Manejo de Risco: determine quantos lotes operar através do Position Sizing

Técnica proporcionará ao investidor maior segurança nos trades e limitará sua exposição ao risco, tudo atrelado ao stop loss

Rafael Souza Ribeiro

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SÃO PAULO – Ao longo deste ano, o projeto Manejo de Risco apresentou ao investidor algumas das principais alternativas de Money Management disponíveis no mercado, como os métodos FFE (Fixed Fraction Exposure), Martingale e Antimartingale, a famosa Fórmula de Kelly, além do consagrado VaR (Value at Risk).

Outro assunto que recebeu destaque especial em 2010 foi o stop loss. Foram discutidos desde os tipos de stops que um trader pode alocar em sua operação, até aqueles vinculados à volatilidade, capaz de reduzir o atraso dos indicadores baseados somente na variação dos preços e mais sensíveis às mudanças de tendência, como relatado por Tushar Chande e Stanley Kroll no livro The New Technical Trader.

Além de trazer mais informação, o objetivo destas pautas foi chamar atenção à real importância da estratégia de saída, amplamente disseminada pelo professor Van K. Tharp, através de sua reconhecida obra Trade Your Way to Financial Freedom. E mais uma vez baseada nela, que o Manejo de Risco explorará as técnicas de Position Sizing.

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Position Sizing
Para entender melhor o que é Position Sizing, Tharp destaca no décimo segundo capítulo da sua obra as características que não representam-no: 

Position Sizing “consiste na parte do seu sistema que responderá a questão de ‘quanto’ alocarás durante o trade”, esclarece Tharp. Ou seja, o Position Sizing apontará o tamanho de sua exposição (quanto lotes ou contratos operar) em função do seu capital total.

Aliado a um stop bem configurado e regras operacionais consistentes, todos frutos de simulações prévias, o trader ampliará a probabilidade de ter em suas mãos um sistema robusto e capaz de ser lucrativo grande parte do tempo, alvo de qualquer investidor.

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Sempre contra o mercado
Você conhece um amigo que vive reclamando do mercado financeiro? Que tal ação é contra ele e que a corretora X existe apenas para atrapalhar seu trade? Pois bem, deixando de lado a fantasia, no fundo ele está certo.

Quando está operando, o trader tem contra ele seu psicológico e uma escala exponencial de perda. O primeiro fator foi abordado com brilhantismo por Daniel Kahneman e Amos Tversky em 1979, através do trabalho Prospect Theory: an analysis of decision under risk, através do qual demonstraram que a função utilidade dos agentes econômicos é côncava para ganhos e convexa para perdas, ou seja, os agentes colocam duas vezes mais peso às perdas em relação aos ganhos.

O segundo fator a matemática explica. Ganhos e perdas no mercado se dão sempre em juros compostos, que, por definição, têm característica exponencial. Se você perde entre 1% a 10%, por exemplo, seu break even (ganho necessário para se recuperar de uma perda) é próximo da linearidade, mas a situação começa a engrossar a partir daí.

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Com 15% de prejuízo, o investidor terá que lucrar 17,65% para reaver suas perdas, ao passo que 20% de perda corresponde a 25% de ganho nesta comparação. Para recuperar 50%, o trader necessita ganhar 100% no mercado. O gráfico deixa mais clara esta proporção:

Por estes dois fatos, e outros mais, o trader que almeja ganhar dinheiro no mercado financeiro, independente se é day trader, swing trader ou position, precisa desenvolver uma estratégia que englobe um bom controle de risco, a fim de estancar as perdas, e um Position Sizing para apontar qual a relação entre exposição e risco.

Estratégias de Position Sizing

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Lote prefixado pelo total investido
Entre todos, este método é o mais básico. Consiste em comprar um lote de uma ação ou contrato para cada X reais que o investidor tem na conta investimento. Se tiver R$ 10 mil de capital total e comprar a ação INFO3 por R$ 30,00, por exemplo, terá o custo total (sem taxas) de R$ 3 mil e só irá operar outro lote deste papel quando somar R$ 20 mil na conta.

