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Caros(as) leitores(as),
Recentemente fiz um conteúdo em vídeo nas minhas redes sociais (@_lucascollazo) sobre minha preocupação em relação aos fundos multimercados. Vou utilizar esse espaço para explorar melhor essa questão.
Esses fundos são um verdadeiro liquidificador de ativos, combinam diversos mercados e geografias, utilizam vários instrumentos financeiros para expressar opiniões e costumam ser muitos ativos em sua gestão. São complexos na estrutura, mas fáceis de entender como alocação.
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Dentro de uma carteira diversificada, assumem o papel de “coringa”. A ideia do fundo multimercado é ganhar dinheiro a despeito do cenário, normalmente perseguindo retorno excedente ao maior maratonista do mercado brasileiro: o CDI.
Ou seja, no longo prazo, os bons fundos deveriam entregar o que chamamos de “CDI + alguma coisa”. Quanto maior for esse prêmio ao lado do CDI, maior será a volatilidade do fundo em questão.
Existem inúmeras estratégias dentro da família de multimercados, desde as mais tradicionais, até aquelas que talvez eu desconheça até hoje. Muitas vezes sinto que tudo aquilo que é estranho ou indefinido dentro da indústria de fundos de investimento, acaba recebendo nomenclatura de multimercado pelos reguladores competentes.
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Os mais tradicionais e conhecidos são os multimercados macroeconômicos. Vou me referir a eles nesse texto.
Na última coluna, eu disse que os fundos multimercados recebem resgates líquidos no ano, com exceções de alguns nomes específicos.
Para ser mais preciso, segundo dados da Anbima, os fundos de investimento registraram R$ 82,1 bilhões em saídas liquidas no primeiro trimestre de 2023. Nos multimercados, foram R$ 37,4 bilhões em resgates no ano até aqui – na janela mais longa, o número só piora: R$ 85,3 bilhões nos últimos 12 meses.
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Trata-se de um movimento de magnitude relevante que ignora completamente os retornos que diversas casas apresentaram, especialmente no ano de 2022. Porém, houve algumas dessas gestoras que conseguiram contrariar essa maré e captaram recursos.
Entre elas, Asa Investments, XP Asset e outras que ficaram entre os melhores resultados do ano passado. Hoje não venho julgar a qualidade de cada uma delas — eu gosto de várias.
Venho aqui questionar: se a indústria como um todo sofreu resgates, por que alguns poucos nomes apresentaram entradas líquidas?
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Alguns de vocês dirão: “deve ter algum incentivo comercial por trás”. Concordo, em alguns casos (e aposto que a maioria), essa interferência foi importante – já discuti sobre essa força motriz do mercado em outro texto por aqui.
Mas, você concorda que seria difícil vender um fundo com resultado ruim, certo? Ou seja, no fim das contas, a cota de curto do prazo, mais uma vez, é fator determinante para tomada de decisão de investimento.
E é aqui que mora meu medo.
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Esses fundos “macrões” costumam construir resultados chamativos em momentos de grandes tendências macroeconômicas. Ano passado, os gestores brasileiros pescaram o peixe grande da alta de juros nos EUA.
Mas, todos os anos teremos esses grandes movimentos? Não necessariamente. Os bons fundos sempre vão bater o CDI? Não necessariamente. Eles ficaram negativos em alguma janela de tempo? Provavelmente.
Quando os gestores vão a público falar sobre suas respectivas estratégias, sempre citam o longo prazo como foco. De fato, é ali que está o grande retorno, a construção do resultado acumulado.
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Mas, aqui entre nós: é claro que os gestores se preocupam com as janelas curtas também, ninguém gosta de ver a cota no vermelho.
Entretanto, se a casa tiver convicção em uma tese de horizonte mais extenso, mas estiver entregando um resultado ruim no curto, provavelmente irá carregar perdas se não mudar de ideia sobre o investimento (e isso vai ser dolorido).
Dito isso, se você que acabou de se tornar cotista de uma dessas gestoras com fundos multimercado que entregou retornos interessantes no passado recente: saiba que acaba de ingressar em um relacionamento sério, um “namoro”.
Muitos dirão que é um casamento. Não concordo tanto com essa ideia pois, na minha opinião, você deve monitorar o fundo e a gestora, e, possivelmente em uma janela de 3 anos, tomar decisão de seguir cotista ou não.
De todo modo, entenda que fundo de investimento é um serviço e não um produto. Você está contratando profissionais do mercado para realizar a gestão de parcela do seu patrimônio, respeitando aquela determinada estratégia e seus limites de risco.
Em outro texto, explicarei como faço para tomar a decisão de resgate ou não de um fundo. Quero que você saia desse texto com o entendimento que o seu fundo (seja multimercado ou não), provavelmente possui cota diária, mas isso não significa que você precisa tomar decisões todos os dias.