O que fazer com fundos de small caps após mais um mês de baixa?

Para especialistas, recuo das cotas deve ser visto como oportunidade; confira o que pode impulsionar preço das ações nos próximos meses

Bruna Furlani

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A subida violenta das taxas longas nos Estados Unidos para patamares acima de 5%, no começo de outubro, provocou efeitos em ativos de risco e afetou em cheio ações consideradas menos líquidas e de empresas de menor valor de mercado, caso das small caps. 

Fundos que alocam especificamente nesses papéis também sofreram ao acumular o segundo pior desempenho médio entre os fundos de ações em outubro, com perdas de 7,50%, segundo dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).

“Por serem empresas menores e consequentemente, terem um volume de negociação reduzido em Bolsa, as small caps tendem a ter variações mais intensas em períodos de estresse e otimismo”, observa Tatiana Guedes, head de fundos de investimento e previdência da InvestSmart XP.

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O desempenho dos fundos de small caps ficou atrás apenas de fundos ações setoriais, que amargaram um retorno médio negativo de 11,86% em outubro. Ambos os casos não foram isolados. Nenhuma subclasse de fundos de ações conseguiu encerrar outubro no azul.

Desempenho de fundos de ações em outubro de 2023:

Subclasses de fundos de ações Retorno médio em outubro Retorno médio no ano Retorno médio em 12 meses
Ações Indexados -3,20 2,69 -3,35
Ações Índice Ativo -3,86 1,77 -6,32
Ações Valor / Crescimento -4,39 3,30 -9,75
Ações Small Caps -7,50 -1,40 -12,99
Ações Dividendos -3,97 2,56 -3,89
Ações Sustentabilidade / Governança -5,84 -0,83 -9,05
Ações Setoriais -11,85 -18,69 -25,62
Ações Livre -4,35 5,69 -3,65
Ações FMP-FGTS -1,61 -0,29 -1,73
Fechados de Ações -5,33 -3,08 -15,95
Fundo Mono Ação -1,58 13,07 19,34
Ações Investimento no Exterior -4,27 4,38 -2,04

Fonte: Anbima. Dados até 31 de outubro

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No acumulado do ano e dos últimos 12 meses, a situação se repete: fundos de small caps acumulam perdas de 1,40% e de 12,99%, respectivamente.

A dificuldade de oferecer retornos no campo positivo nos últimos meses deve acender um sinal de alerta nos investidores, mas não deve ser vista como um estímulo para impulsionar saques, já que trata-se de uma janela curta e a classe possui alta volatilidade. A avaliação é de especialistas ouvidos pelo InfoMoney.

Uma das razões é que o investimento em fundos de small caps deve ser pensado para pessoas com maior apetite a risco e com horizonte focado mais no médio e longo prazos, avalia Guedes, da InvestSmart XP. “Essas empresas têm maior sensibilidade a juros altos, inflação e volatilidade de mercado, mas possuem um grande potencial de valorização no longo prazo”, acrescenta.

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A profissional da InvestSmart XP lembra que o mercado é cíclico e que o investidor deve evitar embolsar perdas nos momentos de maior impacto nas cotas.

Renato Reis, analista da DVInvest, vai na mesma linha. “Boa parte dos fundos small caps caíram neste mês. Não mexeria. Se quiser se expor por causa da classe de ativos ou por causa do gestor, não vejo sentido em zerar a posição”.

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Para o especialista da DVInvest, o momento deve ser visto como oportunidade para os investidores com apetite a risco. Reis faz uma comparação dos preços mais baixos registrados agora com as tradicionais promoções feitas por lojas.

“Se entrou em promoção, você teria que ter mais vontade de comprar, se os fundamentos não mudaram. Se a blusa não está furada ou rasgada, por exemplo”, pondera o profissional, ao reforçar que o investidor deve buscar alocar nos ativos em momentos de queda e não de recorde nos preços.

Small caps podem voltar a avançar?

Na visão de Guedes, da InvestSmart XP, o desempenho das small caps poderia avançar com uma melhora do cenário de juros, principalmente das taxas de longo prazo dos Estados Unidos, o que parece mais nebuloso.

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Na semana passada, declarações de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed, banco central americano) jogaram um balde de água fria nos mercados ao adotar uma postura mais conservadora e destacar que a porta estaria aberta para mais altas de juros.

Investidores também reagiram mal ao rebaixamento da perspectiva de crédito nos Estados Unidos pela Moody’s, de neutro para negativo, nesta segunda-feira (13). O principal fator citado pela agência para a decisão foi a deterioração fiscal do País.

Por volta das 13h30 (horário de Brasília), os rendimentos oferecidos pelo papel com vencimento em dez anos chegavam a 4,642%.

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Já do lado local, a especialista afirma que a definição de uma meta de déficit fiscal no Brasil para o ano que vem e a continuidade do recuo da Selic poderiam fazer preço sobre as ações.

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A expectativa é que uma definição sobre eventuais mudanças ou não na meta seja apresentada nesta semana. O Planalto aguarda estudos do Ministério da Fazenda para bater o martelo. Nos bastidores, o número que mais circula é que o déficit primário poderia ser alterado de zero para 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2024.

Embora o cenário ainda pareça nebuloso para os próximos meses, Reis, da DVInvest, vê potencial de alta para ações de small caps. O profissional conta que a valorização média do Índice de Small Caps (SMLL) da B3 costuma ser de 11%, contra 4% do Ibovespa.

No acumulado do ano até a última quinta-feira (9), o índice de small caps avança apenas 3,23%, enquanto o principal índice da Bolsa brasileira sobe 8,47%.

Para Reis, as empresas que poderiam oferecer maior potencial são as que estão mais endividadas e que sofreram com o aumento das despesas financeiras desde o ciclo de elevação da Selic.

Entre os nomes preferidos do especialista estão Movida (MOVI3), JSL (JSLG3), Simpar (SIMH3), além de Ichope Maxion (MYPK3), Ambipar (AMBP3), Portobello (PTBL3), Cury (CURY3) e Plano & Plano (PLPL3).

Já dentro do Santander, nomes como Copasa (CSMG3), Direcional Engenharia (DIRR3), PetroReconcavo (RECV3), SmartFit (SMFT3) e São Martinho (SMTO3) são alguns dos papéis recomendados para a carteira de small caps em novembro.

No caso da PetroReconcavo, analistas do banco projetam que as ações poderiam oferecer uma taxa de retorno com dividendos (dividend yield) de quase 11,5% em 2024.