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SÃO PAULO – Até então pouco conhecidos e com um nome nada prático para quem escuta pela primeira vez, os COEs (sigla para Certificados de Operações Estruturadas) caíram nas graças dos investidores brasileiros. De acordo com a B3 (ex-BM&FBovespa), as emissões desses investimentos que misturam renda fixa com variável mais que dobraram neste ano, indo de 517,3 milhões em janeiro para 1,15 bilhão em outubro. Por que essa procura tão intensa? Basta entender melhor quão atraente é um COE para compreender este fenômeno.
Criados no 2º semestre de 2013, os Certificados de Operações Estruturadas são investimentos que combinam a proteção da renda fixa com o rendimento da renda variável. E na renda variável ele pode estar atrelado a diversos tipos de investimentos, desde índices de ações (nacionais ou estrangeiros), moedas, juros, commodities e ações do mundo inteiro. Está aí a primeira vantagem: a chance de diversificar o portfólio com exposição em outros mercados. O baixo “preço de entrada” é outro atrativo que caiu no gosto do brasileiro, já que há COEs cuja aplicação inicial é de R$ 5 mil.
Mas o grande “pulo do gato” deste investimento está na possibilidade de correr “risco zero” de prejuízo. Isso porque cerca de 95% dos COEs emitidos no Brasil são de capital protegido. Um exemplo prático: imagine que você comprou um COE de 6 meses de vencimento lastreado em um índice de ações internacional. Se este índice subir nestes 6 meses, você embolsará o lucro acumulado deste movimento; caso o índice caia no mesmo período, você recebe de volta o dinheiro investido no COE, acrescido ainda de um “cupom”, que é a taxa de juro acumulada no período e estipulada no momento da compra.
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“É um investimento super seguro, pois os certificados com capital protegido puxam para 0% o risco de perda”, explica Daiane Reis, assessora de investimentos que lidera a área de COEs dentro da Monte Bravo Investimentos. A única perda neste investimento está no chamado “custo de oportunidade”, que é a diferença entre o rendimento do cupom do seu COE e o quanto esse dinheiro teria rendido se estivesse em uma aplicação segura de renda fixa, complementa.
Queda dos juros fez Brasil “descobrir” o COE
Se o COE é um investimento tão bom assim, por que demorou mais de 4 anos para que ele caísse no gosto dos investidores? Daiane tem a resposta na ponta da língua: queda da Selic. Esse investimento apresenta hoje um retorno que já não é mais encontrado no mercado brasileiro dadas as atuais taxas de juros.
Vamos lembrar que no final de 2014 – quando os COEs foram criados no Brasil – a Selic iniciou um movimento de alta que só foi interrompido no fim de 2015, saindo de 11% para 14,25% ao ano em apenas 10 meses e mantendo-se nestes níveis até agosto de 2016. Atualmente, a Selic está em 7,50% e as projeções dos economistas apontam que ela pode cair até 7% no começo de 2018 (e há quem aposte em um patamar abaixo disso). Resumindo: o brasileiro teve que começar a se mexer para buscar melhores retornos, pois a vida boa de “1% ao mês” na renda fixa acabou.
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“Nesse contexto, o COE é uma ótima alternativa para ter maior rentabilidade (…). Na Monte Bravo, a recomendação é destinar 10% da carteira ao COE, de forma a aproveitar os diversos cenários mundo afora e ainda ficar fora do risco Brasil, ainda mais que no ano que vem teremos eleições”, explica Daiane. Ela explica que a rentabilidade de alguns certificados pode superar a casa de 160% do CDI, beirando a casa de 7% ao semestre de rentabilidade – contra quase 7% ao ano da taxa Selic.
Só não investe quem não conhece
Por isso, Daiane é enfática ao dizer que só não investe em COE quem não entende o investimento. “É difícil de explicar… talvez por conta do cliente não entender ou achar que vai ter que ficar muito tempo preso aos papéis por conta dos prazos muito longos, ele acaba não entrando”, explica a assessora de investimentos.
Essa questão do vencimento é bem importante quando falamos de COEs: além da baixa liquidez deste ativo, os certificados com capital protegido só garantem 100% do investimento na data do vencimento. Por isso o ideal é que, ao investir em um COE, carregue a posição até o vencimento.
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Daiane explica que são dois os tipos de COE: o Autocallable e o Participação. O primeiro costuma apresentar prazos de 2 e 5 anos e oferece ganhos limitados ao valor estipulado no momento de compra (cerca de 7% a 9% por semestre). O investidor entra na operação e a cada 6 meses possui uma janela de observação, de forma a acompanhar a rentabilidade. Se depois de 6 meses o preço estiver igual ou abaixo ao início da operação, automaticamente o COE se encerra e, por ser de capital protegido, o investidor recebe o valor aplicado mais o cupom do período (um por semestre).
O COE Participação, por sua vez, pode apresentar prazos de 3 e 5 anos. Atrelado à renda fixa de países emergentes, por exemplo, a posição é levada até o vencimento. Nesta operação, o investidor ganha o que o COE rendeu mais uma taxa fixa. Desta forma, o investidor participa da valorização do ativo podendo ter um ganho ilimitado.
Um último risco a se atentar com o COE, mesmo com aqueles que têm capital protegido, é o risco da instituição financeira que emite o certificado. Como o COE não é protegido pelo FGC (Fundo Garantidor de Crédito), o investidor pode perder o dinheiro aplicado em caso de falência da instituição financeira. Por isso, é importante conhecer bem o banco emissor do COE.
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Para investir em COE, é preciso ter conta em algum banco que emita o certificado ou então em uma corretora de investimentos que distribua este produto.