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Considerando que as ações americanas andaram bastante em 2021, surgem oportunidades de diversificação em outros mercados, alguns considerados esquecidos. É o caso do Japão, uma das principais apostas da gestora global Wellington Management. Segundo dados da Austin Rating, um dos principais índices do Japão, o Nikkei 225, fechou em queda de 6,1% (em dólar) no ano passado.
O Japão lida com um cenário macroeconômico muito diferente do restante do mundo. Enquanto a maioria dos países, principalmente os Estados Unidos, estão subindo os juros para conter a inflação, no país asiático o cenário é de inflação próxima de zero.
Segundo Ian Caó, CIO da Gama Investimentos, isso é benéfico para o mercado de ações japonês, ainda que a economia do país não pareça destinada a um crescimento forte. “O fato de que o país tende a reforçar os estímulos enquanto o resto do mundo os retira deve beneficiar o mercado de ações”, explica.
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A lógica por trás é que um eventual aumento da inflação japonesa propiciaria um ambiente econômico favorável, principalmente quando se fala de repasse de preços e força da demanda.
Nanette Jacobson, estrategista de investimentos globais da gestora americana Wellington Management, explica que com uma inflação que pode superar 1%, as indústrias japonesas teriam um poder maior de repasse de preços, que beneficiaria também os resultados de companhias de capital aberto. Em entrevista ao InfoMoney, como parte da programação do Onde Investir 2022, evento online e gratuito, Nanette citou também o aumento da confiança dos consumidores e o possível aumento dos salários, que os favoreceria.
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No Japão, um pouco de inflação beneficia as ações
Caó, da Gama, explica que o principal vetor positivo para o mercado japonês é a flexibilidade da sua política econômica. O país não terá que subir juros e conter a inflação, como o restante do mundo. “O Japão tem espaço para fazer estímulos fiscais”, destaca.
O país – que é um grande exportador de bens de capital como veículos, maquinário, computadores, chips, semicondutores e equipamentos elétricos – deve experimentar o reestabelecimento da oferta com a diluição da pandemia. Segundo Caó, na bolsa, companhias desses segmentos também tendem a pega carona na retomada.
Nanette também cita as melhorias na governança corporativa que companhias de capital aberto experimentaram na última década. Investidores tem exigido dividendos maiores, retornos de capital superiores e diretores transparentes, medidas que a Bolsa de Tóquio tem cobrado das empresas listadas.
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“Isso pode ser um grande catalisador para que as ações japonesas tenham um bom desempenho”, defende a estrategista. Outro motivo é o valuation extremamente descontado dos papéis se comparado com ações de mercados desenvolvidos.
O ritmo da desaceleração chinesa
Jennie Li, estrategista de ações da XP, explica que 2021 não foi um ano bom para as ações chinesas. Pesou no desempenho dos principais índices a queda das ações de tecnologia, que sofreram com regulação do governo, além do setor imobiliário que sentiu os impactos da ameaça de calote da Evergrande, uma das maiores incorporadoras do país.
Segundo Renato Santaniello, head de soluções de investimentos e multimercados da Santander Asset Management, apenas índices que tinham uma maior concentração em bancos, como o CSI 300 tiveram um desempenho melhor. “Tecnologia foi um dos maiores detratores das bolsas chinesas”, explica.
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De acordo com o levantamento da Austin Rating, o índice Shangai Composite (SSEC) subiu 1,8% em 2021, em dólar, enquanto o Ibovespa, principal índice da B3, recuou 18%.
A economia chinesa experimenta mudanças no seu crescimento, explica Jennie Li, ressaltando que o país asiático vive um processo de desaceleração. Projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI) destacam que para 2022 o PIB chinês deve crescer 5,6%.
Durante anos, a China experimentou crescimento na casa dos dois dígitos, realidade que muda agora, como o governo já sinalizou. “Ficou claro que eles não vão priorizar quantidade e, sim, qualidade de crescimento, deixando um pouco de lado segmentos de infraestrutura e exportações, e se voltando para o consumo doméstico”, explica. A projeção da Santander Asset Management é de um crescimento do PIB chinês de 4,7% em 2022.
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Responsável por 25% da economia da China, o segmento imobiliário deve representar um risco menor para o mercado financeiro do país em 2022.
