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O atraso e as incertezas para colocar em prática soluções críveis para o problema fiscal do país têm afetado diretamente a atividade econômica e a inflação. Na visão de Mário Torós, sócio e CIO da Ibiuna Investimentos, enquanto a incerteza persistir sobre o que será feito nas três fases da política fiscal (curto, médio e longo prazos), a economia real será castigada.
A afirmação foi feita nesta quarta-feira (18), em painel do Onde Investir 2023, organizado pelo InfoMoney. Entre os dias 16 de 19 de janeiro, o evento trará mais discussões sobre os mais diversos temas que influenciarão suas finanças e investimentos ao longo do ano. Clique aqui para se inscrever.
Para o ex-diretor do Banco Central, a situação que temos agora é de um “novo governo com velhas ideias”. “É difícil que ideias que já não deram certo no passado, consigam dar certo agora”, avalia.
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O executivo se mostrou reticente com as últimas afirmações feitas por Fernando Haddad, ministro da Economia, de que será possível garantir um pequeno superávit. “Não é factível”, alerta.
Na semana passada, Haddad propôs um pacote de R$ 242,7 bilhões com o objetivo de melhorar as contas públicas deste ano. Segundo o chefe da equipe econômica, as medidas seriam suficientes para reverter o déficit e recolocar o país no azul em 2023.
“O ministro disse que acha isso, mas ele afirmou que tudo depende do que o presidente acha. Tem que ver o que o presidente vai definir”, observa.
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Ao ser questionado sobre a trajetória da Selic e uma possível queda neste ano, o ex-diretor do BC afirmou que primeiro será preciso olhar como está o núcleo da inflação – para descontaminar os efeitos transitórios.
Nesse sentido, ele avalia que o núcleo da inflação não está se “comportando mal” e que tem “melhorado”.
Outro aspecto que deve ser olhado pelo BC para definir se há espaço para o corte de juros é verificar as expectativas futuras de inflação, que estão desancorando. De acordo com o Relatório Focus divulgado na última segunda-feira (16), agora economistas consultados pelo BC esperam que o IPCA encerre este ano em 5,39%, acima dos 5,17% vistos quatro semanas antes.
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A piora também foi sentida nas projeções para a inflação em 2024, 2025 e 2026, que avançaram de 3,50%, 3,10% e 3,00%, nessa ordem, para 3,70%, 3,50% e 3,22%, respectivamente. “Isso exige cautela na gestão da Selic de curto prazo para não contaminar as expectativas [futuras] de inflação”, alerta.
Já ao comentar sobre o câmbio, o executivo chama atenção para o fato de que o real poderia estar valendo algo em torno de R$ 4,80, por exemplo, seguindo a tendência de queda do dólar frente a outras moedas neste ano.
“O dólar lá fora caiu muito, algo entre 10% a 15%, de outro para cá. O real poderia estar a R$ 4,80, por exemplo, num contexto diferente, o que ajudaria a inflação e o Banco Central”, pondera.
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Olho no mundo
Já ao avaliar as pressões inflacionárias ao redor do mundo, o sócio da Ibiuna acredita que o momento atual é de transição. Ou seja, de saída de um momento de aceleração e maior preocupação com a inflação para um período em que haverá uma queda das incertezas inflacionárias – o que pode ocorrer no segundo semestre deste ano.
“A gente talvez veja uma queda da incerteza inflacionária no segundo semestre e consiga entrar no ano que vem com uma inflação cadente e indo para as metas dos bancos centrais”, afirmou o ex-diretor do BC.