Mil novas criptomoedas já surgiram em 2023; saiba como não cair no conto das “shitcoins”

O número total de ativos digitais em circulação chegou a 23.125 na manhã desta sexta-feira (31)

Lucas Gabriel Marins

(Getty Images)
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A cada 24 horas, pelo menos 11 novas criptomoedas foram lançadas no mercado ao longo de 2023 — quase mil apenas primeiro trimestre —, segundo dados do agregador CoinMarketCap. O número total de ativos digitais em circulação chegou a 23.125 na manhã desta sexta-feira (31), 5% maior do que o registrado no final do ano passado.

O “boom” de lançamento de novas criptos surfou na recuperação do setor, que levou um tombo no ano passado em meio à falência de players importantes e um “inverno cripto” rigoroso. Nos primeiros três meses deste ano, o Bitcoin (BTC) valorizou quase 70%, enquanto a capitalização do setor como um todo deu um salto de quase 47%.

O surgimento de novos criptoativos, no entanto, não é necessariamente um sinal de saúde do mercado. Como os projetos cripto não precisam de autorização dos reguladores para serem lançados, como é o caso de produtos financeiros tradicionais, o mercado cripto costuma ser invadido por “shitcoins” (termo que se refere a ativos digitais sem fundamento) ou mesmo golpes que usam ativos digitais como iscas.

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Segundo o relatório “Crypto Crime Report 2023”, divulgado pela empresa de análise de blockchain Chainalysis em fevereiro deste ano, dos 40.521 tokens lançados em 2022 (a pesquisa levou em consideração apenas aqueles que ganharam tração), 24%, ou 9.902, estavam ligados a esquemas conhecidos como “Pump and Dump” (inflar e despejar, na tradução para o português).

Por meio dessa fraude, que não se restringe ao segmento cripto, criminosos colocam supostas moedas digitais no mercado, inflam os preços por meio de manipulação e depois vendem tudo o que têm, gerando queda do preço do ativo e um rastro de prejuízo para os demais investidores.

Como não cair em furada?

Especialistas em criptomoedas costumam recomendar que, antes de investir dinheiro em qualquer produto, seja ele cripto ou não, os investidores precisam analisar com cuidado o que é oferecido.

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“É preciso analisar se o projeto tem fundamento, se tem consistência, se tem algum faturamento e margens positivas, se o tokenomics (economia do token) faz sentido e se gera valor para quem vai usar. São fundamentos básicos muito parecidos com a avaliação de uma empresa normal”, disse Dan Yamamura, sócio-fundador da Fuse Capital.

Além dos pontos citados por Yamamura, há outros importantes:

Quem está por trás: Com exceção do Bitcoin, o anonimato não é um bom sinal. É importante saber quem são os responsáveis pela criptomoeda, se eles têm conhecimento sólido no mercado cripto e qual o histórico de cada um. Isso não vai conter todo o risco – o caso FTX, cujo dono era um dos mais queridinhos do setor antes de ser acusado de fraude e lavagem de dinheiro, é um exemplo -, mas ajuda.

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Propósito: As criptomoedas geralmente tentam resolver algum problema – o Bitcoin, por exemplo, quer ser uma alternativa digital às moedas comuns, e conta com escassez programada para evitar inflação. Já o Ethereum (ETH) é uma plataforma que permite a criação de programas descentralizados, sejam produtos financeiros (DeFi), NFTs ou jogos. As “shitcoins” pecam pela falta de valor do token e um propósito definido.

White paper: Toda criptomoeda tem um manual com informações sobre o projeto, chamado white paper. O do BTC, por exemplo, tem oito páginas com informações sobre o funcionamento das transações, blockchain, mecanismo de mineração, entre outras. É importante “verificar se o white paper é original ou é uma cópia de algum outro projeto de criptomoeda”, recomenda a exchange NovaDAX em orientação a usuários.

Feita a lição de casa, o investimento se torna um pouco mais seguro. No entanto, como criptomoedas são consideradas ativos de risco, de acordo Yamamura, o ideal é que os investidores não façam apostas muito altas. “Cada um tem um apetite de risco diferente, e o pequeno para mim pode não ser o pequeno para você, mas acho que (o investimento em cripto) deve ser uma parte menor do seu patrimônio”.

Lucas Gabriel Marins

Jornalista colaborador do InfoMoney