Segundo os especialistas consultados pelo InfoMoney, a Evergrande não será o novo Lehman Brothers. O risco de um colapso já foi minimizado pelo governo chinês e deve ter efeitos moderados neste ano. “É uma crise controlada pelo governo”, aponta Jennie Li.
Santaniello acredita que por causa dos segmentos mais afetados na China – como tecnologia, imobiliário e consumo – o governo vai adotar medidas para impulsionar o crescimento. “Vai ser um bom ano para a bolsa chinesa e outros mercados emergentes”, avalia.
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China está “menos barata” que o Brasil, mas ajuda a diversificar
Comparando alguns índices, como o Ibovespa e o MSCI China, Jennie Li chega à conclusão que tanto a Bolsa brasileira e quanto a chinesa estão baratas.
Ela explica que o Ibovespa está negociando a 7 vezes seu preço/lucro, quando a sua média histórica é de 12 vezes. Já o MSCI China negocia a 11 vezes preço/lucro, considerando também uma média de 12 vezes.
“Os dois estão descontados, mas a China está menos barata”, afirma a estrategista da XP. Contudo, para os especialistas consultados pelo InfoMoney, ambos países têm um papel importante na diversificação de carteiras.
A perspectiva para China neste ano é neutra, segundo Jennie Li, por causa do risco regulatório que pode vir a pressionar empresas de tecnologia e puxar os índices para baixo.
No entanto, para o longo prazo a perspectiva é promissora, com boas oportunidades para empresas listadas nos segmentos de inteligência artificial, computação em nuvem, semicondutores e transição energética. “No longo prazo a China é um mercado importante para ter exposição”, destaca a estrategista.
Para quem busca estabilidade, Europa é uma opção
No ano de 2021, as bolsas europeias tiveram desempenhos diferentes. Considerando a performance em dólar, segundo a Austin Rating, os índices com melhor resultado foram o da França (CAC 40), que subiu 18,9% no ano passado; seguido do FTSE 100 da bolsa inglesa, que valorizou 12,8%; e do o índice alemão DAX 30, que avançou 6,9%.
Para Vinicius Steniski, analista do TC Matrix, tanto o DAX 30 como o FTSE 100 têm forte participação de companhias do setor industrial e materiais básicos, como as commodities, o que beneficiou o seu desempenho. “Contribuiu também a participação destes índices em ETFs, haja vista sua maior liquidez”, aponta.
Em 2022, caso a inflação e o desemprego permanecerem controlados, Steniski enxerga um bom ano para as bolsas europeias, principalmente para a bolsa inglesa, que reúne companhias dos setores de consumo cíclico, saúde, óleo e gás.
Renato Santaniello, da Santander Asset Management, enxerga um cenário positivo para Alemanha, cuja economia está muito ligada à indústria automotiva – que sofreu com escassez de chips em 2021, mas deve retomar a produção neste ano. “O setor automotivo da Europa vai se recuperar e o segmento pode ser positivo para o investidor”, defende.
Entre as vantagens de investir na Europa, Santaniello cita o espaço que esse mercado tem para crescer com a economia apostando em medidas estimulativas. É diferente do que se prevê nos Estados Unidos, que se dirigem à normalização dos juros. “Os Estados Unidos atingiram um estágio avançado de crescimento, a Europa está em outro caminho”, aponta.
Já Steniski considera que a Europa possui um risco de desaceleração menor, visto que os níveis de emprego pré-covid já foram retomados. “Investir no mercado europeu pode ser uma ótima opção para quem busca mais estabilidade e exposição a uma moeda forte”, defende.
Entre os riscos deste mercado, ele destaca novas ondas de Covid-19 surgindo por causa da recusa da vacina pela população, muito presente lá. Preocupa também a inflação de custos que afeta as empresas e a dependência de outros países na matriz energética, exceto no caso da França.
Investir na Europa
O analista do TC Matrix cita as montadoras de carros elétricos como oportunidade de investimento na Europa para 2022.
Embora algumas ainda sofram com as cadeias de produção pela falta de semicondutores, as ações destas companhias devem se beneficiar pela mudança de combustíveis nos próximos anos, movimento liderado pela Europa. No curto prazo, contudo, os papéis ainda podem continuar pressionados.
Ele também vê oportunidade no setor químico, que sofreu com o preço das commodities energéticas, e está descontado. Além disso, também acredita que o setor de metais, alumínio e aço é boa opção, beneficiado pela retirada de tarifas entre Europa e Estados Unidos, em favor dos pacotes de infraestrutura.
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