SÃO PAULO – O Banco Central define na próxima semana se reduz ou não a Selic, taxa básica de juros da economia. O consenso de mercado prevê mais um corte, de 0,25 ponto, o que levaria a a taxa a 4,25% ao ano.
Newsletter
Liga de FIIs
Receba em primeira mão notícias exclusivas sobre fundos imobiliários
Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.
Para dois dos principais gestores do país, no entanto, se essa projeção se materializar, o Banco Central estará cometendo um erro.
Luis Stuhlberger, fundador da gestora Verde, e Rogério Xavier, fundador da SPX, concordam que reduzir o nível atual dos juros, que já é o menor da história do país, pode obrigar o BC a antecipar o movimento inverso, de aperto monetário. Os dois participaram nesta manhã de evento promovido pelo Credit Suisse, em São Paulo.
“Achamos que o mercado vai empurrar o Banco Central a fazer bobagem. Os níveis que temos atualmente já deveriam ser olhados com maior cuidado”, disse Xavier, o mais incisivo contra novos cortes. “Os efeitos da política monetária são sentidos na economia só após nove meses e, na inflação, depois de 15 a 18 meses.”
No patamar atual, a Selic já colocaria a inflação no centro da meta de 2021, afirma Xavier, para quem níveis menores de juros são agressivos demais. Em sua visão, se forçar a mão, na tentativa de induzir os juros mais longos a níveis menores, o Banco Central pode precisar levar a Selic a 8% mais à frente.
“A economia não está mais pedindo esse estímulo monetário. Acho muito perigoso ficar com o referencial de juros baixos em relação ao resto do mundo, com nosso déficit na conta corrente”, completa.
Leia também:
• “Vejo mais racionalidade na Bolsa do que no mercado imobiliário”, diz Stuhlberger
• Salto no número de pessoas físicas em grupo de acionistas impõe mudanças a empresas da Bolsa
Em sua última carta aos cotistas, divulgada neste mês, a SPX já havia sinalizado que acreditava que a política monetária já se encontra “bastante acomodatícia”, indicando que os juros deveriam voltar a subir neste ano, provavelmente no terceiro trimestre.
Stuhlberger destacou que, assim como aconteceu com a alta do dólar ante o real no ano passado, existe o risco de que a inflação dê um salto. “Em algum momento pode não ter uma linearidade. Isso já aconteceu e, quando vem, é muito rápido.”
Na visão do gestor, o BC deveria ter parado o movimento de queda quando a Selic chegou a 4,75% ao ano. Mas ele ponderou que o próprio economista-chefe da Verde não acompanha sua visão.
Em seu último relatório, os gestores da Verde destacaram que mantêm pouco mais de 20% do portfólio do fundo macro alocado em ações no Brasil.
Invista nos melhores fundos com a ajuda da melhor assessoria: abra uma conta gratuita na XP