Deflação acabou com os FIIs de “papel”? Analistas discordam e sinalizam que o pior já passou

Baseado na expectativa de um IPCA positivo nos próximos meses, relatório da Guide aponta oportunidades no mercado

Wellington Carvalho

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O impacto do atual cenário de deflação nos fundos imobiliários de recebíveis tem preocupado os investidores nos últimos meses, mas os analistas da Guide Investimentos fazem o contraponto em um relatório, indicando que, na sua visão, o pior para esta classe de FIIs já passou — para a tranquilidade dos mais ansiosos.

“Após três meses de deflação, os impactos tornaram-se bastante evidentes, resultando em uma diminuição significativa do dividend yield [taxa de retorno com dividendos dos fundos]”, diz o relatório, assinado pelos analistas Fernando Siqueira e Caio Ventura. “Atualmente, baseado na expectativa de retorno do IPCA ao campo positivo nos próximos meses, acreditamos que o pior tenha passado para os fundos de papel”, cravam os especialistas.

Nos últimos dois anos, os FIIs de recebíveis – ou de “papel”, como também são conhecidos – se tornaram os queridinhos dos investidores. Focados no investimento em títulos de renda fixa atrelados a índices de inflação ou à taxa do CDI (certificado de depósito interbancário), esses fundos turbinaram os dividendos diante da elevação dos juros e dos preços neste período.

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Quando o indexador do título sobe, a receita do fundo cresce e o dividendo distribuído aos cotistas pode ser elevado. A dinâmica explica os rendimentos elevados dos FIIs de recebíveis até então. Quando o indexador cai, porém, a receita do fundo encolhe – e a redução pode influenciar nos dividendos pagos aos investidores.

Em setembro, o IPCA fechou com uma taxa negativa de 0,29%, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Foi o terceiro mês consecutivo de deflação. Em agosto, o indicador ficou em -0,36% e, em julho, -0,68%. Diante dos números, fundos de “papel” chegaram a reduzir os dividendos em até 88%.

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A confirmação de redução dos dividendos por causa da deflação derrubou a cotação de muitos FIIs de “papel” desde o mês de julho. Enquanto o Ifix – índice dos fundos mais negociados na B3 – subiu cerca de 6% no período, carteira como o REC Recebíveis (RECR11) amargam queda de quase 10% no período, conforme mostra o gráfico da Guide.

Apesar do desempenho – tanto de desvalorização da cota como de redução dos dividendos – Siqueira avalia que a tendência a partir de agora é de recuperação dos fundos de “papel”.

“Acreditamos que a performance negativa observada nos últimos meses corrobora com o contexto macroeconômico de reajuste inflacionário, porém, reforçamos que não oferece ameaça ao setor no médio-longo prazo”, diz o analista.

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Na avaliação do especialista, o atual momento abre oportunidade em fundos com potencial de retorno no curto-prazo como VBI CRI (CVBI11), RBR Rendimento High Grade (RBRR11), Barigui Rendimentos Imobiliários (BARI11) e Urca Prime Renda (URPR11).

Wellington Carvalho

Repórter de fundos imobiliários do InfoMoney. Acompanha as principais informações que influenciam no desempenho dos FIIs e do índice Ifix.