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SÃO PAULO – A atuação do Banco Central (BC) durante a pandemia de coronavírus e uma eventual leniência da autoridade monetária com relação à pressão inflacionária geraram críticas por parte de alguns dos mais renomados gestores do mercado local.
Nomes do quilate de Luis Stuhlberger (da Verde Asset), Rogério Xavier (SPX) e Márcio Appel (Adam) enxergaram na redução da taxa Selic para 2% uma postura excessivamente arrojada por parte de um banco central de país emergente com uma relação entre dívida e Produto Interno Bruto (PIB) beirando os 100%.
Durante live realizada pela casa de análise Spiti na noite desta quarta-feira (11), Mário Torós, sócio fundador da Ibiuna Investimentos e ex-diretor de política monetária do BC, evitou fazer críticas diretas à atuação de Roberto Campos Neto e sua equipe.
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Mas disse que os multimercados da casa estão com posições tomadas em juros prefixados e em títulos indexados à inflação, nos vértices curtos e intermediários. São apostas que tendem a se beneficiar de um aumento nas taxas da curva de juros futuros.
A posição se deve ao risco, considerado grande por Torós, de a inflação, hoje mais restrita ao atacado, se alastrar para outros setores, principalmente em um cenário de normalização da economia.
O BC ainda não se mostrou preocupado com esse risco de contágio inflacionário, pela provável leitura de que a alta, provocada em grande medida pelos alimentos, é um choque temporário, afirmou o gestor da Ibiuna.
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“Achei uma visão um pouco otimista”, disse Torós. “Estou mais preocupado que o BC [com a inflação]”, acrescentou.
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De todo modo, o gestor da Ibiuna afirmou também que a autoridade monetária se tornou hoje uma “passageira” no carro guiado pela política fiscal, em referência à necessidade urgente de andamento de reformas que permitam a manutenção dos juros baixos.
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Sem uma resposta adequada do governo até o momento sobre como vai lidar com a trajetória da dívida pública no próximo ano, Torós disse que prefere não ter Bolsa brasileira no momento, além de ter apostas compradas em dólar contra o real.
“Se o Brasil não der uma resposta crível nos próximos dois meses sobre como vai trabalhar a questão fiscal, a situação pode ser bem complexa, para a taxa de câmbio e os ativos brasileiros como um todo.”
Lá fora, melhor cenário possível
Já em relação ao ambiente internacional, as perspectivas traçadas pelo sócio fundador da Ibiuna são bem mais animadoras.
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O cenário político americano que se desenha para 2021, com uma presidência democrata e um senado republicano, é o melhor possível para os mercados, avaliou Torós, ao indicar a continuidade do ambiente de juros baixos e liquidez abundante, mas sem o risco de alta dos impostos.
E com o provável início da vacinação em massa ao longo do primeiro semestre do ano que vem, os prognósticos de forte retomada no nível da atividade devem se confirmar, prevê o especialista.
“Pelo processo de normalização das economias, conjuntamente com o gasto fiscal e a expansão monetária, 2021 pode ser um ano muito bom do ponto de vista das diferentes classes de ativos de risco [no mercado global].”
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Diante desse ambiente internacional aguardado à frente, a Ibiuna tem posições compradas na bolsa americana, como no índice S&P 500.
Bolsas asiáticas emergentes, notadamente da China, também têm tido seu espaço garantido nos multimercados da casa. A economia do gigante asiático, lembrou Torós, será uma das poucas a crescer em 2020.
O gestor disse ainda que, apesar da queda dos últimos dias, segue com o ouro no portfólio. “Em um mundo com muita liquidez, certamente o ouro é um ativo que deve andar.”
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As decisões tomadas pelos gestores da Ibiuna em um ano tão atípico se mostraram bastante acertadas, haja vista a rentabilidade de 8,07% do Ibiuna Hedge FIC FIM em 2020, até outubro, contra 2,45% do CDI. Os ganhos chegam a 13,11% no multimercado da casa com maior nível de volatilidade.
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