Gestora suspende saques de fundos de cripto regulados após operação da PF

Além da interrupção dos saques, também foi determinado por medida judicial o afastamento da gestora da administração dos fundos

Lucas Gabriel Marins

Avenida Faria Lima, em São Paulo (Foto: Getty Images)

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A Vórtx, que administra três fundos de criptomoedas da gestora Titanium Asset, suspendeu o resgate de valores dos produtos financeiros e passou a geri-los temporariamente após a gestora, que fica na Avenida Faria Lima, em São Paulo, virar alvo ontem de operação da Polícia Federal (PF) contra supostas pirâmide financeiras.

A administradora disse em fato relevante na terça-feira (28) que a medida foi tomada com base em ordem judicial. Os três fundos afetados são o Structure, com 362 cotistas e patrimônio de R$ 73 milhões; o Cripto Access, com 83 investidores e R$ 5,8 milhões sob gestão; e o Galaxy, com 51 cotistas e patrimônio de R$ 3 milhões.

A Vórtx disse no documento que está em contato com a Titanium Asset em busca de mais informações que possam ter gerado o recebimento da ordem judicial mencionada. “Esta administradora reforça, ainda, o seu compromisso de seguir desempenhando suas atividades de forma diligente e em estrita observância ao seu dever fiduciário, mantendo os cotistas e o mercado geral informados acerca de eventuais desdobramentos”.

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A reportagem contatou a Vórtx para mais esclarecimentos, mas a empresa disse que apenas se manifestaria por meio de Fato Relevante.

De acordo com a PF, que investiga o caso desde 2020, uma organização criminosa que operava estrutura semelhante à pirâmide financeira começou a operar em Balneário Camboriú, em Santa Catarina, depois foi para Curitiba, no Paraná, para então alcançar o centro econômico do país na capital paulista.

O esquema, segundo a investigação, constituía em captar US$ 1 bilhão de investidores em todo o Brasil por meio de oferta pública de contratos de investimento coletivos (CIC) para aplicação em suposta arbitragem de criptomoedas, sem registro ou autorização dos órgãos competentes.

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Em nota enviada à reportagem, a Titanium Asset disse que a empresa não está envolvida e ainda não tem informações detalhadas do procedimento investigativo que motivou a operação. Falou também que é a maior interessada em esclarecer todos os pontos e não medirá esforços para colaborar com as autoridades.

Disse ainda que “a midiática operação envolveu empresas que não fazem parte do mesmo grupo econômico, com atuações distintas, todas lícitas, como será demonstrado em breve, tão logo haja acesso à investigação”.

Centrifugação de dinheiro

Para esvaziar o patrimônio da instituição financeira clandestina, segundo a investigação, o dinheiro era enviado para diversas contas diferentes de empresas, em um sistema conhecido como “centrifugação de dinheiro”. A PF também informou que há investimentos com possível origem no tráfico de drogas, crimes contra o sistema financeiro nacional e fraudes empresariais e fiscais.

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Os fatos, segundo a PF, constituem crimes de lavagem de dinheiro, organização criminosa e contra o sistema financeiro nacional.

No total, a PF cumpriu ontem 28 mandados de busca e apreensão, 11 medidas cautelares diversas – sendo dois com monitoramento eletrônico por tornozeleira – contra 12 pessoas físicas e mais de 50 empresas em São Paulo (SP), Balneário Camboriú (SC), Palhoça (SC), Curitiba (PR) e Porto Alegre (RS).

Foi determinado ainda o bloqueio e sequestro de cerca de R$ 400 milhões em bens, sendo 473 imóveis, 10 embarcações, uma aeronave, 40 veículos de luxo e alto luxo, mais de 111 contas bancárias, além de três fundos de investimento dos investigados.

Lucas Gabriel Marins

Jornalista colaborador do InfoMoney