Na contramão do Bitcoin, criptomoedas desconhecidas decolam até 64% em agosto

O destaque do mês foi a RUNE, do projeto THORChain, seguida do TON, ativo digital ligado ao Telegram

Lucas Gabriel Marins

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Agosto foi ruim para o Bitcoin (BTC), que registrou no período o pior fechamento mensal desde novembro de 2022, quando a exchange FTX entrou com pedido de falência. Algumas criptos desconhecidas, por outro lado, conseguiram navegar bem ao longo dos 31 dias do mês, e registraram ganhos de dois dígitos.

É o caso do RUNE, token nativo da THORChain, uma exchange descentralizada fundada em julho de 2019 que facilita o swap (troca) entre diversas moedas digitais, como BTC, Ethereum (ETH), BNB Chain (BNB), Avalanche (AVAX), Dogecoin (DOGE), entre outras.

Em agosto, o token valorizou 64%, pulando de US$ 0,95 para US$ 1,56 no último dia do mês, segundo o agregador CoinMarketCap. No mesmo período, para efeito de comparação, o BTC recuou 10% e o ETH caiu 9% nas exchanges de criptomoedas.

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Vinícius Bazan, analista de criptoativos da Empiricus Research, disse que o RUNE registrou bom desempenho por causa de novidades anunciadas em agosto, como uma nova carteira e a função de empréstimos, disponível para quem deixa ETH e BTC como garantia.

“Quando a gente tem esse tipo de notícia, inevitavelmente a comunidade que acompanha o ativo acaba olhando para a nova funcionalidade e as testa, e a gente acaba vendo um aumento de atividade na rede”, disse.

O segundo melhor reultado do mês ficou com o Toncoin (TON), token ligado ao serviço de mensagens instantâneas Telegram. No mês passado, o ativo digital saiu de US$ 1,19 e encostou em US$ 1,75 – uma alta de 46% no período.

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Essa valorização, no entanto, precisa ser olhada com cuidado. Segundo Bazan, o projeto colocou novos tokens em circulação, o que fez seu market cap [valor total das moedas em circulação] saltar de US$ 1,8 bilhão em junho para mais de US$ 5 bilhões em julho.

“Isso prejudica o ativo digital, porque além de aumentar a circulação, que gera inflação e prejudica o preço, faz ele artificialmente subir muito no ranking [de maiores criptomoedas]”, disse.

“Aí as pessoas começam a olhar para o ativo que apareceu do nada ali entre os top 20, e querem negociar. Então não vejo como sustentável essa alta, porque entendo que ela foi muito levada por esse hype”, completou.

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As criptomoedas com as maiores altas de agosto:

Criptomoeda Preço Variação mensal
THORChain (RUNE) US$ 1,56 64%
Toncoin (TON) US$ 1,75 46%
Astar (ASTR) US$ 0,056 7,54%
dydx (DYDX) US$ 2,12 6,45%

Quedas

A maré de agosto não foi boa para todas as altcoins (termo usado para identificar qualquer cripto diferente do BTC). Algumas seguiram o ritmo do Bitcoin e fecharam o mês no negativo, afetadas por um mês com alta de juros, aversão ao risco e baixa atividade na rede do BTC — situações que respingaram em todo o setor.

A liderança entre as baixas do mês ficou com o COMP, token nativo da Compound, um dos projetos mais conhecidos do mercado de finanças descentralizadas (DeFi). No último mês, o COMP caiu de US$ 62,69 para US$ 40,21 — recuo de 35,34%. O criptoativo basicamente devolveu os ganhos do mês anterior, período em que subiu 35%.

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“O mês como um todo foi de baixa, com muitos fundos e muitos gestores falando que foi o maior tempo de baixa do Bitcoin, em comparação com os outros ciclos”, o que afeta todo o mercado de criptomoedas, disse José Gabriel Bernardes, sócio da Fuse Capital.

O segundo token que mais caiu no mês passado foi a memecoin Pepecoin (PEPE), que chegou a subir 50 mil vezes neste ano logo após seu lançamento em abril. Um dos motivos foi um furto de US$ 16 milhões da carteira “multisig” (que precisa de várias assinaturas) do projeto cripto, crime virtual praticado por parte da equipe do próprio projeto.

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“Isso pegou muito mal para o projeto e fez o preços caírem”, disse Bazan. “Além disso, a PEPE é uma memecoin — ou seja não tem nada que fundamenta e segura esse negócio de pé. [A alta] é simplesmente hype do mercado, e já passou o hype da PEPE”.

O terceiro pior desempenho ficou com o GMX, token nativo de uma exchange descentralizada homônima. O ativo digital desabou 34% em agosto, caindo de US$ 50,42 para US$ 34,15.

“O GMX caiu porque tem um modelo que depende de volume e de volatilidade para gerar receita — a geração de receita faz o token subir, e a falta faz ele cair. Então como viemos de um período prolongado de baixa volatilidade, o GMX fez pouca receita e, com isso, alguns investidores acabaram saindo do token, e que fez ele perder valor”.

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As criptomoedas com as maiores baixas de agosto:

Criptomoeda Preço Variação mensal
Coumpond (COMP) US$ 40,21 -35,34%
Pepe Coin (PEPE) US$ 0,00000084 -34,78%
GMX (GMX) US$ 34,15 -34,43%
Kucoin Token (KCS) US$ 3,83 -32,64%
Litecoin (LTC) US$ 622,98 -32,41%

Lucas Gabriel Marins

Jornalista colaborador do InfoMoney