Kinea alerta para cotas sobrevalorizadas e FII KINP11 cai quase 60% em apenas 5 pregões; entenda

Gestora alerta que fundo tem uma dinâmica diferente da maioria e investidor deve observar perfil da carteira antes da tomada de decisão

Wellington Carvalho

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O FII Even Permuta Kinea (KINP11) abriu a sessão desta quarta-feira (28) com alta de 6%, após acumular perdas de quase 60% nas cinco sessões anteriores. A forte queda teve início com a divulgação de comunicado da gestora – a Kinea Investimentos – alertando para o perfil do fundo e, principalmente, para cotação da carteira, que estaria muito acima do seu valor real.

Criado em janeiro de 2017, o KINP11 tem uma proposta diferente da maior parte dos fundos imobiliários, que geralmente têm como objetivos a geração de renda mensal para os investidores e a valorização do patrimônio.

O KINP11 nasceu com prazo determinado para operar, de seis anos. O fundo prevê que, até lá, seja realizada a amortização do patrimônio – ou seja, a devolução dos recursos captados para os investidores.

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Com esse perfil, as distribuições feitas pela carteira embutem, além do dividendo, uma parcela relativa ao desinvestimento – em outras palavras, a venda de patrimônio – realizada pela gestão. Por isso, explica a Kinea, a parcela da amortização não deveria ser considerada no cálculo da taxa de retorno com dividendos (dividend yield).

Sem fazer essa observação, o dividend yield da carteira seria calculado na casa dos 30% em 12 meses, o que poderia iludir os investidores menos atentos.

Em comunicado ao mercado, a gestora – preocupada também com o comportamento das cotas do fundo no mercado – lembrou ainda que o modelo não pode ser ignorado inclusive na análise do preço do papel, que estaria sobrevalorizado de acordo com os gestores.

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No dia 21 de setembro, a cota do KINP11 fechou a sessão com forte valorização de 12%, negociada a R$ 17, valor que geraria um prejuízo para quem comprou naquele patamar, alerta Marcel Chalem, gestor de Real Estate da Kinea.

“Se o investidor comprar a cota a mais ou menos R$ 15, ele receberá de volta, no final do fundo, aproximadamente R$ 9,70, o que representa uma perda de capital de mais ou menos 60% do que ele investiu”, explica.

Para auxiliar o investidor, Chalem sugere a leitura do relatório gerencial do fundo, especialmente a tabela incluída no documento que relaciona o retorno previsto para o cotista de acordo com o valor de aquisição da cota. Quem comprou o papel a R$ 8,95, por exemplo, terá uma rentabilidade de IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) mais 19,71% ao ano.

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Fonte: Kinea

A tabela é atualizada mensalmente nos relatórios gerenciais do Even Permuta Kinea (KINP11), que atualmente conta com 1.412 cotistas.

“É muito importante que o investidor entenda a dinâmica do fundo para tomar a decisão adequada de investimento e não ter uma surpresa desagradável no final do fundo”, recomenda Chalem.

Ele lembra ainda que o fundo segue muito bem e, para quem entrou no início, a carteira vai entregar o retorno de IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) mais 10,5%, que é a rentabilidade prometida na época.

Wellington Carvalho

Repórter de fundos imobiliários do InfoMoney. Acompanha as principais informações que influenciam no desempenho dos FIIs e do índice Ifix.