Gestora do HASH11, brasileira Hashdex entra na disputa para ter primeiro ETF de Bitcoin dos EUA

Documentação enviada à SEC mostra uma estratégia diferente daquela adotada por outras gestoras, como BlackRock, Fidelity e Ark invest

Lucas Gabriel Marins

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A Hashdex, gestora brasileira de fundos de criptoativos, entrou na corrida para ter o primeiro ETF (fundo negociado em bolsa) à vista de Bitcoin (BTC) dos Estados Unidos, disputando o pódio com pesos-pesados do mercado de capitais, como BlackRock, Fidelity e Ark Invest.

Na sexta-feira (25), a Bolsa de Nova York (Nyse) apresentou à SEC, equivalente à Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos, um pedido de conversão do fundo de índice de futuros de BTC da empresa – o ETF Hashdex Bitcoin Futures (DEFI) – para o modelo spot (à vista), que permite exposição direta ao ativo digital.

Pioneiro nos Estados Unidos, o ETF DEFI foi o primeiro produto cripto lançado na Nyse sob o Securities Act de 1933 (lei de 33), regra que permite que fundos invistam em ativos que não são considerados valores mobiliários, como é o caso do Bitcoin. Como a Hashdex não tem licença para atuar como gestora nos EUA, a parceira local da empresa nos Estados Unidos é a gestora Tidal.

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No Brasil, a Hashdex também foi a primeira a ter um ETF de criptomoedas listado na B3 – o HASH11, que em poucos meses se transformou no segundo fundo de índice com mais cotistas da Bolsa.

A estratégia de transformar um produto de futuros em spot é diferente daquela adotada pelas outras gestoras na corrida, que propuseram em seus pedidos de ETF a exposição direta ao Bitcoin em corretoras cripto, bem como um “acordo de compartilhamento de vigilância” (SSA, na sigla em inglês) com a exchange Coinbase para monitorar possíveis fraudes.

Esse acordo é um instrumento jurídico que representa uma colaboração entre plataformas cripto e reguladores para compartilhar dados e informações comerciais, de forma a evitar possíveis manipulações de mercado. A SEC até agora não aprovou nenhum ETF à vista de BTC no país justamente por receio de manobras indevidas nos preços.

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No pedido apresentado à Nyse, o documento também também informa que o produto deverá mesclar os dois modelos de investimento em Bitcoin – futuros e spot. Segundo a Hashdex, pode ser um modelo mais favorável para a aprovação do produto.

“Muito interessante”, disse Nate Geraci, presidente da ETF Store, na rede social X (antigo Twitter), sobre a tática adotada. O produto “muda o nome para Hashdex Bitcoin ETF e atualiza a estratégia para manter o BTC à vista. Notavelmente, este pedido não depende do SSA com a Coinbase”, completou.

Em texto publicado na semana passada em seu blog, a Hashdex disse que a aprovação de um ETF spot de Bitcoin nos EUA seria um marco significativo, mas que não há evidência de que a estratégia usada pelas outras gestoras norte-americanas junto à SEC realmente funcione.

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“A BlackRock e a maioria dos outros solicitantes de ETF de Bitcoin spot acreditam que um acordo de compartilhamento de vigilância com a bolsa onde o BTC é negociado (Coinbase) resolve isso, mas não há evidência de que isso enderece as preocupações da SEC”.

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A indecisão do xerife do mercado de capitais dos EUA sobre os ETFs tem sido apontada por especialistas do mercado cripto como um dos motivos da estagnação e queda do BTC nos últimos meses. Na manhã desta segunda-feira (28), a criptomoeda é negociada US$ 26.085, em baixa de 0,1%.

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“A queda do BTC resultou do nervosismo sobre as decisões iminentes do ETF Bitcoin dos EUA”, disse Edward Moya, analista sênior da formadora de mercado Oanda, em nota recente.

“A atual tendência de baixa do Bitcoin, no entanto, pode ficar mais feia se algumas dessas decisões sugerirem que um ETF dos EUA ainda permanece distante ou se a liquidação no mercado de títulos continuar”, completou.

Lucas Gabriel Marins

Jornalista colaborador do InfoMoney