Com os R$ 7 mil restantes, este investidor pode entrar em outros ativos sem considerar o tamanho de sua exposição ao papel em relação à conta investimento. Portanto, caso haja uma oportunidade em MALN5, que custa R$ 60,00, este trader gastará R$ 6 mil e, ao mesmo tempo, sua exposição de sua carteira será desproporcional (dobro), pois não considera-se o risco nesta metodologia.

A vantagem deste método é que o trader poderá operar qualquer papel ou contrato, sendo bem arbitrário. Contudo, seu risco não está diversificado e ficará engessado em poucas posições, não atendendo um dos principais pressupostos do Position Sizing: equalizar a exposição ao risco.

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Operação por blocos
Esta técnica, tipicamente utilizada no mercado acionário ou que não envolva alavancagem, consiste em dividir sua conta investimento em blocos. Um trader com R$ 50 mil, por exemplo, pode estipular seu Position Sizing em 5 blocos de R$ 10 mil. Ou seja, poderá investir em cinco papéis e comprar quantos lotes possíveis até alcançar a marca de R$ 10 mil (limite do bloco).

Apesar de melhor em relação à última alternativa, pois o trader terá a liberdade de elevar sua participação no papel conforme a evolução do ativo, a metodologia é falha em dois aspectos – o investidor estará limitado ao bloco, ou seja, não poderá operar mais de R$ 10 mil; e o processo para elevar o limite do bloco é lento. No caso de um pequeno investidor, por exemplo, a conta terá que dobrar para elevar sua exposição.

Percentagem do risco
Como enfatizado por diversas vezes por Tharp, a estratégia de saída é a mais importante no trade, e, nesta estratégia, ela ganha destaque. O “risco” representa a perda máxima admitida na operação, o maior prejuízo que pode ser arcado pelo trader. O exemplo abaixo deixará mais claro.

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Vamos considerar aquele investidor inicial, com R$ 10 mil de capital total e que quer comprar a ação INFO3 por R$ 30,00. Como tem pouco capital, não quer arriscar tanto e coloca um stop loss em R$ 29,00, ou seja, está disposto a perder R$ 100 por lote. Mas quantos lotes operar?

Aí entra o termo “Percentagem”. Lembra aquele gráfico sobre perdas exponenciais? Como um trader, você deve jogar a favor do mercado, não contra, e o Position Sizing vai ajudá-lo nesta missão.

Acostumado a ouvir em palestras, o nosso suposto trader decidiu expor 2% do seu capital total em cada operação. Ou seja, sua perda máxima não pode ultrapassar os R$ 200,00 (2% de R$ 10 mil). Como o prejuízo por lote é de R$ 100,00, o Position Sizing sinaliza ao trader que ele pode comprar 2 lotes de INFO3 e estará dentro do seu limite de risco. Mas como todo método, existem falhas.

Apesar de estar intimamente ligada ao stop loss, característica que torna a técnica muito superior às duas apresentadas anteriormente, o trader precisa avaliar com cuidado a variável risco x oportunidade. Não raro, a exposição do investidor pode ser alta demais.

Considerando esta mesma operação, comprando 200 ações, o investidor gastará R$ 6 mil, ou seja, 60% do seu capital estará exposto neste trade, percentual que pode ser considerado alto para muitos. Outro problema são os gaps dos papéis, que não garantem que seu stop loss seja acionado conforme o esperado.

Conclusões importantes
Apesar de suas limitações, a “percentagem do risco” ainda é um método muito bom, principalmente para swing traders e trend followers, acostumados com os trailing stops. Para os day traders, o problema de exposição da carteira pode ser um grande empecilho.

Uma solução pode ser a mescla entre as metodologias “operação por blocos” e “percentagem do risco”, a fim de controlar melhor a variável risco x oportunidade e minimizar a exposição do investidor. Mas como dito, este critério faz parte da análise do trader, algo particular de cada operação.

Além desta alternativa, Tharp sugere que os traders utilizem o Position Sizing atrelado à volatilidade, conceito pouco mais complexo e que será abordado em uma próxima oportunidade no Manejo de Risco.