleo no mercado internacional, como um fator de pressão negativa nos preços dos papéis.

Continua depois da publicidade

Vale
No caso da Vale, as ações tiveram um bom desempenho no ano passado, mas este ano também acumulam queda. As ordinárias (VALE3) já perderam 7,8%, enquanto as preferenciais (VALE5), recuaram 5,84% no acumulado do ano.

“A Vale, que no ano passado foi puxada principalmente pelo desempenho da economia chinesa, este ano vem sofrendo com a aversão ao risco. Além disso, o processo de troca do ex-presidente da companhia, Roger Agnelli, também não foi muito bem visto, já que ficou clara a intervenção do Governo” diz Brugger.

FGTS x FGTS aplicado em ações
Entretanto, mesmo com o desempenho negativo das duas empresas nos meses, quem optou por investir os recursos do FGTS nas ações da Vale e da Petrobras teve uma rentabilidade muito superior à do Fundo de Garantia.

Continua depois da publicidade

De acordo com dados do Instituto FGTS Fácil, no caso da mineradora, o rendimento do FGTS entre março de 2002 (quando a Vale abriu a possibilidade de compra de ações com recursos do fundo) e maio de 2011 (até o dia 19) foi de 56,68%. Já o rendimento do FGTS aplicado em ações da Vale foi de 970,12% no mesmo período. Isto quer dizer que quem investiu R$ 1 mil nas ações teria hoje R$ 10,7 mil, enquanto o trabalhador que deixou o mesmo R$ 1 mil no FGTS teria R$ 1,56 mil.

Já no caso da Petrobras, entre agosto de 2008 (quando a estatal liberou a compra de ações com o FGTS) e maio deste ano (até o dia 19), o FGTS aplicado em ações rendeu 519,85%, enquanto o FGTS teve rendimento de 70,39%. No caso de aplicação de R$ 1 mil em ações, o trabalhador teria hoje R$ 6,2 mil, ante R$ 1,7 mil daquele que não investiu o dinheiro do fundo.

 Venda das ações
O presidente do Instituto, Mário Avelino, não recomenda a venda das ações para quem investiu por meio do FGTS, a não ser que possa sacar os recursos do fundo e colocar o dinheiro em um outro investimento.

Continua depois da publicidade

“Quando as ações são vendidas, o dinheiro volta para a conta do FGTS na Caixa Econômica Federal e só pode ser sacado nas condições previstas, tais como demissão sem justa causa, morte, aposentadoria, compra de imóveis e outras situações”, ressalta Avelino.

O analista da Leme Investimentos concorda que, nestes casos, o ideal é deixar o valor investido nos papéis. “Pensando no médio e no longo prazo, ambas as empresas podem dar bons retornos aos acionistas. A Petrobras deve melhorar seu lado operacional e a ingerência do Governo deve diminuir”, acredita Brugger.

“No caso da Vale, o novo presidente, Murilo Ferreira, tem mostrado que é capaz de desempenhar um bom papel dentro da empresa e deu declarações de que o foco deve continuar sendo mineração e agradou o mercado”, finaliza o analista.

Diego Lazzaris Borges

Coordenador de conteúdo educacional do InfoMoney, ganhou 3 vezes o prêmio de jornalismo da Abecip