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O conjunto de incertezas externas e domésticas contribui para uma menor atividade nos mercados de crédito e de capitais. E uma retomada depende não só de maior clareza por parte dos agentes econômicos, mas também pela redução da taxa de juros.
Essa é uma das avaliações feitas no último episódio do podcast Stock Pickers, que contou com a participação de Eduardo Alcalay, CEO Bank of America Brasil, Ivan Amaral, diretor no Pátria Investimentos, e Ivan Monteiro, chairman da área de fortunas do Credit Suisse.
“Com taxa de juros alta e liquidez diária, alocar [dinheiro] em outras classes de ativos é desafiador, ainda mais em um momento de perspectiva e crescimento que está repelido pelo ambiente macro. Para a maior normalização dos mercados, é importante a taxa de juros ceder”, disse Alcalay.
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A taxa Selic está em 13,75% ao ano e ainda não há clareza de quando terá início o processo de corte.
Do lado externo, a economia vem enfrentando diferentes choques de forma contínua nos últimos anos, o que inclui a pandemia da Covid-19, a guerra na Ucrânia, o processo inflacionário global e, mais recentemente, a quebra do banco americano Silicon Valley Bank (SVB), que levantou dúvidas sobre um efeito de contágio e a solidez do sistema bancário.
Já no Brasil, pesa a taxa de juros em patamares mais elevados que em outros países e as discussões em torno das novas regras fiscais.
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E nesse ambiente de incerteza, ocorreu a fraude e recuperação judicial da Americanas (AMER3), que contribuiu para o recrudescimento do mercado de crédito, com os bancos ficando mais seletivos na concessão, e do mercado de capitais (menos operações no mercado).
Monteiro, que também é presidente do Conselho de Administração da Eletrobras e já presidiu também a Petrobras, lembra que o crédito é uma operação ligada à confiança e essa confiança piorou após o episódio que levou à recuperação judicial da Americanas.
“Nós tivemos um episódio relevante, marcante. O episódio de Americanas. A gente vinha de uma situação muito boa de competição entre o mercado de capitais e de crédito [bancário]. Isso rapidamente secou”, contou.
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Os executivos lembram que, em um cenário como esse, os diretores financeiros das empresas passaram a lidar não só com os juros que já estavam elevados, mas também com a dificuldade em acessar o crédito.
Crise como em 2008?
Além do momento de maior seletividade, os executivos também afirmam que não é possível definir ainda se o mundo passará por uma desaceleração suave ou mais abrupta. Apesar disso, se mostraram confiantes em relação à solidez do sistema bancário, mesmo com a quebra do SVB.
Para Alcalay, do Bank of America, não há similaridade com o que ocorre em 2008, quando ocorreu a grande crise financeira global.
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“O sistema financeiro é totalmente diferente hoje. Mais robusto, mais transparente. O caso SVB eu acho que foi muito um caso isolado”, avaliou.
No entanto, destacou os desafios que a economia enfrenta no curto prazo, que envolve o controle da inflação e o ritmo da atividade econômica.
Para Amaral, que é um dos responsáveis pelo private equity do Pátria Investimentos, o mais importante nesse momento é ter uma visão de longo prazo. Segundo ele, para investimentos desse porte, em que se compra a participação em uma empresa e o desinvestimento é feito anos depois, o mais importante é avaliar questões estruturais.
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“Esses ciclos [de desaceleração] são recorrentes na economia. Já o private equity tem um horizonte mais dilatado. Não olha as dinâmicas de curto prazo”, diz.
Fenômenos como a demografia na China, a disputa geopolítica entre China e EUA e os gargalos existentes no Brasil são fatores mais relevantes para se avaliar e tomar a decisão de investir em uma empresa nesse segmento.
“O histórico de relações diplomática do Brasil com o mundo e da América Latina não é se alinhar com um bloco ou outro. Potencialmente, a gente vai estar numa posição muito, muito boa para os próximos anos”, concluiu.