Itaú e Santander cobram taxa de saída para fundos de baixo risco e penalizam investidor

O fundo Itaú Personnalité Referenciado DI Evolução obriga investidor a aceitar carência de 3 meses e a pagar até 2% de taxa de saída; já o fundo Santander Recompensa Premium, um renda fixa de baixo risco, cobra até 1,2% de taxa de saída

Diego Lazzaris Borges

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SÃO PAULO – Itaú Unibanco e Santander disponibilizam para seus clientes de renda mais elevada fundos de renda fixa de baixo risco com cobrança de taxa de saída – ou seja, o investidor precisa pagar uma taxa se quiser fazer o resgate dentro de um prazo de até 24 meses. 

No caso do Itaú Unibanco, o Itaú Personnalité Referenciado DI Evolução – fundo DI  destinado a clientes do segmento Itaú Personnalité, de alta renda – tem aplicação mínima inicial de R$ 150 mil, e penaliza os clientes com a cobrança de até 2% sobre o valor investido, dependendo do período do resgate.

. A cobrança segue a seguinte regra:
De 0 a 3 meses – carência de resgate
De 3 a 6 meses – 2,0%
De 6 a 12 meses – 1,5%
De 12 a 18 meses – 1,0%
De 18 a 24 meses – 0,50%
Acima de 24 meses – 0,0%

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O fundo ainda tem uma carência de 90 dias – ou seja, se o resgate for feito nos primeiros 3 meses o investidor não recebe nada de rendimento.

Já o fundo Santander Recompensa Premium é de renda fixa classificado como “baixo risco” pela própria gestora e investe mais de 75% do seu patrimônio em títulos públicos. Esse fundo cobra uma taxa de 1,2% sobre o valor aplicado se o investidor fizer o resgate no primeiro dia após a aplicação. A taxa vai diminuindo proporcionalmente ao longo do tempo até zerar após o prazo de dois anos, assim como no fundo do Itaú. A ideia do fundo é “premiar” o investidor que fica mais tempo com o dinheiro aplicado, já que metade da taxa de saída cobrada dos investidores é revertida para o fundo. 

Para especialistas em finanças, um fundo com essas características que cobra taxa de saída e que tem carência de resgate perde sua principal função, que é ser uma opção  para formar um colchão de liquidez  – ou seja, aquele dinheiro que você deixa em uma aplicação segura para sacar a qualquer momento em caso de urgência.  “Não existe vantagem alguma para o cliente pagar essa taxa, uma vez que a cota do fundo tem liquidação em  D+0 e esses fundos são usados normalmente para reserva de emergência”, diz Rodrigo Cardoso, assessor de investimentos da Manhattan Investimentos.

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Um executivo que atua com gestão de fundos ouvido pelo InfoMoney lembrou que a taxa de saída é vista na indústria principalmente em casos de fundos multimercados ou de ações, em que o cliente tem uma carência já estipulada de resgate – como D+30, D+60 ou D+90 – e precisa do dinheiro antes disso. “Nesse caso, ele paga uma taxa para conseguir o valor antes”, afirmou. 

Isso acontece porque esse tipo de fundo costuma ter ativos com menor liquidez, e o gestor precisa de um tempo maior para se desfazer de posições quando o cliente faz a solicitação de resgate. Se não puder esperar o tempo de cotização, ele paga uma taxa por isso. Esse argumento, porém, não vale para um fundo DI como o do Itaú, pois o gestor investe em ativos pós-fixados, como as LFTs (títulos públicos federais pós-fixados) que podem ser vendidos a qualquer momento sem nenhuma penalidade – e justamente por isso a cotização do fundo evolução é feita em D+0.

Segundo o Itaú Unibanco, a taxa de saída do fundo tem como objetivo “valorizar e dar um benefício para o cliente que quer investir seus recursos por um prazo maior que 2 anos”. O banco afirma que a ideia é dar acesso para o cliente a um fundo com taxa de administração inferior à taxa que ele teria acesso com um volume menor investido no Itaú Unibanco.

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“Traçando uma comparação: para um cliente acessar um fundo com taxa de administração equivalente ao Evolução, seria preciso ter 300 mil reais investidos. O Evolução dá acesso a um produto com mesma taxa de administração, mas para quem tem a metade do valor investido, 150 mil reais. Em troca desse benefício, temos a taxa de saída, que serve para incentivar que apenas acesse o Evolução os clientes que possam deixar o recurso investido por mais de 2 anos”, afirmou o Itaú, em nota.

Tanto o fundo do Itaú quanto o do Santander cobram taxa de administração de 0,5% ao ano, fato raro nos grandes bancos. Mas o investidor pode ter acesso a fundos DI com essa taxa ou até menor –  e que não cobram taxa de saída – por meio da plataforma das corretoras de valores. “Acho que isso só reforça o discurso de educar o investidor brasileiro, mostrar que existem alternativas melhores em plataformas de investimento independentes. O brasileiro, com a liberdade de informação proporcionadas pela internet, passou a comparar preços de tudo, de roupas a passagens aéreas. Por que nao fazer isso com produtos financeiros tambem?”, questiona André Albo, assessor de investimentos e sócio do escritório Alta Vista Investimentos.

O fundo Evolução, do Itaú, foi aberto em agosto de 2011 e tem um patrimônio líquido de R$ 1,085 bilhão. Nos últimos 24 meses, ele rendeu 24,62%, enquanto o retorno do CDI (Certificado de Depósito Interbancário) foi de 25,35%.

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Já o fundo Recompensa, do Santander, tem aplicação mínima de R$ 1 milhão. o rendimento dos últimos 24 meses ficou em 25,61%.

 

Diego Lazzaris Borges

Coordenador de conteúdo educacional do InfoMoney, ganhou 3 vezes o prêmio de jornalismo da Abecip