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SÃO PAULO – Os impasses entre os Poderes, além de incertezas em torno dos custos para financiar novos programas de transferência de renda, ajudaram a dar o tom negativo da Bolsa em setembro. Isso tudo somado a um cenário mais complicado no exterior acabou pesando sobre os negócios.
Em setembro, o Ibovespa amargou a maior queda mensal desde março de 2020, de 6,57%. Os fundos de ações sentiram o baque, e tiveram mais resgates do que depósitos no mês. O saldo foi uma captação líquida negativa de R$ 3 bilhões – o pior desempenho mensal desde janeiro deste ano, quando os depósitos líquidos tinham ficado negativos em R$ 23,1 bilhões. Os dados são da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).
No mês passado, apenas três subclasses de fundos de ações conseguiram terminar o mês no azul, ou seja, com mais aplicações do que saques. Foram os fundos focados em dividendos, os fechados e os com investimento no exterior.
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Embora o mês de setembro tenha sido especialmente negativo para os fundos de ações, no acumulado do ano, o saldo ainda é positivo para a classe, com depósitos líquidos chegando a R$ 7,8 bilhões.
Assim como os fundos de ações, os multimercados também terminaram setembro no vermelho. A categoria encerrou o período com saques líquidos de R$ 13,4 bilhões. A última vez que essa classe de fundos havia registrado captação líquida negativa foi em abril de 2020, quando os saques acumularam R$ 10,6 bilhões.
Os fundos de previdência tiveram, em setembro, o segundo mês consecutivo de perdas. Dados da Anbima mostram que os depósitos líquidos nessa classe de fundos ficaram negativos em R$ 2,9 bilhões. Já no acumulado do ano, as captações líquidas seguiram no campo positivo e somaram R$ 5,1 bilhões.
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Mais aplicações do que saques
Na ponta contrária, o cenário de valorização do dólar frente ao real pode ter ajudado a impulsionar os depósitos líquidos em fundos cambiais, que somaram R$ 171,7 milhões em setembro deste ano – valor maior do que o registrado no mês anterior de R$ 18,1 milhões. No ano, as captações líquidas chegam a R$ 991,5 milhões.
Outros fundos favorecidos pelo aumento das taxas de juros foram os de renda fixa. Segundo a Anbima, essa classe de fundos registrou captação líquida de R$ 34,9 bilhões – valor que, no entanto, ficou abaixo dos R$ 40,9 bilhões de agosto deste ano. Ao longo de 2021, esses fundos acumulam depósitos líquidos de R$ 237,2 bilhões – maior valor já registrado desde 2006.
Os fundos de participação (FIPs) e de investimento em direitos creditórios (FIDCs), por sua vez, também terminaram setembro no campo positivo, com captações líquidas de R$ 414 milhões e de R$ 3,9 bilhões, respectivamente. Já no acumulado do ano, os depósitos líquidos dos FIPs estão negativos em R$ 8,7 bilhões, enquanto os dos FIDCs estão positivos em R$ 64,2 bilhões.
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ETFs
Assim como no mês passado, os ETFs, ou fundos de índices, seguiram com depósitos líquidos positivos. Se continuarem nesse ritmo, a expectativa é de que eles terminem o ano com captação líquida próxima dos valores vistos em 2019 – quando o montante chegou a R$ 10,0 bilhões.
Isso porque, no acumulado de 2021, os fundos de índice já registram captações líquidas de R$ 6,7 bilhões. Segundo a Anbima, só em setembro os depósitos líquidos de ETFs chegaram a R$ 2,1 bilhões.
As captações têm sido ajudadas pelo aumento da oferta de produtos. Hoje, por exemplo, há 48 ETFs com foco em renda variável em negociação na B3 e 7 focados em renda fixa, segundo informações retiradas do site da B3.
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Com isso, o patrimônio da indústria de ETFs saltou de R$ 4 bilhões em 2016 para R$ 52 bilhões neste ano, conforme dados divulgados até agosto deste ano pela Bolsa.
Entre os ETFs, os de renda variável seguiram respondendo pela maior parte das aplicações, com captação líquida de R$ 5,9 bilhões em setembro.
Rentabilidade
Quando o assunto é rentabilidade, os fundos cambiais foram os que acumularam o melhor resultado entre todos os fundos do levantamento de setembro, com retorno de 5,18%.
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Na sequência, vieram os fundos de renda fixa com dívida externa, com rentabilidade de 4,56% no mês. Na prática, esses fundos investem no mínimo 80% do patrimônio líquido em títulos da dívida externa de responsabilidade da União.
Entre os fundos de ações, todas as subclasses terminaram o mês de setembro com retorno negativo. O destaque, no entanto, ficou para os fundos de ações do tipo FMP-FGTS, que são produtos criados para possibilitar o investimentos de recursos do FGTS em ações de empresas, como Petrobras (PETR3; PETR4) e Vale (VALE3). Esses terminaram o mês com retorno negativo de 9,08%.