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O menor risco de recessão nos Estados Unidos fez os investidores olharem além das ações de tecnologia, o que impulsionou o Nyse Composite nas últimas semanas. O índice da Bolsa de Nova York, que reúne uma gama maior de setores e portes de empresas, acumula alta no ano 8%.
É um avanço menor do que o dos indicadores americanos mais conhecidos, como o S&P 500 e Nasdaq, mas reflete uma mudança mais recente sobre a economia do país – já que as ações com maior impulso até aqui foram do setor imobiliário, do varejo e de empresas ligadas a commodities.
“O que contribui para essa alta é que uma recessão nos Estados Unidos é cada vez menos provável. Isso ajudou os setores de commodities e bens industriais. Também houve a divulgação dos resultados das empresas que estão batendo as expectativas”, explica Caio Braz, sócio da Urca Investimentos.
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O Nyse Composite é composto por todos os ativos negociados na Bolsa de Nova York, e não só pelas grandes empresas (como é o caso do S&P 500) ou pelo setor de tecnologia (concentrados no Nasdaq). Esses dois índices sobem, respectivamente, 19,7% e 37,6% no ano.
Nesse período, as big techs foram o destaque, em especial com as perspectivas sobre o uso de ferramentas de inteligência artificial nas empresas. As ações da Meta (M1TA34), dona do Facebook e do Instagram, por exemplo, acumulam alta de mais de 100%. As da NVIDIA (NVDC34), sobe mais de 150%. Apple (AAPL34) e Google (GOOGL) também têm altas expressivas, de 21,6% e 14,8%, respectivamente.
De resto, os demais setores da economia americana andaram “de lado”, sem grandes movimentações, durante vários meses. A mudança de perspectiva começou no início de junho e ganhou força na última reunião do Fed (Federal Reserve, o banco central americano), que reduziu a percepção de risco de recessão, mesmo com o processo de alta da taxa de juros ainda não finalizado.
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“Se essa visão se confirmar, os setores com mais espaço para subir são imobiliário, financeiro e de varejo, em especial quando houver perspectiva de queda de juros. Tecnologia já subiu muito e os setores industrial e de commodities dependem também da dinâmica internacional”, explica Braz.
Entre os destaques de alta deste ano entre as ações do Nyse Composite aparecem Best Buy (BBY); BCE Inc (BCE), holding de empresas de mídia; Boise Cascade Company (BCC), de materiais básicos; Steelcase Inc (SCS), fabricante de móveis de escritória; Sculptor Capital Management (SCU), de gestão de ativos; e Costamare (CMRE), de porta-contêineres, por exemplo.
Mais de 2,5 mil ativos
O Nyse Composite, além de ações, inclui outros ativos negociados na Bolsa de Nova York, como os REITs (equivalentes americanos dos fundos imobiliários) e ADRs (recibos de ações estrangeiras listados no mercado dos EUA), o que lhe dá um caráter mais pulverizado em relação ao S&P 500 e Nasdaq. São cerca de 2,5 mil ativos.
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Para Rodolfo Consenzzo analista de investimentos da Top Gain, a alta desde a semana passada está atrelada a essa perspectiva de fim do ciclo de alta de juros nas principais economias do mundo, citando as declarações da presidente do BCE (Banco Central Europeu), Christine Lagarde, de que os juros por lá já teriam chegado no teto. Essa perspectiva fez os investidores olharem para uma gama maior de empresas.
“Isso ajudou o mercado em geral. Quando olhamos para os índices que mostram abrangência do mercado, a maioria das empresas do mercado americano estão em um movimento de alta conjunto. Não está mais inflado só pelas big techs. As small caps e mid caps também sentiram esse movimento”, diz.
Guilherme Morais, analista da VG Research, também vê que a melhora no ambiente econômico pode dar força a empresas de diferentes setores.
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“Outros gatilhos que podem influenciar para uma melhor performance do NYSE Composite é a melhora do cenário macroeconômico, pois com os dados de inflação em queda, somados a um mercado de trabalho ativo, pode beneficiar outros setores da bolsa no médio prazo, pois seria reforçada a expectativa de que a economia dos Estados Unidos segue crescendo, mesmo que em um ritmo mais lento”, considera.
Já para Braz, da Urca, o maior risco dessa nova leitura do mercado é a volta do risco de uma recessão.
“O mercado começou a ignorar essa subida apostando que não vai ter recessão ou que ela será imperceptível. Se essa perspectiva estiver errada, a bolsa deve cair com força rapidamente.”